(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
A cidade envelhece. Pesa-me o peso dos anos dos idosos. Pesa-me tanto!
Uma réstia de sol amornece o jardim José de Almeida. Os idosos cismam. Uma cidade de militares. A banda do Regimento de Infantaria 10 toca no coreto da Praça da Sé. A minha mãe nunca me deixava ir aos bailes… depois fui servir para a casa da Dª Aninhas Cepeda… aí a vida já era diferente! Gente rica… milionária!.... Havia uma taberna ao fundo da Costa Pequena íamos lá todos os dias comprar pão. O meu pai nunca nos deixou faltar nada… trabalhava na moagem do Sr. Mariano…. fazia tão boa farinha. Depois fui trabalhar para casa duma senhora… o senhor deve conhecer… recebia estudantes à merenda… não sei se já teria morrido… Íamos ao leite à Quinta dos Mirandelas… tanta vaca… boa gente! Casei-me… o meu homem era tão lindo! Tantos filhos… os mais velhos ajudavam a criar os mais novos… O rio Sabor faz tanta falta… tantas sacadas de roupa lavei… água limpinha!… O Cabo Pardal era o chefe dos corneteiros… tão bem fardado… parece que o estou a ver… não sei se já teria morrido! Os panelões do rancho do Batalhão de Caçadores 3 alimentava meia cidade… era tão boa gente! O Senhor coronel… acho que já morreu. Os meus filhos estão todos muito bem… e tantos netos… não sei quantos! A cadeia era junto ao Principal… andavam por ali as galinhas e tínhamos um porco numa loja da Costa Grande… A cidade era tão bonita… agora só há invejas!
… os idosos… pesam-me os idosos… pesam-me as memórias… já me lembro de tanta coisa!
… envelheço!
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.
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