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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Aldeia de Aveleda - Caracterização

Vista Geral de Aveleda
Aveleda é uma aldeia sede de Freguesia do Concelho e Distrito de Bragança, fica junto à orla setentrional fronteiriça num pequeno vale rodeado de colinas em pleno Parque Natural de Montesinho, nos limites com a vizinha Espanha. Distando sensivelmente a treze quilómetros para o nordeste de Bragança, com uma área cerca de 6.463 ha.
É caracterizada na sua generalidade por uma topografia algo acidentada, em zona planáltica, com altitude media acima dos 500 metros.
Atravessada por 2 cursos de água orientados de norte para sul, estão as pequenas ribeiras:
Igrejas, que atravessa a aldeia anexa de Varge e Pepim que atravessa a aldeia de Aveleda, ambas nascidas na serra de Pedralba – calabor (Espanha) e afluentes do rio Sabor. Ambas têm sobre si pontes. A ponte que atravessa o rio Pepim em Aveleda é toda construída a pedra e data de 1952.
A Freguesia de Aveleda é constituída pela aldeia de Aveleda, cujo topónimo parece ter várias explicações. Por um lado, há estudiosos que aventam tratar-se de um nome romano – Avé Leda – que quereria dizer local belo. Outros são de opinião que Veleda era, para os Visigodos e Suevos ( Séc. IV ), uma sacerdotisa muito importante e venerada. Pessoas versadas nestes assuntos, afirmam que o nome provém de Aveleda, ou seja, ave feliz. O que é certo é que o nome só aparece pela 1ª vez aquando das inquirições de 1250 do rei D. Afonso III. Esta lacuna informativa deve ter a ver com o facto de Aveleda ter estado sob o domínio dos mosteiros espanhóis de Moreirola e de San Martin de Castanheda. A título de curiosidade, refira-se que o célebre Abade de Baçal foi aqui pároco entre 1896 e 1910, fazendo sempre os percursos a pé, o qual nos deixou muitos escritos sobre esta Freguesia nas suas conhecidas e prestigiadas Memórias Arqueológico – Históricas do Distrito de Bragança – 12 tomos, e pela aldeia anexa: Varge, cujo termo vem de varzena e varcena, que na documentação medieval aparecem para designar terreno baixo, algadiço, pantanoso, e ainda água do rio represada por açudes artificiais ou naturais. Aos poços destas represas o povo chama varja e varjas – armadilhas para apanhar peixes. (Abade de Baçal, Tomo X, pp.166.).
Fonte da Burra de Aveleda
Segundo os Censos (2001) a população residente é de 251 habitantes (contra 335 em 1991), o que em 10 anos perdeu cerca de 25% da sua população.
O orago da aldeia de Aveleda é o S. Cipriano ou S. Ciprião de Aveleda, anexa à Abadia de Santo André de Meixedo, que passou mais tarde a reitoria independente, ficando-lhe unida a antiga paróquia de S. Miguel da aldeia anexa de Varge, que era também anexa à Abadia de Meixedo, celebrado anualmente no dia 16 de Setembro.
A igreja matriz fica numa pequena elevação e, provavelmente, data do Séc. XVIII. Outros valores patrimoniais edificados, estes de relevante interesse etnográfico, destacam-se: a Capela de S. Sebastião com festa a 20 de Janeiro, altura em que se arrematam as chouriças, salpicões, alheiras, orelhas de porco, galinhas, ovos...; A Fonte da Pinela, a Fonte d`Aldeia – antigamente era subterrânea, hoje, depois de restaurada, jorra água e detêm sobre si uma burra – símbolo da Freguesia; Numerosos pombais com sua característica arquitectura, alguns moinhos de água e uma forja de ferro comunitário, esta ultima está desactivada, devido à morte do último ferreiro.
Uma das raras reminiscências comunitárias da Aveleda é um moinho de água que se encontra em laboração.
No aspecto económico, predomina uma agricultura de subsistência, registando-se quanto às produções agrícolas o centeio, batata, couves, castanhas. A nível pecuário, existe somente um rebanho de ovelhas, algumas burras e vacas, e cada família normalmente possui porcos, galinhas, patos, que constituem a base da alimentação. A caça e a pesca são desportos muito apreciados e muito concorridos. Na caça predominam como espécies cinegéticas interessantes de caça menor: o coelho, a lebre e a perdiz e de caça maior: o Javali, o Veado e a Corça. Na pesca os rios são muito ricos em Trutas Farium, Escalos, Bogas e Barbos.
Uma das tradições do passado e ainda realizada actualmente tanto em Aveleda como em Varge, é a Festa dos Rapazes. As primeiras referências às festas dos rapazes, chegaram até nós pelo erudito Abade de Baçal: “os moços solteiros de 16 anos para cima, juntam-se no dia 26 de Dezembro, festa de S. Estevão, chamam um gaiteiro para os acompanhar na estúrdia, comem uma vitela comprada com o produto de trabalhos agrícolas, geralmente malhadas (debulha de centeio)...» (Abade de Baçal, 1977:289).
Paula Godinho – Professora de Antropologia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, adianta que “as festividades reconstituem o todo da aldeia, esbatem as rivalidades e iniciam os moços nas suas responsabilidades. Todos concordam que o povo só existe com a sua mocidade. Esta é uma das formas de perpetuar a memória colectiva e garantir o futuro da aldeia.”
Casa do Povo
A festa dos rapazes, inicia-se no dia de Todos-os-Santos, 1 de Novembro. Neste dia todos os rapazes solteiros se reúnem para a recolha da lenha num terreno baldio. A lenha é rematada mais tarde na aldeia e o dinheiro da arrematação serve para os preparativos da festa.
Entre as várias tarefas entregues aos mordomos estão incluídas a procura das cozinheiras, a compra da comida e bebida, a organização das rondas.
A antiga casa do padre, abandonada depois da morte do último sacerdote residente na aldeia, é o ponto de encontro dos rapazes. Agora é uma espécie de habitação comunitária, onde se fazem reuniões e se deixam os materiais para a festa.
Entre muitas histórias contadas nesta Freguesia, existe uma que é considerada das lendas mais interessantes e curiosas. Conta-se que há muitos anos atrás, não existia ponte alguma para se fazer a travessia do rio Pepim, pelo que a solução encontrada para resolver o problema foi uma burra que pertencia a toda a aldeia e que passou a servir de transporte da população para lá do rio. Nesses tempos, era tradição nos casamentos oferecer aos noivos uma burra e um aixadão para trabalharem no carvão e assim governarem a vida, quando a única fonte de subsistência era o carvão, passava-se o dia a arrancar as cepas e a fazer o carvão, para no dia seguinte o ir vender a Bragança.
O percurso era feito a pé, muitas vezes com socos calçados, isto porque a burra ia carregada até não poder levar mais sacas, enterrando-se muitas vezes. Um belo dia, na praça do Mercado de Bragança, onde entre muitos estava uma carvoeira de Aveleda, aparece uma fidalga para comprar carvão. Como se via que a burra se tinha enterrado, a Fidalga perguntou-lhe: - Po onde lhe deu a água à burra? – Deu-lhe pela chávena onde a senhora toma o café – respondeu a carvoeira. – De onde é o carvão? – continuou a fidalga. – É d’ Ableda – tornou a carvoeira. – E a burra? Atirou a fidalga. – A burra tamém! Mas trouxe-a carregada e vim a cavalo da égua da sua mãe. Desta situação derivou a célebre frase, muito comum quando se fala da aldeia: “Sou da Ableda e a burra tamém”. De certo modo poderá estar ligada a esta lenda uma grande tradição na Freguesia: o uso destes animais, que carregados de sacos e alforges, transportam o carvão conseguindo através da
queima de cepas das urzes, plantas abundantes nesta região.
Moinho
Desde o dia 31 de Julho de 2001 que esta Junta de Freguesia passou a ter símbolos heráldicos, nomeadamente, o Brasão, Bandeira e Selo.
A descrição do Brasão é a seguinte: escudo de prata, uma burra passante de negro, com seu alforge de ouro; em chefe, um abanador de vermelho, entre dois carvões de negro, acessos de sua cor. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com legenda a negro: “AVELEDABRAGANÇA”.
Quanto à simbologia da burra, do abanador e carvão, a burra representa a lenda de Aveleda e as tradições da Freguesia, o abanador e o carvão representam o artesanato da Freguesia de Aveleda, assim como uma das suas maiores fontes de rendimento de outros tempos: o carvão.

