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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 5 de junho de 2016

Memórias Orais: Dulce Pires

Foi professora aos 23 anos. Seguiu os passos da mãe no gosto pelo ensino. Num tempo em que as escolas nas aldeias conheceram muitas crianças, ainda que os recursos fossem escassos. “Naquele tempo havia muitas crianças, gente pobre mas humilde, nunca tive problemas”. Foi numa aldeia de Mirandela que Dulce Pires deu as primeiras aulas, e era ali que as crianças se esqueciam dos tempos difíceis e começavam a preparar uma vida que se queria diferente.
Do ritmo da vida de cidade a que se habituou enquanto tirou o curso, Dulce teve que conhecer a vida do interior do nordeste transmontano, onde os recursos chegavam sempre mais tarde. “Os senhores ricos é que tinham o poder na mão, o resto do povo não. Nessas aldeias ainda não havia saneamento nem havia água canalizada, eu tinha que ter uma empregada para me fazer o serviço, tinha uma empregada que me ia buscar água à fonte e nós tomávamos banho”. 
Nos tempos livres falava com os pais dos alunos que por vezes a convidavam para almoçar e era aos filhos deles que Dulce enxugava a roupa, no Inverno, numa “fogareira” que também servia para aquecer as salas. 
Aos 79 anos Dulce Pires viu como os tempos mudaram de forma expressiva. Concentraram-se os recursos mas isso não chegou para se “agarrar” a juventude. Do futuro de Lagoaça, onde agora vive, não sabe. As escolas cheias de crianças não existem e o infantário também fechou. Assistiu ao esvaziamento de todas elas sem nada poder fazer. Hoje, já só se lembra das saudades que tem da sua escola.

Texto: Joana Vargas


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