Uma das consequências deste perfil de região de saída foi o progressivo envelhecimento da sua estrutura etária. Todavia, embora sofra as transformações sentidas nas formas de vivência e características estruturais da população portuguesa ao longo de todo este período, Bragança coloca-se numa situação relativamente vantajosa no contexto nacional, que só nos anos 1980 será invertida.
No princípio do século XIX, em 1802, a comarca de Bragança registava valores relativamente elevados da taxa de natalidade (39 por mil) e da taxa de fecundidade geral (134,7). Na viragem para o século XX, o Distrito podia ser incluído no grupo dos que tinham uma natalidade moderadamente elevada no contexto nacional, e nupcialidade baixa, embora níveis de ilegitimidade elevados. Apesar de a natalidade ter começado a baixar em meados dos anos de 1920, manteve-se depois relativamente estável a partir dos anos de 1940 até à década de 1960.
Como podemos observar através do Gráfico n.º 2, o Concelho manteve um saldo natural elevado até ao final do século XX, apenas interrompido pelos efeitos da gripe pneumónica em 1918. Só a partir de 1991 é que o saldo natural passa a ser negativo, quando há mais óbitos do que nascimentos. Bragança manteve uma dinâmica natural relativamente intensa, como pode ser comprovada através das taxas de crescimento natural (Quadro n.º 24), que foi sempre positiva até aos anos de 1990, embora na década de 1970 se note uma quebra substancial, que se acentua na década seguinte. Se nos anos de 1980 o número de filhos por mulher, no Concelho de Bragança, era de 2,42, nos anos de 1990 já era de 1,68 e em 2006 desce para 1, ou seja, já não garante a renovação de gerações – estatisticamente, considera-se necessário que cada mulher tenha 2,1 filhos para que haja renovação de gerações.
A quebra da natalidade, que acompanha a tendência nacional, assim como os efeitos da saída de jovens em idade ativa, vai ter como consequência um duplo envelhecimento, isto é, a diminuição do número de jovens e o aumento dos idosos. Processo que decorre à semelhança do que acontece nas outras regiões do País, ainda que os ritmos e as intensidades sejam diferentes, pois estamos perante populações com características e dinâmicas distintas.
A análise da evolução da estrutura etária da população do Concelho de Bragança entre 1801 e 2011 dá-nos conta das vicissitudes da evolução da população desta região e das suas formas de vivência e comportamentos coletivos (Quadro n.º 25). Veja-se, por exemplo, que nas décadas de 1960 e 1970 há uma diminuição da população adulta em idade ativa, reflexo da emigração. Como resultado da dinâmica natural, que se vai reduzindo até se tornar negativa, o grupo dos jovens diminui mais intensamente a partir dos anos de 1990. Inversamente, os idosos, por causa dos fluxos migratórios, mas também porque a esperança de vida foi aumentando (73,0 anos em 1980-1981, 74,7 em 1990-1991, à volta de 78, em 2000-2001) veem o seu peso acrescido. Por isso, o Concelho envelheceu, quer na base quer no topo. Desde 2001 que o peso dos idosos é superior ao dos jovens, o que se vai refletir no índice de envelhecimento (número de idosos por 100 jovens) e nos rácios de dependência, tendência que se acentua em 2011, de tal modo que a percentagem de idosos quase duplica face à dos jovens.
continua...
Título: Bragança na Época Contemporânea (1820-2012)
Edição: Câmara Municipal de Bragança
Investigação: CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade
Coordenação: Fernando de Sousa
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