Vindo um lavrador da arada,
Encontrou um pobrezinho.
E o pobrezinho lhe disse:
- Leva-me no teu carrinho.
Deu-lhe a mão o lavrador,
E no seu carro o metia.
Levou-o para sua casa
Para a melhor sala que tinha.
Mandou-lhe fazer a ceia
Do melhor manjar que havia.
Sentou-o à sua mesa,
Mas o pobre não comia.
As lágrimas eram tantas
Que pela mesa escorriam.
Os suspiros eram tantos,
Que até a mesa tremia.
Mandou-lhe fazer a cama
Da melhor roupa que tinha.
Por cima, damasco roxo.
Por baixo, cambraia fina.
Já pela noite adiante,
O pobrezinho gemia.
Levantou-se o lavrador
A ver o que o pobre tinha.
Deu-lhe o coração um baque.
Como ele não ficaria!
Achou-o crucificado
Numa cruz de prata fina.
Meu Jesus! Se eu tal soubera,
Que em minha casa Vos tinha,
Mandara fazer preparos
Do melhor que encontraria!
Cala-te aí, lavrador,
Não fales com fantasia!
No Céu te tenho guardada
Cadeira de prata fina!
Tua mulher, a teu lado
Que também isso merecia.
Agora baixou o sol
Louvado seja o Senhor
RECOLHA (1985) de Sebastião Agostinho Gonçalves, Gondesende – Bragança
FICHA TÉCNICA:
Título: CANCIONEIRO TRANSMONTANO 2005
Autor do projecto: CHRYS CHRYSTELLO
Fotografia e design: LUÍS CANOTILHO
Pintura: HELENA CANOTILHO (capa e início dos capítulos)
Edição: SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE BRAGANÇA
Recolha de textos 2005: EDUARDO ALVES E SANDRA ROCHA
Recolha de textos 1985: BELARMINO AUGUSTO AFONSO
Edição de 1985: DELEGAÇÃO DA JUNTA CENTRAL DAS CASAS DO POVO DE
BRAGANÇA, ELEUTÉRIO ALVES e NARCISO GOMES
Transcrição musical 1985: ALBERTO ANÍBAL FERREIRA
Iimpressão e acabamento: ROCHA ARTES GRÁFICAS, V. N. GAIA
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