No âmbito das comemorações do Feriado Municipal que se assinalou a 8 de maio, o Município de Alfândega da Fé inaugurou a exposição “Quando as periferias são centros: a indústria de tecelagem e das sedas”. Uma iniciativa que teve lugar às 15h30 na Galeria Manuel Cunha da Casa da Cultura Mestre José Rodrigues e que irá estar patente até ao dia 29 de junho.
Trata-se de uma exposição documental e etnográfica que explica a história da sericultura e da indústria da seda em Trás-os-Montes e que serviu de mote para se falar sobre a importância que a cultura da seda teve, outrora, no concelho alfandeguense. A abertura da exposição contou com as intervenções da presidente da Câmara Municipal, Berta Nunes, do historiador alfandeguense, Francisco José Lopes, e da diretora do Museu do Abade de Baçal, Ana Afonso, que no final fez uma visita guiada a todos os presentes.
Logo após a exposição e aproveitando a presença da comunicação social, no dia em que se celebrou a municipalidade, o executivo liderado por Berta Nunes procedeu ao lançamento da iniciativa "4 meses a rebentar pelas culturas". São quatro eventos, a Festa da Cereja, o Festival Transfronteiriço de Poesia, Património e arte de vanguarda em Meio Rural (PAN), a Extensão da Bienal de Cerveira e o Festival Sete Sóis Sete Luas, ao longo de quatro meses de um verão que promete trazer a Alfândega da Fé milhares de pessoas para aquele que será um autêntico pólo cultural e social em pleno coração do Nordeste Transmontano.
O Feriado Municipal celebrou-se pelo terceiro ano consecutivo a 8 de maio, data que se assinala a atribuição da Carta de Foral pelo Rei D. Dinis, em 1294, ao concelho de Alfândega da Fé.
“Alfândega da Fé é um município que, desde sempre, tem investido significativamente na cultura porque, apesar das nossas dificuldades e sabemos que os municípios pequenos têm poucos recursos, a cultura para nós foi sempre uma área muito importante", começou por declarar a autarca alfandeguense à comunicação social. "Temos aqui a Festa da Cereja, dos produtos locais, para um público muito diversificado, que é a nossa festa mais importante pois é uma montra do nosso concelho e daquilo que de melhor temos para oferecer, quer em termos de produção, quer até em termos culturais", continuou Berta Nunes, destacando que a "cereja é o maior fator de atração, até porque só temos cereja dois meses por ano". Apesar da seca que assolou o território nacional nos últimos tempos, a edil assegura que "estamos a contar que haja bastante cereja, de qualidade, embora um pouco mais tardiamente”. De recordar que a Festa da Cereja acontece, este ano, em Alfândega da Fé, a 8, 9 e 10 de junho.
Seguir-se-á o Festival Transfronteiriço de Poesia, Património e arte de vanguarda em Meio Rural (PAN), a 6, 7 e 8 de julho. “Estamos a falar de um festival de poesia e arte na natureza em que uma das questões importantes não é só trazer arte de vanguarda, mas é também fazer as pessoas da aldeia participarem no festival”, revelou Berta Nunes, para quem este evento será o reacender da cooperação ibérica. “Este festival é também o reatar das nossas relações com o outro lado da fronteira”, declarou a edil alfandeguense, reconhecendo que “nós durante muito tempo por causa das fronteiras estivemos de costas voltadas e hoje, cada vez mais, até porque estamos na Europa, até porque para o nosso desenvolvimento também é importante essa abertura, nós estamos a trabalhar essa cooperação com este festival ibérico que terá lugar em Espanha, mais precisamente em Morille, Salamanca e Vilarelhos, uma aldeia de Alfândega da Fé”.
Fique atento ao Diário de Trás-os-Montes para notícias, reportagens, vídeos e fotografias de cobertura dos quatro eventos que dominarão o cenário alfandeguense de junho a setembro…
Já em agosto, decorrerá o terceiro evento. Será no dia 11 que uma extensão da Bienal de Cerveira aportará pela primeira vez no concelho alfandeguense. “Sendo certo que nasceu em Angola, o Mestre José Rodrigues tem raízes em Alfândega da Fé, onde ele viveu parte da sua adolescência, onde estudou e onde tem família”, começou por contar a edil alfandeguense, recordando que “ele próprio disse em várias ocasiões que a sua arte tinha sido muito inspirada, sobretudo, a parte religiosa, pelos anos que viveu em Alfândega. “Ele fez, por exemplo, várias obras que têm que ver com S. Sebastião que é o patrono da nossa vila e em honra de quem se faz a festa no verão e, por isso, nós estamos a desenvolver vários eventos ligados a este artista que, infelizmente, já faleceu, que é o Mestre José Rodrigues e queremos, também, não deixar esquecer as suas ligações a Alfândega da Fé”, antecipou Berta Nunes, que beneficiou do momento para revelar a “intenção de, na segunda fase da reabilitação urbana, recuperar um edifício onde viveu o arcebispo bracarense José de Moura”. “ Essa casa que era de particulares, da família, nós já a comprámos e vamos recuperá-la para um museu onde teremos uma sala com as obras do Mestre José Rodrigues que ou ele doou ou a câmara adquiriu ao longo destes anos e que irão estar lá em exposição permanente”, confidenciou a autarca, ciente da importância do Mestre para a história, promoção e valorização da história e da cultura do concelho que representa.
A iniciativa “4 meses a rebentar pelas culturas" só terminará no mês seguinte com o decorrer do Festival Sete Sóis Sete Luas que, este ano, acontecerá entre os dias 7 e 14 de setembro. “Já é o oitavo ano que este festival é apresentado aqui em Alfândega da Fé, nós fazemos parte de uma rede de festivais que não tem só música, mas tem também gastronomia e outros tipos de arte e que serve não só para trazer cá música de outros países do mediterrâneo e da lusofonia, mas também para divulgar Alfândega da Fé”, frisou
Berta Nunes que aproveita este e outros eventos enquanto autarca para projetar não só os produtos da terra além-fronteiras como, também, tudo o que faça parte do património cultural e paisagístico identitário de Alfândega da Fé. “Contamos, assim, aumentar a notoriedade do nosso concelho ao mesmo tempo que trazemos aqui, não só para as pessoas de Alfândega, mas de todo o distrito e de territórios vizinhos, espetáculos de qualidade e vamos continuar a fazê-lo no âmbito do Festival Sete Sóis Sete Luas”, assevera Berta Nunes, garantindo que razões não irão faltar para quem queira visitar o concelho e convidando todos aqueles que queiram vir conhecer a “beleza ancestral” do município a que preside.
Bruno Mateus Filena
in:diariodetrasosmontes.com
Sem comentários:
Enviar um comentário