No decurso dos três primeiros séculos da era cristã, houve lapsos em que as perseguições contra os cristãos se amainavam. Um destes ocorreu durante o reinado de Alexandre Severo (222-235), imperador magnânimo e amigo das letras. Mesmo assim, nos períodos de trégua, os cristãos deviam agir com prudência e com cautela, porque, ainda que o ímpeto das perseguições estivesse menos intenso, sempre havia um ou outro sectário fanático dos ídolos pronto a denunciar os cristãos.
Foi em Nicomédia (hoje Izmit), capital da antiga província romana da Bitínia (território actualmente integrando a Turquia), que se desenrolaram a vida e o martírio de Bárbara. No que concerne especificamente à vida da santa, os autores são muito concisos.
Bárbara era filha única de Dióscoro, um rico comerciante. Ambos eram pagãos!
Cioso da beleza da filha e para que ela não tivesse contacto com algum jovem estranho ao tipo que ele pretendia para esposo da filha, e, de outro lado, para que não sofresse a influência do Cristianismo, odiado por ele, Dióscoro mandou construir uma torre em sua propriedade. Para lá transferiu Bárbara. Para vigiá-la, colocou pajens e damas de companhia leais a ele, alegando que a filha precisava de recolhimento para entregar-se aos estudos. Ao que parece não era um homem ruim, mas ignorante e pagão fanático.
Este, após providenciar a instalação da moradia de Bárbara na torre, partiu para longa viagem de negócios pelas ilhas do mar Egeu. Permaneceu fora de casa por um ano.
Entrementes, o velho cristão preceptor de retórica, instruía Bárbara nas verdades cristãs, o que a levou a aceitar o cristianismo e a pedir e receber o baptismo.
Quando o pai voltou encontrou Bárbara na exuberância de seus 20 anos. Foi, porém, informado das transformações ocorridas na vida da filha, incluindo sua esquivância pelo casamento. Temeroso que a substituição das estátuas das divindades pagãs por outros símbolos estranhos, - os símbolos cristãos -, acarretasse a ira dos deuses, repreendeu severamente a filha.
Bárbara, conhecendo o génio iracundo do pai, foge de casa, mas, logo em seguida, é reencontrada. Sabendo pela própria filha que ela se tornara cristã, acusou-a perante as autoridades e, às mesmas, entregou a filha para ser presa.
Houve fracassadas tentativas para fazê-la mudar de ideia, incluindo torturas horríveis: dilacerações do corpo com garras de ferro, brasas ardentes sobre os rins, seios arrancados com tenazes. Bárbara, todavia, permanecia impassível. Foi, então, condenada à decapitação.
Alguns dizem que o próprio Dióscoro teria pedido ao governador Marciano para ser o executor da sentença. Outros que o governador - surpreso diante da obstinação de Bárbara - teria insinuado que o pai, o principal acusador da filha, fosse também o seu algoz, o seu executor. Bárbara foi, então, decapitada pelo próprio pai, Dióscoro.
Conta-se que após a execução da mártir, no alto de uma colina, tremenda tempestade abateu-se sobre o local. Naquele instante, o pai-algoz foi atingido por um raio, tendo morte instantânea.
Por isso, devido às circunstâncias em que ocorreu o martírio de Bárbara, a santa é invocada contra tempestades, temporais e tormentas.
O martírio de Bárbara aconteceu em Nicomédia, ao 04 de Dezembro, provavelmente em 235, primeiro ano do reinado do cruel Maximiano.
A santa era estranha à vida militar. No seu tempo, as armas de arremesso eram incipientes e movidas tão somente pelo esforço mecânico, como o arco, a funda, a catapulta.
A pólvora só passou a ser usada como força propulsora no século XIV. Seu emprego balístico para accionar peças de artilharia verificou-se somente na defesa de Cambrai em 1339 e na batalha de Crécy em 1346.
Nesta época, estavam em voga as ordens militares, exaltando o espírito cavaleiresco dos homens de farda.
Todas as corporações escolhiam, elegiam um patrono, um santo que houvesse pertencido à carreira das armas.
Os artilheiros quiseram também escolher um orago para sua arma tonitruante.
Para eles, então, nenhum santo varão, nenhum militar ilustre pareceu tão digno da escolha, quanto a valorosa jovem mártir Bárbara.
Aos artilheiros a razão da escolha pareceu óbvia: era crença, na época, que a valorosa mártir regulava e moderava a acção dos raios e das tormentas, à semelhança dos artilheiros que regulam o manejo dos canhões e dos obuses.
A Sua festa é celebrada ao 04 de Dezembro, data provável do seu martírio
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