Rajadas de chuva fortes, embora cada vez menos frequentes, e ondas de calor excessivo são algumas das consequências das alterações climáticas verificadas na maioria do território da Terra Quente nos últimos dez anos.
Conclusões da primeira fase do Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas, um projeto da Sociedade Portuguesa de Inovação que está a estudar as consequências dessas mudanças nos concelhos de Macedo de Cavaleiros, Mirandela, Alfândega da Fé e Vila Flor.
Carolina Turcato, é consultora no projeto e fala de alguns efeitos das alterações verificados na região.
“As principais vulnerabilidades que afetaram o território nos últimos dez anos foram episódios de precipitação excessiva com cheias e inundações, causando diversos impactos nos territórios dos diversos municípios.
Foram também registadas ondas de calor em alguns anos, prejudicando culturas, cadeias de produção e a saúde da população.
Em alguns anos foram também registadas secas severas intensas e extremas na região afetando as produções agrícolas e foram ainda analisados os principais impactos a que a região é mais vulnerável. “
O próximo passo consiste em determinar quais as consequências que podem ocorrem no futuro, para, com base nessa informação, serem concebidas estratégias de adaptação em cada um dos municípios que fazem parte do plano.
“Numa terceira fase vamos desenvolver estratégias de adaptação dos territórios às alterações climáticas. Essas estratégias podem ser tanto na criação de políticas e medidas de consciencialização como também na criação de infraestruturas cinzentas como contenção em locais onde há maior possibilidade de inundações como por exemplo a criação de espaços verdes dentro dos municípios de forma a promover um maior conforto para a população.”
Paulo Silva, engenheiro da Proteção Civil Municipal de Macedo de Cavaleiros, diz que as medidas de adaptação às alterações climáticas fazem falta à população do concelho, e aponta, inclusive, algumas situações.
“Este ano apesar de termos menos ocorrências a nível dos incêndios florestais, os que tivemos foram complicados.
Durante o inverno, nos anos anteriores temos tido algumas precipitações intensas embora pouco frequentes. Estamos a passar um período de seca que já se tem notado e isso também se traduz em alguns problemas para a população. A nível dos incêndios florestais temos de nos preocupar cada vez mais com a prevenção, a nível da seca, os nossos agricultores terão de se adaptar a essas novas condições e terão todo o apoio do município para desenvolver projetos que possam ser feitos.
Relativamente aos danos que poderão causar em algumas infraestruturas, estamos atentos e vamos tomando as nossas precauções dentro das nossas medidas.”
Relativamente a este ano, Paulo Silva diz ainda ter ouvido algumas preocupações de produtores que vêem certas atividades agrícolas e pecuárias afetadas pelo tempo.
“Relativamente às associações, cooperativas e falando com os produtores sabemos que certamente este ano, a produção da castanha será complicada com grandes percas, assim como a azeitona, duas das atividades agrícolas aqui do concelho.
Também quem tem gado, pastagens secas, há falta de água para dar de beber aos animais, portanto, são preocupações que também nos preocupam a nós.”
O Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas começou a primeira fase de elaboração em junho e trabalha em parceria com o Instituto Politécnico de Bragança e o Instituto do Ambiente e Desenvolvimento da Universidade de Aveiro.
Escrito por ONDA LIVRE
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