Em noites límpidas de estio quente, o povo observa, curioso, a abóbada celeste, procurando nos astros a resolução de alguns fenómenos, os sinais da marcação do tempo e das mudanças da temperatura. Assim, a lua nova, com as pontas para cima e seguindo a direcção de noroeste, é, encharcada, sinal de tempo húmido; envolta em um círculo de nuvens rarefeitas, é certa a chuva; quando nasce a lua cheia de côr amarelo vivo, é prenúncio de ventos e tempestades; seguindo a direcção sudoeste e oeste, é de bom tempo; o «arado» (ursa menor; o povo dá às estrêlas o nome dos objectos usuais que com elas têm configuração) marca as horas de dormir, o sete-estrêlo põe têrmo à «ronda» da noite e ao «fiadeiro». A estrêla da manhã é olhada com muito respeito e veneração. Quando pequeno me levavam às novenas de N. S.a dos Remédios de Tuizelo, na madrugada dos primeiros dias de Setembro, observei frequentes vezes as mulherzinhas a rezar à Virgem ao vê-la, e tenho observado hoje que quando vêem pela primeira vez a lua nova e vêem fugir uma estrêla cadente rezam uma Salvè-Rainha e esta oração:
Estrêla brilhante,
qu’ó céu subistes,
e menino achastes;
quem seria, quem não seria,
Filho da Virgem Maria,
cobertinho c’um véu,
levai a minh’alma
d’reitinha p’ró céu
(Salvè-Raínha).
A via láctea é a estrada de Sant’Iago, caminho que têm de seguir as almas que, em vida, não visitaram Sant’Iago de Compostela e o túmulo do apóstolo S. Pedro em Roma. E contam:
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Fonte:MARTINS, Pe. Firmino Folklore do Concelho de Vinhais. Vol. 1
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