Moço da câmara do infante D. Francisco, irmão de el-rei D. João V. Barbosa, na Biblioteca Lusitana, e Inocêncio F. da Silva, no Dicionário Bibliográfico, dizem ignorar a sua naturalidade e data do nascimento e óbito, conjecturando, porém, este último fosse natural de Lisboa; todavia, a julgar pelo que fica dito no artigo Sousa (Manuel Pimentel de) e pelo mais aqui mencionado, parece ser natural ou oriundo do distrito de Bragança.
Escreveu:
Colecção política de vários apoftegmas – Parte primeira. Lisboa, 1720, e segunda vez, idem, 1732 (Barbosa diz 1733). 8.º de XVI-283-291-312 págs.
Colecção moral de vários apoftegmas – Parte segunda. Lisboa, 1720. 8.º, e segunda vez, idem, 1773. 8.º de CIV-279-286 págs.
Saíram reunidas ambas as partes, com a indicação de «Novamente impressas correctas e ilustradas». Coimbra, 1761. Dois tomos in-4.º com VIII-462 e VIII-464 págs.
Pinheiro Chagas chama-lhe «escritor notável».
Manuel de Morais Supico foi o fundador do altar do Espírito Santo na catedral de Goa, e no pavimento da capela onde está esse altar lê-se o epitáfio do fundador, que diz:
Sepultura de Manoel / de Moraes Capico / fidalgo da Casa de Sua / Magestade Commendador da / Ordem de Christo e Senhor da / villa de São Seriz e / de seus erdeiros. Falleceu na era de 1630 a 17 de Maio servindo / autoalmente de Provedor da Santa Casa da Misericordia.
Na parede da mesma capela, lado da Epístola, há outra lápide de pedra preta, que foi dourada, encimada por um brasão de armas, e diz:
Nesta capella está instituido hum mor / gado com huma missa cotediana e ou / tras condições declaradas no / vinculo do dito morgado. Nella / está sepultado Manoel de Moraes / Capico seu primeiro instituidor natural de Tralos Montes fidalgo da Casa de Sua Magestade commendador do abito de Christo e Senhor da villa de S. Seriz. Foi / vreador nesta cidade de Goa. Falleceo / sendo autualmente Provedor da Santa Misericordia / em 17 de Maio de 1630. Pertence esta / capela ao morgado e aos erdeiros do / dito defunto.
Baseado nestas inscrições, supomos que o escritor acima mencionado fosse desta família e natural de S. Seriz, no concelho de Macedo de Cavaleiros.
Na primeira parte da sua obra, livro I, págs. 28, 38, 50, 59, 74, 87 e outras; no livro II, págs. 3, 28, 43 e outras, e no III, págs. 5, 57, 60 e outras, fala num seu tio, o padre-mestre Fr. José Supico, pregador da capela, que viveu pelos anos de 1680. Devia ser orador notável, pois achou modo de, em mais de cinquenta lugares da obra, inserir apoftegmas colhidos nos sermões do frade.
Além disso, no livro II, parte primeira, pág. 18, e no III, pág. 223, aponta dois sonetos de seu avô, o doutor Luís Supico de Morais, membro da Academia, a julgar pelo que diz.
No Tombo dos bens do Cabido de Miranda, feito em 1691, fólio 115 v., manuscrito existente no Museu Regional de Bragança, vem mencionado um indivíduo de nome André de Morais Supico, cura de S. Seriz. A 5 de Agosto de 1804 faleceu em S. Pedro da Silva, concelho do Vimioso,Manuel Supico. O apelido Supico ainda hoje permanece no distrito de Bragança.
Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança
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