| Vista Geral de Aveleda |
Aveleda é uma aldeia sede de Freguesia do Concelho e Distrito de Bragança, fica junto à orla setentrional fronteiriça num pequeno vale rodeado de colinas em pleno Parque Natural de Montesinho, nos limites com a vizinha Espanha. Distando sensivelmente a treze quilómetros para o nordeste de Bragança, com uma área cerca de 6.463 ha.
É caracterizada na sua generalidade por uma topografia algo acidentada, em zona planáltica, com altitude media acima dos 500 metros.
Atravessada por 2 cursos de água orientados de norte para sul, estão as pequenas ribeiras:
Igrejas, que atravessa a aldeia anexa de Varge e Pepim que atravessa a aldeia de Aveleda, ambas nascidas na serra de Pedralba – calabor (Espanha) e afluentes do rio Sabor. Ambas têm sobre si pontes. A ponte que atravessa o rio Pepim em Aveleda é toda construída a pedra e data de 1952.
A Freguesia de Aveleda é constituída pela aldeia de Aveleda, cujo topónimo parece ter várias explicações. Por um lado, há estudiosos que aventam tratar-se de um nome romano – Avé Leda – que quereria dizer local belo. Outros são de opinião que Veleda era, para os Visigodos e Suevos ( Séc. IV ), uma sacerdotisa muito importante e venerada. Pessoas versadas nestes assuntos, afirmam que o nome provém de Aveleda, ou seja, ave feliz. O que é certo é que o nome só aparece pela 1ª vez aquando das inquirições de 1250 do rei D. Afonso III. Esta lacuna informativa deve ter a ver com o facto de Aveleda ter estado sob o domínio dos mosteiros espanhóis de Moreirola e de San Martin de Castanheda. A título de curiosidade, refira-se que o célebre Abade de Baçal foi aqui pároco entre 1896 e 1910, fazendo sempre os percursos a pé, o qual nos deixou muitos escritos sobre esta Freguesia nas suas conhecidas e prestigiadas Memórias Arqueológico – Históricas do Distrito de Bragança – 12 tomos, e pela aldeia anexa: Varge, cujo termo vem de varzena e varcena, que na documentação medieval aparecem para designar terreno baixo, algadiço, pantanoso, e ainda água do rio represada por açudes artificiais ou naturais. Aos poços destas represas o povo chama varja e varjas – armadilhas para apanhar peixes. (Abade de Baçal, Tomo X, pp.166.).
| Fonte da Burra de Aveleda |
Segundo os Censos (2001) a população residente é de 251 habitantes (contra 335 em 1991), o que em 10 anos perdeu cerca de 25% da sua população.
O orago da aldeia de Aveleda é o S. Cipriano ou S. Ciprião de Aveleda, anexa à Abadia de Santo André de Meixedo, que passou mais tarde a reitoria independente, ficando-lhe unida a antiga paróquia de S. Miguel da aldeia anexa de Varge, que era também anexa à Abadia de Meixedo, celebrado anualmente no dia 16 de Setembro.
A igreja matriz fica numa pequena elevação e, provavelmente, data do Séc. XVIII. Outros valores patrimoniais edificados, estes de relevante interesse etnográfico, destacam-se: a Capela de S. Sebastião com festa a 20 de Janeiro, altura em que se arrematam as chouriças, salpicões, alheiras, orelhas de porco, galinhas, ovos...; A Fonte da Pinela, a Fonte d`Aldeia – antigamente era subterrânea, hoje, depois de restaurada, jorra água e detêm sobre si uma burra – símbolo da Freguesia; Numerosos pombais com sua característica arquitectura, alguns moinhos de água e uma forja de ferro comunitário, esta ultima está desactivada, devido à morte do último ferreiro.
Uma das raras reminiscências comunitárias da Aveleda é um moinho de água que se encontra em laboração.
No aspecto económico, predomina uma agricultura de subsistência, registando-se quanto às produções agrícolas o centeio, batata, couves, castanhas. A nível pecuário, existe somente um rebanho de ovelhas, algumas burras e vacas, e cada família normalmente possui porcos, galinhas, patos, que constituem a base da alimentação. A caça e a pesca são desportos muito apreciados e muito concorridos. Na caça predominam como espécies cinegéticas interessantes de caça menor: o coelho, a lebre e a perdiz e de caça maior: o Javali, o Veado e a Corça. Na pesca os rios são muito ricos em Trutas Farium, Escalos, Bogas e Barbos.
Uma das tradições do passado e ainda realizada actualmente tanto em Aveleda como em Varge, é a Festa dos Rapazes. As primeiras referências às festas dos rapazes, chegaram até nós pelo erudito Abade de Baçal: “os moços solteiros de 16 anos para cima, juntam-se no dia 26 de Dezembro, festa de S. Estevão, chamam um gaiteiro para os acompanhar na estúrdia, comem uma vitela comprada com o produto de trabalhos agrícolas, geralmente malhadas (debulha de centeio)...» (Abade de Baçal, 1977:289).
