Em todas as cidades e vilas do distrito de Bragança, é explorada para consumo local a amêndoa coberta; porém, a especialidade desta indústria em Moncorvo, já desde tempos antigos, que não podemos fixar, com larga exportação para as nossas províncias de Trás-os-Montes, Beiras, Douro e até para a África e Brasil, merece resenha particular.
Actualmente ocupa em média duas ou três mulheres, e dezoito ou vinte no Verão, período das festas religiosas em que há maior consumo.
Fabricam-se em média anual duzentas arrobas (três mil quilos). O quilo da amêndoa grande, quer branca, quer com canela ou outras substâncias aromáticas, custa 600 réis, e 500 réis sendo da pequena.
A amêndoa é primeiramente escaldada, depois descascada e em seguida torrada no forno em latas apropriadas. Finda esta operação, coloca-se em bacias redondas de cobre assentes em grandes alguidares de barro cheios de rescaldo.
É aqui onde pouco a pouco, sempre remexida cuidadosamente pela mulher chamada cobrideira, recebe o açúcar em ponto, lançado em intervalos às colheres de sopa.
A cobrideira ganha por dia 120 a 140 réis, e pode gastar quatro quilos de açúcar diariamente.
Ainda há poucos anos exploravam em larga escala esta indústria em Moncorvo capitalistas como António de Oliveira e outros da mesma vila.
Ao ilustrado abade de Carviçais, José Augusto Tavares, por várias vezes memorado nestas páginas, aqui renovamos o nosso reconhecimento pelos elementos que nos forneceu relativos a esta indústria e à do sabão.
Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança
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