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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

As couves da Portela

Burro das couves
– Oh senhor! Oh senhor!, desapertou-se o “bencelho”, ajude-me, se faz favor.
“Bencelho”, melhor, vencelho ou vencilho – atilho de palha de centeio com que eram apertadas aos molhos as couves que foram semeadas por alturas do Santo António, em junho, portanto, e colhidas ainda num estado prematuro de desenvolvimento para serem depois vendidas e plantadas. Sim, as couves tronchas comidas no Natal passavam a sua história e faziam o seu percurso! Vinham da Portela, lugar da freguesia de Folhadela, concelho de Vila Real e chegavam ao largo do sr. Albertim, em S. Lourenço, logo a seguir à festa de Nossa Senhora da Saúde.
Juntos com os donos, vários burros ou burras já cansados da viagem e carregados de couves aos molhos, apertados com “bencelhos”, arribavam satisfeitos mesmo assim, pois a parte mais difícil da caminhada estava concluída. O conforto para a noite iam encontrá-lo ali, no largo, aproveitando-se o tempo anterior à deita para realizar já algum negócio antes ainda de retomarem a caminhada para a feira de Vilar de Maçada, ao outro dia de madrugada onde, se tudo corresse bem, despachariam o resto das couves – produto do trabalho daquelas famílias que de tão longe se deslocavam.
– Qual o preço?
– O mesmo dos outros anos.
– Oh senhor, dê-me aí um cento.
– Se forem boas e sãs, eu quero dois centos.
– É só plantar e regar e, no Natal, comerá boa couve, tenho a certeza!
Após tantos quilómetros feitos a pé, ali passavam a noite aqueles pequenos e humildes lavradores da Portela, a caminho da feira de Vilar de Maçada para onde se dirigiam depois de umas poucas horas de recuperação das forças. A direção era o rio Pinhão, atravessado nas poldras.
Terminada a feira, a tirada de regresso era feita de uma assentada, já sem couves e os burros mais livres.

A. Fernando Vilela
in:atelier.arteazul.net

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