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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

As almas a penar

Local: VINHAIS, BRAGANÇA

Em uma noite de, frio inverno alguém passou junto do adro da igreja, e, sentindo passos cadenciados, espreitou, curioso, vendo duas fileiras de mulheres velhas e novas, trajando umas pesado luto, outras vestidas de branco; e, parecendo-lhe ver no meio delas um ente querido, seguiu-as até às portas da igreja. Porém, a última a entrar, ao fechá-las, olhou para trás e disse-lhe: vai-te embora, deixa em paz os mortos!...» Na noite seguinte, mais curioso ainda, voltou ao adro, tendo visto a mesma scena da noite anterior. Cheia de coragem aproximou-se, reconhecendo o lindo rosto de uma irmãzinha falecida havia poucos anos. Vindo à fala, pediu-lhe que o deixasse ir com ela; e, tomando-o pelo braço, levou-o comsigo. Fechadas as portas, ainda pôde ver, ao frouxo clarão da alâmpada, abrir-se o soalho da capela-mor, e descerem longa escadaria, que os levou a uma galeria profunda cheia de denso fumo de cheiro acre. 
 — Que é isto? Preguntou. 
 — «É o purgatório; êste fumo vem do inferno; é aqui que as almas se purificam, e daqui saem a penar uma boa parte do ano pela terra». O cheiro era insuportável, julgou asfixiar. Pediu à companheira que o guiasse até à saída; mas esta disse-lhe: «espera que venham outras almas a penar e segue-as; não te reconhecerão». Decorridos momentos, que lhe pareceram séculos, passou outra multidão de almas e seguiu-as. Ao transpor o limiar das portas da igreja, ouviu uma voz que lhe dizia: «vai, e não voltes aqui, diz ao mundo o que sofremos».
Gifs animados Fantasmas (1)

Fonte:MARTINS, Pe. Firmino Folklore do Concelho de Vinhais. Vol. 1

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