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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

D. PEDRO V E A CAIXINHA VERDE

Por Humberto Pinho a Silva
(colaborador do Memórias...e outras coisas)
Apesar de ser dos monarcas mais inteligentes do seu tempo, e o que mais trabalhou a favor da cultura, em Portugal (comparável ao Rei D. Duarte,) é, para muitos, quase desconhecido.
Durante os curtos anos que esteve à frente da Nação, foram inaugurados os primeiros quilómetros da linha férrea do Norte – 1856 (Lisboa - Porto); fundou-se o Curso Superior de Letras (1859); lançaram-se as primeiras linhas telegráficas (1855); e iniciou-se o primeiro-cabo submarino, entre Lisboa, Açores e Estados Unidos.
Mas, a meu ver, o que merece maior realce, foi o cuidado que teve de se manter sempre atualizado, e, principalmente, o esforço em defesa da liberdade.
A 24 de Março de 1856, D. Pedro, escreveu no seu diário: “…Não sou tão tolo que goste de meu ofício, mas hei-de trabalhar por ele, com zelo e com a perseverança, e fazer bem e florescer um pouco a moralidade.”
Os escrúpulos e o amor à verdade, levaram-no a tomar atitude inédita na política.
Diz Oliveira Martins: “Tinha em tanta conta os que o rodeavam, cria tanto neles, que mandou pôr à porta do seu palácio, uma caixa verde, cuja chave guardava, para que o seu povo pudesse falar-lhe com franqueza, queixar-se, acusar os crimes dos governantes.”
Dizem, que teve que a retirar, porque o povo ou os políticos (?), lançaram, em lugar de pedidos e queixas, insultos e palavras injuriosas.
É bem verdade: quando se pretende dar voz a quem não a tem, os “democratas” não gostam…
Aos 10 anos teve como mestra D. Maria Carolina Mishisch. Seguiu-se Martins Basto. Aprende latim. Com 6 meses de estudo, traduz Eutrópio e Fedro; e aos 12 anos, consegue verter, para a língua pátria, textos de Virgílio, Tito Lívio e Cícero.
Aprende depois: pintura, filosofia e línguas vivas.
Aos 17 anos (1854) viaja para: Inglaterra, Bélgica, Holanda, Alemanha e França; e no ano seguinte visita: Itália e Suíça. Não viaja para se divertir, mas para aprender e contactar com políticos e homens de cultura.
Lê imenso: livros e revistas generalistas e de economia.
Era de sensibilidade e dedicação invulgar: Quando o pai (Papá), como escreve no diário, estava doente, passava, grande parte do dia, junto do leito, lendo-lhe artigos publicados em jornais, para entretê-lo e para poder estar ao par do que se passava.
Quando a epidemia de Cólera (1855-56) se espalhou por Lisboa, seguido de Febre-amarela (esta iniciou-se no Porto,) parte da população da cidade foge para a província. D. Pedro não só recusa abandonar a Capital, como visita hospitais; entra nas enfermarias, e conversa infectuosamente com os doentes.
Sabendo que há muitas crianças órfãs, auxilia-as, correndo as despesas do seu próprio bolso:
Alves Mendes, na “ Oração Fúnebre”, nas exéquias do Rei, afirma a determinado passo: “ É em balde que alguém o aconselha para que mudasse de sistema. Não! Dizia ele a seus ministros: diante da crise que dizima meus povos, não será meu coração que descanse, nem meu braço que deixe de trabalhar! …”
Em meados de 1861, o Rei desloca-se para Vila Viçosa. Depois, de curta estadia, percorre várias localidades, sendo recebido acaloradamente pelo povo.
Chegado a Lisboa, sente-se mal, e faleceu, decorridos poucos dias (11 de Novembro de 1861, pelas 19H00)
Morreu viúvo e sem filhos. 
Foi casado com Dona Estefânia de Hollenzollern-sigmaringer, que faleceu um ano após ter realizado o matrimónio, deixando D. Pedro em profunda nostalgia.
Alexandre Herculano, assevera que o Rei, possuía alma pura e era de nobreza excecional. Por tudo isso ficou conhecido pelo cognome de “Muito Amado”. Por muito ter amado: a Pátria, e principalmente o povo humilde.

Humberto Pinho da Silva nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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