Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
…às vezes ainda se ouve uma música distante como as gélidas manhãs deste dezembro cinza… e o desejo fica sem asas à beira do lume que mal aquece este frio que se sente e dói…
… de novo o corpo arrefece… mais e mais… e os dedos enregelados alongam-se nesta ausência da arpa dedilhada que se calou no último gemido da corda partida à beira da ternura.
… e os teus lábios ausentes secam na recordação dos rios infindos que inventamos junto das pontes que não tinham começo, nem fim.
Ficam as memórias dos lagos onde mergulhamos os pés que já sangravam de tantos caminhos onde nos perdemos.
…aperto o sobretudo e tudo fica ainda mais cinzento que os pálidos lírios que murcharam à beira dum verão longínquo e imaginário… e vou perseguindo os sonhos.
Olha, quando puderes diz-me uma coisa bonita!...
…e se ainda puderes acende o lume… arrefece!
Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança.
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.
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