Castelo de Algoso |
Este caminho leva-nos ao Castelo de Algoso, antiga sede da Comenda da Ordem de Malta.
Dominando uma paisagem a perder de vista, as suas pedras seculares continuam a marcar o nosso quotidiano ao mesmo tempo que evocam um tempo e um espaço históricos. Entre a aldeia de Algoso e o castelo, outros trilhos guiam-nos até ao vale cavado do rio Angueira, onde uma ponte testemunha a presença dos Romanos nestas paragens, ou até à Fonte de São João, que a lenda diz ter sido habitada por uma moura encantada e que foi local de repouso dos peregrinos que seguiam para Santiago de Compostela. Ainda há muito para andar e seguimos em direcção a Izeda, tomamos o sentido de Vimioso. Paragem inevitável, e a máquina que nos acompanha regista a paisagem composta por extensos olivais. Antes de atravessar o rio Sabor, saindo da Estrada Nacional avista-se a Ponte Medieval de Santulhão, por onde, durante vários séculos, se fez a travessia do rio.
Ponte Medieval de Santulhão |
Contando agora um pouco de história, esta aldeia pertencia à Ordem de São João do Hospital, no reinado de D. Dinis, rei que lhe concede o foral e título de Vila em 1288. Integrada na Rota do Azeite, esta aldeia preserva a tipologia tradicional das suas habitações, onde predomina o xisto.
Chegados a Vimioso, começamos a visita pela igreja maneirista de São Vicente, edificada no século XVII durante o período filipino. Em termos gerais, os edifícios construídos sob a influência deste estilo de origem italiana apresentavam uma grande sobriedade na sua arquitectura exterior, de linhas alongadas, enquanto no interior ostentavam uma decoração mais exuberante ou, mesmo, extravagante. Entre os elementos decorativos do texto Igreja Matriz de Vimioso destacam-se as conchas-vieiras, sinal de uma ligação próxima deste templo com a Rota de Santiago.
Passamos pelo pelourinho de Vimioso, de características muito simples e esquemáticas, terá sido construído quando D. Manuel I concedeu foral à vila, em 1516. Um olhar atento revela alguns vestígios de um brasão que, tudo indica, teria as armas dos Condes de Vimioso, titulo criado no ano anterior ao da atribuição do foral.
Algoso
Protegida pela fraga e castelo que nela se ergue, a aldeia de Algoso integrava a sede da Comenda dos Cavaleiros de Malta. Depois de um café visitamos a igreja Matriz, dedicada a São Sebastião, mostra no exterior, por cima da capela – mor, e na fachada principal, sobre o portal, a cruz de oito pontas. Seguimos para a rua de São João, segue-se em direcção à capela seiscentista de São João Batista, padroeiro dos Cavaleiros de Malta. Junto à capela, existe uma fonte de mergulho, a Fonte Santa, noutros tempos Fonte de São João. Seria aqui que muitos peregrinos retemperavam forças na sua rota para Santiago de Compostela.
Igreja de São Vicente - Matriz de Vimioso |
Uma extensa paisagem de vales rodeia o castelo de Algoso, divididos pelos rios de Angueira e Maçãs. A luz de um fim de tarde pode resultar em fotos deslumbrantes deste castelo. Pesquisamos um pouco e sabemos que foi doado em 1224 por Sancho II à Ordem de São João Batista do Hospital com todos os seus termos e pertenças, foi uma das mais importantes fortalezas medievais do nordeste.
Os Hospitalários transformaram o castelo numa fortaleza gótica, mais apropriada para a defesa, assim, a torre de menagem heptagonal foi concebida para resistir a ataques de várias frentes e permitir os ângulos de tiro mais adequados. As alterações introduzidas incluíram adaptações e melhorias para servir de residência ao comendador ou ao seu dignitário.
Na imensa e majestosa paisagem que se avista do castelo, olhando na direcção leste-sul, distinguem-se as aldeias Uva, Teixeira e Saldanha. A Sul, o Castelo de Penas Róias (penhascos vermelhos-peñas rojas). Os binóculos são um utensílio precioso nestes dias. Aqui terminamos o nosso passeio, na próxima edição percorremos outro caminho da Rota dos Cavaleiros de Malta.
Revista Raízes
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