Paula Godinho – Professora de Antropologia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, adianta que “as festividades reconstituem o todo da aldeia, esbatem as rivalidades e iniciam os moços nas suas responsabilidades. Todos concordam que o povo só existe com a sua mocidade. Esta é uma das formas de perpetuar a memória colectiva e garantir o futuro da aldeia.”
| Casa do Povo |
A festa dos rapazes, inicia-se no dia de Todos-os-Santos, 1 de Novembro. Neste dia todos os rapazes solteiros se reúnem para a recolha da lenha num terreno baldio. A lenha é rematada mais tarde na aldeia e o dinheiro da arrematação serve para os preparativos da festa.
Entre as várias tarefas entregues aos mordomos estão incluídas a procura das cozinheiras, a compra da comida e bebida, a organização das rondas.
A antiga casa do padre, abandonada depois da morte do último sacerdote residente na aldeia, é o ponto de encontro dos rapazes. Agora é uma espécie de habitação comunitária, onde se fazem reuniões e se deixam os materiais para a festa.
Entre muitas histórias contadas nesta Freguesia, existe uma que é considerada das lendas mais interessantes e curiosas. Conta-se que há muitos anos atrás, não existia ponte alguma para se fazer a travessia do rio Pepim, pelo que a solução encontrada para resolver o problema foi uma burra que pertencia a toda a aldeia e que passou a servir de transporte da população para lá do rio. Nesses tempos, era tradição nos casamentos oferecer aos noivos uma burra e um aixadão para trabalharem no carvão e assim governarem a vida, quando a única fonte de subsistência era o carvão, passava-se o dia a arrancar as cepas e a fazer o carvão, para no dia seguinte o ir vender a Bragança.
O percurso era feito a pé, muitas vezes com socos calçados, isto porque a burra ia carregada até não poder levar mais sacas, enterrando-se muitas vezes. Um belo dia, na praça do Mercado de Bragança, onde entre muitos estava uma carvoeira de Aveleda, aparece uma fidalga para comprar carvão. Como se via que a burra se tinha enterrado, a Fidalga perguntou-lhe: - Po onde lhe deu a água à burra? – Deu-lhe pela chávena onde a senhora toma o café – respondeu a carvoeira. – De onde é o carvão? – continuou a fidalga. – É d’ Ableda – tornou a carvoeira. – E a burra? Atirou a fidalga. – A burra tamém! Mas trouxe-a carregada e vim a cavalo da égua da sua mãe. Desta situação derivou a célebre frase, muito comum quando se fala da aldeia: “Sou da Ableda e a burra tamém”. De certo modo poderá estar ligada a esta lenda uma grande tradição na Freguesia: o uso destes animais, que carregados de sacos e alforges, transportam o carvão conseguindo através da
queima de cepas das urzes, plantas abundantes nesta região.
| Moinho |
Desde o dia 31 de Julho de 2001 que esta Junta de Freguesia passou a ter símbolos heráldicos, nomeadamente, o Brasão, Bandeira e Selo.
A descrição do Brasão é a seguinte: escudo de prata, uma burra passante de negro, com seu alforge de ouro; em chefe, um abanador de vermelho, entre dois carvões de negro, acessos de sua cor. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com legenda a negro: “AVELEDABRAGANÇA”.
Quanto à simbologia da burra, do abanador e carvão, a burra representa a lenda de Aveleda e as tradições da Freguesia, o abanador e o carvão representam o artesanato da Freguesia de Aveleda, assim como uma das suas maiores fontes de rendimento de outros tempos: o carvão.
in:cm-braganca.pt
Boa noite.
ResponderEliminarNa passada sexta-feira coloquei aqui um pedido de apoio relativo à Fonte da Pinela na Aveleda. Como desconfio que não accionei bem o envio, volto a enviar a mensagem pedindo desculpa se estou a ser inconveniente e agradecendo resposta mesmo que negativa. Obrigado.
«Sendo colaborador externo voluntário do Sistema de Informação para o Património Arquitectónico (DGPC), e estando neste momento a trabalhar nas fichas da UF de Aveleda e Rio de Onor solicito informação sobre se a Fonte da Pinela em Aveleda corresponde à que existe junto à EM 501 e que tem a burra sobre o espaldar. Caso não seja, poderá identificar a sua localização exacta através de coordenadas ou de outra forma?»
João Almeida
Contacto: j.sequeira.almeida@gmail.com
Obrigado
Bom dia João Almeida, como está?.
EliminarO amigo Henrique Martins fez-nos chegar, através de mail impresso, uma dúvida relativamente à Fonte da Pinela em Aveleda que passamos a esclarecer.
A fonte que existe junto a EM 501 que de facto tem a burra sobre o espaldar, não é a Fonte da Pinela, esta localiza-se num dos limites do perímetro urbano desta localidade, com as seguintes coordenadas:
Latitude: 41.892355°
Longitude: -6.696290°
Em anexo segue ficheiro *.Kmz. com a sua localização.
Para outros assuntos não hesite em nos contactar.
Com os melhores cumprimentos.
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O Presidente da Junta de Freguesia
Mário Francisco Gomes
Rua da Ponte n.º 8
5300-411 Aveleda
Telf: 273919399 Telm: 934967251
E-mail: ufaveledariodeonor@gmail.com
Nif: 510834760