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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 6 de junho de 2018

CONCATEDRAL: O motivo da rivalidade histórica entre Miranda do Douro e Bragança

Toda a gente sabe o que são catedrais, no entanto, o termo concatedral poderá não soar tão familiar. Em Miranda do Douro existe uma, e é ela o motivo da rivalidade secular com Bragança.
A antiga Sé de Miranda do Douro recebeu o título de Concatedral como forma de amenizar os desentendimentos com Bragança. No século XVI, Miranda do Douro foi elevada à categoria de cidade, tornando-se a primeira diocese de Trás-os-Montes. Assim, Miranda passou a ser a sede do bispado, residência do bispo, cónegos e mais autoridades eclesiásticas, bem como militares e civis, e também a capital de Trás-os-Montes. Foi então construída a catedral de Miranda do Douro, um projeto que se insere na tipologia de sés mandadas construir por D. João III, com uma fachada harmónica e interior em três naves.

No entanto, a história da cidade foi bastante atribulada. No século XVIII, caiu no domínio espanhol duas vezes. Em 1762, no contexto da Guerra dos 7 anos, o paiol com 500 barris de pólvora foi atingido por um tiro de canhão. As quatro torres do castelo e os bairros periféricos ficaram totalmente destruídos e cerca de um terço da população morreu.

Com a cidade destruída e a população dizimada, Miranda do Douro sofreu mais um duro golpe que o tempo não fez esquecer. D. Frei Aleixo Miranda Henriques - o 23º bispo - abandonou Miranda, trocando-a por Bragança, que passava a ser sede episcopal definitiva e única. Mas o bispo não foi de mãos a abanar, levou 14 carros de bois carregados de peças da, então ainda, catedral de Miranda do Douro, incluindo os sinos. Miranda ficava assim destruída, com a população dizimada, sem diocese e sendo trocada por Bragança que passava a ser sede de bispado. A população não esquece, mantendo um “ódio de estimação” pelo Frei Aleixo e uma rivalidade - saudável - com a cidade de Bragança.

Como forma de apaziguar os ânimos e amenizar os desentendimentos, foi concedido, pelo Vaticano, o título de Concatedral à Igreja Matriz de Miranda do Douro, por já ter sido, então, Catedral, assim como acontece com a antiga Sé de Coimbra, que também é considerada uma Concatedral.

Ainda há muito para ver na Concatedral de Miranda do Douro
A verdade é que o Frei Aleixo levou muito do recheio da igreja, no entanto, ainda há muito a ser visitado e apreciado.

Dentro da concatedral, num altar próprio, está a imagem do Menino Jesus da Cartolinha. A lenda mais conhecida conta que quando Miranda estava cercada de tropas espanholas e já não tinha forças nem animo para lutar – já que o cerco durava há vários dias – apareceu um menino, no cimo da muralha, a gritar e a incentivar para que continuassem a lutar. A praça foi salva e a população procurou o menino, mas nunca o encontrou, pelo que consideram se tratar de um milagre. Hoje em dia, a estátua permanece na igreja e é local de peregrinação.

Impossível não reparar, também, no retábulo da capela-mor, o primeiro em relevo que tem um conjunto escultural dedicado a Santa Maria Maior.

A Concatedral de Miranda do Douro faz parte da Rota das Catedrais a Norte, um projeto que engloba 6 dioceses da Região Norte, nomeadamente Porto, Braga, Viana do Castelo, Vila Real, Lamego e Bragança/Miranda.

Este projeto conta com um investimento total de 2,5 milhões de euros para intervenções infraestruturais de qualificação e valorização no património imóvel, móvel e integrado nas catedrais.

Se for a Miranda do Douro, não pode deixar de visitar o Museu da Terra de Miranda, onde é possível encontrar vários objetos que remetem para outros tempos e uma vasta coleção de instrumentos musicais. Pode ainda aprender e praticar a dança dos pauliteiros de Miranda. Estando em Miranda vai também ter contacto coma segunda língua oficial de Portugal: o Mirandês.


Susana Sousa Ribeiro
Viagens Sapo

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