sexta-feira, 12 de junho de 2015

Transferências de jovens entre instituições de acolhimento preocupam responsáveis

No país, cerca de 40% das crianças institucionalizadas passa por mais de uma casa de acolhimento.
Para Carlos Peixoto, director do Núcleo de Infância e Juventude do Centro Distrital de Segurança Social do Porto, a intenção mais imediatista de resolver os problemas de comportamento não tem os melhores resultados.
As declarações foram avançadas no seminário sobre “Acolhimento terapêutico: (Re)construções de Vida”, inserido nas comemorações dos 75 anos da Fundação Casa de Trabalho. 
De acordo com o responsável, as transferências podem significar um duplo abandono para os jovens institucionalizados. “Pode haver um duplo abandono, muitas vezes quando reagimos ao comportamento, como não vamos conseguir sucesso, se reagirmos ao comportamento não vamos resolver, isso só acontece se viermos atrás. Caso contrário muitas vezes depois há as transferências das crianças entre instituições. E mais uma vez a criança vai passar por uma experiência traumática por um luto e por uma perda” destaca o responsável. 
Carlos Peixoto defendeu ainda que é necessária formação para quem trabalha com estes jovens, como técnicos, cuidadores e equipas de apoio, para que possam responder aos seus processos traumáticos. Também muitas vezes negligenciadas são a aprendizagem e o sucesso escolar de crianças institucionalizadas. 
A ideia é sustentada num estudo apresentado por Luísa Trigo, da Universidade Católica do Porto, que revela que 70% dos jovens inquiridos já tinham experiência de retenção. “É uma dimensão que por um lado é crítica, muito importante, mas é muitas vezes negligenciada. Na área escolar às vezes nem se espera muito destas crianças e jovens. É importante trabalhar com eles projectos educativos mais ambiciosos, para poderem chegar mais longe”, sustenta a investigadora. 
Foi ainda defendido que o trabalho para promover melhores resultados escolares das crianças que vivem nas instituições deve ser feito em rede entre as várias entidades que trabalham com os jovens. 

Escrito por Brigantia

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