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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Tecelagem de panos – Fábrica do Felgar nas Memórias Arqueológico-Históricas

Em 1863 fundou em Moncorvo o espanhol Manoel Milhano uma tecelagem de cobertores de papa (lã), que manteve durante seis anos e depois transferiu para o Ribeiro dos Moinhos, termo do Felgar, no mesmo concelho, onde ainda hoje se conserva, para aproveitar como força motriz, em roda hidraúlica, a grande queda de água desse ribeiro.
Esta fábrica do Ribeiro dos Moinhos, ou, melhor, chamada Felgar, é hoje dirigida por Manoel Milhano Sanches, filho do fundador, que ainda vive no Porto, onde tem e dirige uma outra de lanifícios.
A do Felgar dispõe do seguinte maquinismo: seis teares, seis cardas, uma esfarrapadeira e duas máquinas de fiação em selfactinas.
Carda lã para as principais terras do Sul do distrito de Bragança, e a sua especialidade é a tecelagem de cobertores de papa, que são vendidos em grande escala pelos concelhos vizinhos, chegando mesmo ao Porto.
Possui dois pisões: um para cobertores e outro para burel, e emprega anualmente, em média, dez operários por dia desde as sete horas da manhã às sete da tarde.
Cada cobertor é vendido por 1$500 réis, sendo inferior, e por 3$000 réis, sendo dos melhores. Por tecer um cobertor de dois arratéis levam 1$000 réis; por arrátel de cardagem 30 réis, e 20 a 25 réis por cada vara (1,10m) de pisoagem.
É esta a única fábrica mecânica de tecido de panos no distrito de Bragança, mantendo-se, porém, em todas as suas aldeias as antigas indústrias caseiras limitadas neste particular ao clássico tear à mão do pardo ou burel e do linho, de fraca produção consumida no território.
Os teares do pardo ou burel tecem pano em média de 1,50m de largura, que, além de aplicado para vestir, serve também para mantas; empregam duas pessoas, no geral mulheres, que fabricam nove a doze varas entre dia e vela de noite.
Há ainda outros teares mais estreitos, chamados de branqueta ou meia cana, manobrados só por uma mulher, que tecem pardo ou burel, linho e estopa, a qual fabrica entre dia e vela seis a oito varas.
Os teares do linho propriamente são ainda mais estreitos, regulando em média o seu tecido por 0,60m; empregam só uma mulher que fabrica de oito a dez varas por dia, contando a vigília.
O tecido de uma vara (1,10m) de pardo largo custa 50 réis e a dita vende-se desde 1$000 a 1$200 réis.
Dita de linho ou estopa os mesmos 50 réis, vendendo-se aquela desde 240 a 300 réis e esta desde 160 a 240 réis.
Nos teares largos do pardo também se fabricam cobertores muito bons e colchas, tendo fama as de Urros, no concelho de Moncorvo, e as de Moimenta, no de Vinhais.
O tecido de um destes cobertores regula por 500 a 700 réis, e de 1$000 a 2$500 réis uma colcha.
É de estarrecer a lembrança da soma enorme de energias desaproveitadas que os nossos rios e ribeiros representam sem que a indústria saiba ou queira tirar dela proveito! Não temos hulha – o pão da indústria – e não aproveitamos a hulha líquida!!!
Nem para irrigações de monta os aproveitamos, sendo que um canal bem dirigido a beber no Douro, pela altura de Miranda podia fertilizar quatro concelhos do Sul do nosso distrito e muito terreno no de Vila Real.

Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança

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