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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 30 de junho de 2018

UMA “SANTA” PORTUGUESA, VENERADA EM SÃO PAULO

Por: Humberto Pinho da Silva
(colaborador do "Memórias...e outras coisas..."
Menina Izildinha
A cada passo deparamos com notícias sensacionais, declarando: que algures, jovem, geralmente humilde, viu ou recebeu revelações, de anjos ou da Mãe de Jesus.
Em regra são embustes e ilusões, ou autossugestão patológica; ms há, as que levantam sérias dúvidas, mesmo não confirmadas positivamente. Encontram-se, nesse caso, entre outras, a aparição de Barral – Ponte da Barca.
Todavia, mais numerosos, são os cadáveres incorruptos. Corpos encontrados intactos, após anos de serem sepultados.
O povo – que em tudo vê mistério, – logo considera o fenómeno, prova de santidade. Por esse Portugal fora, não faltam “ santinhas”, “ canonizadas”, apenas por não haver vestígios de corrupção.
Entre eles, temos o caso de Carmina Lara (cemitério de Arzila - Coimbra) e de Maria Adelaide – Arcozelo.
Muitas vezes, as “ santinhas”, foram, e são, exploradas por astuciosos, que aproveitam a boa-fé e a ignorância religiosa do nosso povo, para usufruírem vantagens.
Relata, agora, o jornal: “ Maria da Fonte” de 02/02/2018, o interessante caso da “santa” Izildinha, venerada em Monte Alto (SP) – Brasil; mas natural da Povoa do Lanhoso (17-06-1897).
O pai, funcionário público, fora transferido para Guimarães, e, naturalmente, a filha – ainda criança, – acompanhou-o.
Tempo depois de estarem instalados nessa cidade portuguesa, a menina, ficou gravemente enferma, e, segundo o atestado de óbito, faleceu de leucemia.
Nada, até aqui, é digno de registo.
A mocinha ficaria, certamente, tranquila na sua sepultura, se não fosse o caso do irmão, ao emigrar, em 1950, para o Brasil, fazer questão de a levar. 
Devo esclarecer o leitor, que a justificação, apresentada, foi a do corpo se encontrar incorrupto. Não só o corpo, mas as vestes e as próprias flores, que a acompanharam no funeral, permaneceram intactas.
Chegado a Santos, logo tratou de levantar capela, onde colocou o corpo da irmã (31-08-1950).
Rapidamente se espalhou a notícia. Populares, curiosos, e futuros devotos, foram visitar a capela, solicitando favores e graças, para os males que os atormentavam.
Entretanto, decorreram oito anos (1958). O irmão da “santa” transformou-se em abastado negociante, obtendo o honroso título de Comendador.
Por esse tempo, o irmão de Izildinha, assentou montar fábrica de produtos alimentícios, em Monte Alto (SP). Com ele, levou o corpo da irmã. Ergueu, então, em Monte Alto, sumptuoso túmulo, onde a colocou (a transladação ocorreu em 1958).
A “santidade” de Izildinha espalhou-se pela cidade, e muitos devotos asseveravam terem recebido graças, por sua intervenção.
Mas, nos anos sessenta, o Comendador, teve que vender a fábrica, e como pretendia residir em São Paulo, e não querendo separar-se da irmã, tratou de a transladar para essa cidade.
Mas o povo estava acostumado a ter a “santa” na sua cidade, e tanto protestou, tanto barulho levantou, que foi preciso resolver o assunto, na justiça.
Terminou a contenda, o tribunal, determinou (06-05-1964): que o corpo venerado em Monte Alto, deveria pertencer à cidade e não á família.
Não teve, o Comendador, outro remédio, senão obedecer à justiça. Quando faleceu, o irmão de Izildinha, foi sepultado no jazigo, em São Paulo, que mandara construir para a irmã.
A rocambolesca história, terminaria aqui, se não fosse o deputado Valdemar Corauci Sobrinho, ter conseguido que a festa, em honra de Izildinha (17 -Junho) fosse mencionada no Calendário Turístico do Estado de São Paulo.

As biografias da menina Izildinha, que consultei, têm ligeiras divergências. Por a considerar mais crível, utilizei a do conhecido jornalista José Abílio Coelho, publicada in: “ Maria da Fonte” – jornal centenário de Póvoa do Lanhoso.

Humberto Pinho da Silva, nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA.Foi redactor do jornal: “Notícias de Gaia"” e actualmente é o responsável pelo blogue luso-brasileiro: " PAZ".

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