(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
“Posso não concordar com uma só palavra sua, mas
defenderei até à morte o seu direito de dizê-la.”
(Voltaire)
Logo se levantaram vozes indignadas, que, em nome da educação democrática, pediram a retirada dos livros.
Não posso avaliar os conteúdos dos cadernos, porque não os vi; mas admiro-me de tamanha indignação:
Não vivemos num regime democrático, onde cada qual compra o que quer, e goza de liberdade de escolha?! …
Eu sei, que há quem confunda: ensino com educação; e há, igualmente, quem considere: igualdade de oportunidades e direitos, com igualdade de género.
Está em voga, pelo menos no Mundo Ocidental, defender educação igual para ambos os sexos. Pretende-se educar, do mesmo modo como o dinheiro é cunhado na Casa da Moeda. Todos iguais.
Outrora ouvia, muitas vezes, eminentes homens de esquerda, criticar a Mocidade Portuguesa, que pretendia inculcar valores e ideologias caras ao Estado Novo.
Diziam – e bem, – que cabia aos pais escolher e orientar os filhos; encaminhando-os, na vida, segundo seus princípios e valores.
Em nome da “ liberdade”, o Estado Novo retirava do mercado, tudo que não perfilhasse a ideologia em vigor. Era a ditadura.
Agora, em nome da “liberdade”, condenam, criticam e insultam (por vezes,) tudo e todos, que não seguem a ideologia “oficial”. É o direito democrático.
Como os antigos antifascistas (se me permitem pensar,) penso: cabe aos pais, educadores – enfim à família, – educar as crianças, dentro dos padrões e princípios que professam.
Não há – como alguns afirmam, – uma educação; mas várias. Como não cabe ao Estado e à classe politica, impor, mas defender a livre escolha e a livre opinião.
Há educadores, de países – de amplas liberdades, – que procuram igualar os sexos, desde a mais tenra idade: para isso, as casas de banho de escolas, são unissexo; e defendem, até, que cada qual, traje, como deseja: de saia, calção ou calça comprida, sejam meninos ou meninas.
Pretendem, deste modo, igualar o género, mesmo quando os pais e as crianças, não querem: por pudor ou vergonha.
Admira-me, todavia, que, certas pessoas, que eram acérrimas puritanas, no tempo da ditadura, fiquem agora silenciosas, permitindo que o direito de expressão e de educação, sofra tratos de polé.
Teriam mudado de opinião ou acomodaram-se?
Admira-me, mas não devia admirar-me, porque os que defendem plena liberdade, costumam ficar mudos, quando se trata de a defender, em certas zonas do globo…
Mas, já o nosso Camões, dizia: “ É fraqueza entre ovelhas ser leão” (Lus. Cant. I - LXVIII).
E há tantos leões!...
Humberto Pinho da Silva nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".
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