Este ano a rota das pipas contou com a generosidade de 16 produtores de vinho que abriram as adegas para quem veio conhecer a aldeia do douro, florida e forrada de amendoeiras em flor. E foram muitos.
O conceito é único. Os produtores de vinho da aldeia oferecem o seu vinho novo aos visitantes que vão percorrendo as adegas com um percurso definido pela organização. Este ano cumpriu-se a 8.ª edição com a maior enchente de sempre.
A ARCA, Associação Recreativa e Cultural da Açoreira é quem prepara o evento ao pormenor. O dia começa com uma matança do porco que depois será consumido num almoço convívio. "A ementa é sempre a mesma", diz Gabriel Teixeira o presidente da ARCA. "Migas de sarrabulho, batatas de soventre e feijoada", Com muito vinho à mistura que é preciso preparar o estômago para o que há de vir.
A rota começa depois de almoço e à frente da comitiva de "provadores" vai uma carrinha cheia de comida porque "é preciso dar de comer a quem tem fome" salienta a dona Maria que tem a companhia da senhora Ilda. As duas têm a companhia de 4 presuntos, bolas de carne, 30 queijos, 5 baldes de chouriças e salpicões, fruta da época, nozes, figos e 50 pães.
"Está aberta a pipa!" é o "grito de guerra" dado a cada entrada das adegas pelo "mestre-de-cerimónias", Gabriel Teixeira. Depois é um aviar de vinho, tinto, branco e generoso, não fosse este um local privilegiado para a produção do "augusto néctar".
Este ano a rota das pipas contou com a generosidade de 16 produtores de vinho que abriram as adegas para quem veio conhecer a aldeia do douro, florida e forrada de amendoeiras em flor. E foram muitos. João Costa veio do Porto a convite de um amigo da Açoreira, "até agora está incrível", diz com o copo na mão e um sorriso de orelha a orelha " já não é o primeiro e vou aguentar até ao fim", afirma.
Júlia Canijo tem 77 anos e uma forte ligação à terra. Veio de Gaia. "Isto aqui é um fenómeno, não há igual por aqui". Também com um copo de vinho branco na mão espera ir "devagarinho porque senão chega ao fim com uma garrafa bebida".
O percurso é feito ao som de gaiteiros que vão animando a multidão de adega em adega. Há gente de todo o lado. A organização não faz promoção do evento senão " era o fim do mundo". Antes de acabar o mundo, a dona Luz Rodrigues de 83 Anos não quis faltar à festa. "Estou em Alverca e as minhas filhas fizeram-me a vontade para vir à rota. Estou com muita alegria e contente por estas pessoas todas estarem aqui", diz, sentada numa cadeira na adega da família.
Houve gente que veio da Holanda, Londres, Dinamarca, Itália e de Espanha. "Venho de Madrid. O meu namorado é de cá e estou a gostar de tudo. Vim com a minha prima. É interessante a forma como provam o vinho e esta relação com a natureza". Na terra do "Pinpineros", como também são chamados os habitantes da Açoreira, "porque aqui sempre houve muitos pepinos e ficámos com o nome desde sempre", refere a professora de Bragança, Austelina Rego, " as pessoas gostam de receber bem e fazem questão disso".
O percurso faz-se até de madrugada. Depois há prémios para o homem e mulher que mais "animaram" o percurso" e para o melhor vinho. Na associação termina-se a rota das pipas com um revigorante caldo verde e já com uma vontade forte de voltar a ouvir "está aberta a pipa" que há de voltar a soar para o ano.
Afonso de Sousa
TSF
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