in:cm-braganca.pt

2 comentários:

  1. Boa noite.
    Na passada sexta-feira coloquei aqui um pedido de apoio relativo à Fonte da Pinela na Aveleda. Como desconfio que não accionei bem o envio, volto a enviar a mensagem pedindo desculpa se estou a ser inconveniente e agradecendo resposta mesmo que negativa. Obrigado.
    «Sendo colaborador externo voluntário do Sistema de Informação para o Património Arquitectónico (DGPC), e estando neste momento a trabalhar nas fichas da UF de Aveleda e Rio de Onor solicito informação sobre se a Fonte da Pinela em Aveleda corresponde à que existe junto à EM 501 e que tem a burra sobre o espaldar. Caso não seja, poderá identificar a sua localização exacta através de coordenadas ou de outra forma?»
    João Almeida
    Contacto: j.sequeira.almeida@gmail.com
    Obrigado

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    Respostas
    1. Bom dia João Almeida, como está?.
      O amigo Henrique Martins fez-nos chegar, através de mail impresso, uma dúvida relativamente à Fonte da Pinela em Aveleda que passamos a esclarecer.
      A fonte que existe junto a EM 501 que de facto tem a burra sobre o espaldar, não é a Fonte da Pinela, esta localiza-se num dos limites do perímetro urbano desta localidade, com as seguintes coordenadas:
      Latitude: 41.892355°
      Longitude: -6.696290°
      Em anexo segue ficheiro *.Kmz. com a sua localização.

      Para outros assuntos não hesite em nos contactar.
      Com os melhores cumprimentos.

      --
      O Presidente da Junta de Freguesia
      Mário Francisco Gomes
      Rua da Ponte n.º 8
      5300-411 Aveleda
      Telf: 273919399 Telm: 934967251
      E-mail: ufaveledariodeonor@gmail.com
      Nif: 510834760

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