O Congresso de Medicina Popular de Vilar de Perdizes, em Montalegre, «é uma escola que não pode encerrar nunca», considerou o seu mentor, o padre António Fontes. Apesar da crise económica, o congresso fechou com um balanço «extremamente positivo» com «imensos» visitantes.
«O congresso é uma escola de sabedoria popular que não pode fechar porque é útil, rico e importante», frisou o sacerdote, de 73 anos.
Regra geral, disse, as escolas encerram porque não têm alunos, mas o congresso, que é uma escola da medicina popular, chás e ervas, tem de continuar aberto porque tem gente interessada, divulga o poder e importância das plantas e defende a natureza.
Criado por si em 1983, com o objectivo de divulgar a cultura e sabedoria de Barroso e dar a conhecer a medicina popular e os seus benefícios, o padre António Fontes compara o congresso à «escola da vida» onde o saber e a aprendizagem não se esgotam «nunca».
E, acrescentou, «podemos mesmo transformar Vilar de Perdizes na Rainha da Fitoterapia em Portugal, por isso, o congresso tem pernas para andar».
Cansado pela idade e pela doença de Parkinson, o pároco realçou que, este ano, contou com a colaboração da Associação de Defesa do Património de Vilar de Perdizes na organização do evento.
«O envolvimento das pessoas é sinal de que reconhecem ao congresso mérito e importância, pelo que não o querem deixar morrer», salientou.
As gentes desta aldeia de Trás-os-Montes, afirmou o padre, já têm noção que os quatro dias do congresso são os «mais importantes» do ano porque atraem gente e negócio.
«Ainda estão muito encostados a mim, mas, aos poucos, vão pondo a mão na massa», realçou.
Este ano, como forma de agradecer ao padre por ter tirado a aldeia do anonimato, a população de Vilar de Perdizes ofereceu-lhe um busto em granito.
O congresso, que conta 27 edições em 30 anos, tem, na opinião de Fontes, sucesso garantido devido à curiosidade e fascínio dos portugueses pelos temas do oculto e do místico, condenáveis pela igreja, ciência e poder.
As pessoas que vêm a Vilar de Perdizes, explicou, fazem-no à procura de respostas a problemas de saúde aos quais a ciência, por vezes, não apresenta soluções.
«Não é só a ciência que cura. A religião e a ervanária também curam se as pessoas tiverem crença», realçou.
Apesar da crise económica, a «alma» do congresso avançou que, este ano, o balanço é «extremamente positivo» com «mais expositores» do que o previsto e «imensos» visitantes.
Durante quatro dias, Vilar de Perdizes foi local de encontro de bruxos, cartomantes, videntes, astrólogos e exorcistas que ofereceram massagens, ervas para os males, licores afrodisíacos, fotografias da aura e sessões de hipnose regressiva.
Além disso, um misto de investigadores, especialistas de medicinas alternativas e doenças da mente e do espírito debateram temas como o exorcismo, tanatologia, reumatismo, ataques de pânico e novas plantas medicinais.
Lusa
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