Número total de visualizações do Blogue

Pesquisar neste blogue

Aderir a este Blogue

Sobre o Blogue

SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

A Assunção de N. Senhora, na Póvoa de Varzim

Por Humberto Pinho da Silva
(colaborador do Memórias...e outras coisas)
Numa tarde quente, sem nortada poveira, estava eu, na Avenida dos Banhos, a ver o préstito de Nossa Senhora da Assunção, quando, de repente, surgem duas ambulâncias, que pararam quase diante de meus olhos.
Confusão entre os figurantes, que desfilavam, e ente os fiéis e curiosos que assistiam.
Uns, queriam passar. Outros, protestavam: “ Falta de respeito com as autoridades religiosas e civis!...”
Exaltaram-se as partes. Então, mulher rechonchuda, gorda como texugo, que saboreava colossal sorvete, de quatro ou cinco bolas, começou a protestar: “ Sou doente… e não posso estar parada! …”
Obtemperou outra: “ - Se é doente, volte para trás e sente-se. Atravessar a rua é que não! …”
Mas ela queria avançar, tentando “ atropelar” a banda, que marcava passo, ao ritmo da música.
Homem esguio, de cabelo grisalho, que presenciava a triste cena, num aparte, a meia-voz disse: “ Onde não há polícia, há desordem! …”
E eu, que estava encostado à ombreira de porta de loja comercial, logo recordei o lamento de velhinha, que permanecia no ponto de paragem, de Heitor Penteado (Avenida paulista,) que, quase chorosa, dizia-me:
- “ Já passaram três ônibus (autocarros) e nenhum parou! Como sou velha, não me respeitam! …”
Estamos a passar por enorme crise de autoridade. Ninguém se respeita; nem se dá ao respeito.
Dizia-se, no século XX, que: quando o povo fosse educado (leia-se instruído,) haveria: Paz, Concórdia e Respeito:
Paz: não a encontro em nenhuma parte, nem no coração dos homens! …
Concórdia: há muito que desapareceu. Cada qual quer impor seu parecer, e quando não encontra argumentos, utiliza a força.
Respeito: deixou de existir, há muito: A criança, que outrora, tratava os pais por senhor, e pedia-lhes a bênção, fala-lhes, agora, do mesmo jeito, como lida com colegas; e muita sorte há, se não “ vomita” termos depreciativos e ofensivos! …
Também, poucos sabem fazerem-se respeitar. Parecem crianças, com gestos de garoto.
Não admira, portanto, que a classe politica – que em tempos áureos eram homens de respeito, estadistas justos e competentes, – se comportem, agora, como meninos de escola: acusando-se mutuamente; baixando a linguagem, a antigos saleiros portuenses, que primavam pelas calinadas e linguarejar torpe.
Não pode haver progresso nem ordem, nos países, onde quem manda não é a lei, nem a autoridade, mas: quem brada mais duro; quem insulta; quem, por astúcia: engana e ludibria o próximo.
É o fim da Civilização Ocidental. Da civilização, como a concebemos: assente na democracia e liberdade.
E sem respeito e valores, estamos à mercê de qualquer “ libertador”; a sucumbir, como sucumbiu, a orgulhosa e poderosa Roma.


Humberto Pinho da Silva nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

Sem comentários:

Enviar um comentário