Muitas tradições se vão perdendo em Trás-os-Montes! É o caso daquela que é conhecida como a festa do “pau das almas”. Os rapazes na manhã do feriado de 1 de novembro (dia de todos os santos), iam ao monte cortar e apanhar um carro de lenha, que à tarde era leiloada no adro da igreja, sendo a receita aplicada no dia seguinte (dia de fiéis e defuntos) na celebração de missas e ofícios em memória das almas do Purgatório. Mantém-se ainda o “pão das almas” e o “pão do defunto”. O primeiro é uma esmola distribuída, no dia dos fiéis e defuntos, aos pobres que se concentram à porta do cemitério a rezar pelas almas do Purgatório. O segundo é uma última refeição que o falecido “oferece” às pessoas que se incorporaram no seu funeral, em jeito de agradecimento pelas preces de cada um, que “o ajudarão a tornar mais leves as suas penas no Além”.
Em muitas aldeias persiste a crença nas “procissões das almas”, um desfile macabro, que sai à meia-noite do adro da igreja e percorre, de cruzeiro em cruzeiro, as ruas e caminhos da povoação. Esta procissão anuncia a morte próxima de um vizinho. Crê-se também que as almas surgem aos vivos, sob formas diversas (gritos, suspiros, gemidos, redemoinhos, animais…), em apelo pelo cumprimento de preces e promessas não cumpridas. E que os vivos, perante tal visão, devem fazer o sinal da cruz e dizer: “Se és alma do outro mundo, diz ao que vens; se és o demónio, vai bater a outra porta”, ou então: “Se és alma do outro mundo, diz ao que vens; se não és, vai para o raio que te parta!”
(Fonte: PARAFITA, A. – O Maravilhoso Popular, Lisboa, Plátano Editora, 2000)
Número total de visualizações do Blogue
Pesquisar neste blogue
Aderir a este Blogue
Sobre o Blogue
SOBRE O BLOGUE:
Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço.
A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)
(Henrique Martins)
COLABORADORES LITERÁRIOS
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário