Número total de visualizações do Blogue

Pesquisar neste blogue

Aderir a este Blogue

Sobre o Blogue

SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Afinal, quem irá construir o Museu de Língua Portuguesa?

A proposta vencedora foi anunciada em Abril. Cinco meses depois, todos os projectos foram revistos por suspeita de quebra de anonimato, não se sabendo ainda afinal quem é o vencedor. A Câmara de Bragança corre o risco de ficar sem financiamento para o museu.
Por esta altura já devia existir um vencedor para o concurso público internacional do Museu de Língua Portuguesa, em Bragança. Depois de apresentadas as reclamações relativas ao primeiro relatório final do concurso, que anunciava a vitória para o projecto da NewsMuseum, a Câmara de Bragança contratou um consultor jurídico para verificar se a suspeita de infracção da regra de anonimato era verdadeira. O parecer, concluído em Agosto, veio confirmar a reclamação feita pela proposta classificada em segundo lugar, o que resultou num segundo relatório final de concurso apresentado na passada segunda-feira em reunião de Câmara. Contudo, este novo relatório, que veio trazer o segundo classificado para primeiro lugar, também é alvo de uma reclamação, desta vez, por parte do projecto da NewsMuseum, que pede a sua anulação.

Luís Paixão Martins, porta-voz da equipa da NewsMuseum, afirma que “esta decisão não é válida”, alegando que o parecer “tem alguma graça” porque “é um texto corrido em que elimina propostas”, sem “invocar leis”. Numa reclamação entregue na terça-feira à Câmara, a NewsMuseum defende que “o caderno de encargos que define o que é confidencialidade foi cumprido”, e que a proposta de Joaquim Portela, que ficou em segundo lugar, apresenta os mesmos problemas que as outras. A da NewsMuseum foi acusada de ter elementos que permitiam a identificação dos autores.

“A proposta do concorrente Joaquim Portela Arquitectos contém diversos elementos que infringem o anonimato por se encontrarem logo pela referência da proposta - 70 - que corresponde, precisamente, ao número da porta do seu atelier, e na propriedade dos respectivos documentos”, pode ler-se na reclamação. Sobre isto, Joaquim Portela afirma que “todas as propostas contêm elementos escritos, imagens ou desenhos, que por esse prisma identificavam a proposta”. “O que não era permitido no concurso era assinar as propostas. Imagine que eu no meu texto tinha usado uma linguagem diferente. Isso não identifica a proposta. O que identifica é eu assinar com o meu nome”, explica o arquitecto que acredita que a infracção da outra equipa “foi um lapso”, reiterando que escolheram o número 70 como podiam ter escolhido “o 60, 40 ou 27”. “Era livre”, afirma.

Incluída ainda na carta de reclamação do NewsMuseum está a referência à violação de independência do júri e do princípio da imparcialidade. Luís Paixão Martins acusa a Câmara de Bragança de favoritismo pelo segundo classificado após a revelação das identidades dos concorrentes, referindo o contrato entre a Câmara e a Joaquim Portela Arquitectos, em Fevereiro deste ano, para a aquisição de serviços para curadoria e elaboração de elementos para a exposição “Proporção e Desígnio” de Eduardo Souto Moura. “Temos, de facto, contratos com a Câmara, mas não temos nenhuma posição privilegiada”, contrapõe Joaquim Portela, afirmando que não ganhou o concurso e que, caso “não houvesse uma irregularidade, as coisas já estavam decididas”.

Ao PÚBLICO, o Presidente da Câmara de Bragança, Hernâni Dias, não prestou qualquer declaração, remetendo o assunto para o parecer jurídico emitido por Fernando Vilela Ventura, ao qual o jornal não teve acesso.

A reclamação do primeiro relatório
O concurso foi lançado a Dezembro do ano passado e, até Março, 18 equipas prepararam as suas propostas. Após a submissão de candidaturas, sete foram imediatamente excluídas devido a atrasos ou falta de documentação. Restaram, portanto, 11 propostas na disputa pelo projecto de construção do museu. Elaborado a 20 de Abril, o (primeiro) relatório final continha detalhes do concurso, como a identificação dos membros do júri, os parâmetros de avaliação das candidaturas e a tabela final com classificação dos vencedores, que neste documento ainda estavam codificados, devido à regra de anonimato. Duas semanas depois, na reunião de Câmara de 8 de Maio, a identidade dos vencedores foi revelada: em primeiro lugar, a equipa da NewsMuseum, associada à Nextpower- Comunicação e à ARC, que para além da construção do museu, ganhava a quantia de 25 mil euros, em segundo, com 15 mil euros, a Joaquim Portela Arquitectos e, em terceiro, a Oficina Ideias em Linha- Arquitectura e Design, com 5 mil euros.

Nesse mesmo relatório podia ler-se o parâmetro que levaria à reclamação: “Abertas as propostas, cada uma delas ficou automaticamente codificada e constatou-se que em nenhum dos documentos que as integravam, era permitida de qualquer forma ou modo determinar a identidade do respectivo autor”.

“Fizemos uma reclamação porque tínhamos esse direito”, explicou ao PÚBLICO Joaquim Portela, afirmando que tanto a proposta da NewsMuseum, como outras, tinham elementos identificativos nas propriedades do ficheiro. Apontando este incumprimento do regulamento do concurso como uma “realidade incontornável”, o arquitecto afirma não saber se os membros do júri viram a identificação dos concorrentes, mas atesta que as propostas não eram anónimas.

Confrontada com esta reclamação, a Câmara de Bragança contratou Fernando Vilela Ventura como consultor jurídico. Depois do parecer emitido pelo advogado, o júri do concurso voltou a reunir, desclassificando assim a equipa vencedora, bem como mais 8 propostas, por quebra da regra de confidencialidade, tendo também sido aprovado em reunião de Câmara a anulação do (primeiro) relatório final, bem como a consequente construção de um segundo relatório.

Na passada segunda-feira o (segundo) relatório final foi apresentado, classificando agora a Joaquim Portela Arquitectos como vencedora e desqualificando 13 dos 18 concorrentes iniciais, nove deles por quebra de anonimato.

Reprogramar o projecto para não perder financiamento
Depois de notificada pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), a Câmara de Bragança vai ter de reprogramar o projecto do museu, de forma a não perder o financiamento comunitário de 6,5 milhões de euros.

“Os beneficiários são notificados pela CCDR-N, autoridade de gestão do programa, para submeterem o primeiro pedido de pagamento ou se pronunciarem sobre os motivos que justificam a não submissão", explica à Lusa fonte da comissão, acrescentando que o pedido deveria ter sido feito seis meses depois da assinatura do termo de aceitação do investimento. Como tal não aconteceu, a Câmara tem de apresentar uma reformulação do projecto inicial, para que, dessa forma, não perca as verbas comunitárias.

O caso do Museu da Língua Portuguesa não é único. À Lusa, João Ortega afirma que ocorre a mesma situação noutro concurso lançado pelo município para o espaço envolvente do Jardim Doutor António José de Almeida, projecto ao qual o arquitecto concorreu e no qual poderá ficar em primeiro, se dois concorrentes forem desqualificados por alegada violação do anonimato. Caso a Câmara não corrija a situação, João Ortega ameaça levar este caso ao Ministério Público.

Sara Lopes
Texto editado por Ana Fernandes
Jornal Público

Sem comentários:

Enviar um comentário