A aldeia de Malhadas, no concelho de Miranda do Douro, vai ter um Centro de Valorização e Melhoramento de Raças Autóctones (CVMRA) que vai servir todo o país e que será construído de raiz e onde vão ser investidos cerca de um milhão de euros financiados a 85 % por fundos do Programa de Valorização Económica dos Recursos Endógenos (PROVERE).
O município de Miranda do Douro anunciou hoje que foi aprovada a candidatura a fundos comunitários, no valor de cerca um milhão de euros, para a criação de um Centro de Valorização e Melhoramento de Raças Autóctones (CVMRA).
"Temos uma candidatura aprovada a fundos do PROVERE- Programa de Valorização Económica dos Recursos Endógenos, financiada a 85%, para um valor total de cerca de um milhão de euros para a criação do CVMRA”, disse à Lusa o presidente da Câmara de Miranda do Douro, Artur Nunes.
Segundo o autarca, este centro “poderá dar um grande impulso ao melhoramento genético das raças autóctones de todo o país".
O equipamento será composto por vários edifícios, que serão construídos de raiz e ficarão instalados nos terrenos contíguos ao Centro de Formação de Malhadas, no concelho de Miranda do Douro, distrito de Bragança.
"Trata-se de um centro tido como inovador para o país que há muito que estava anunciado, onde os técnicos poderão preservar a genética e as principais características das raças autóctones de Portugal", vincou o autarca.
Artur Nunes referiu que há "um grande" envolvimento no projeto por parte do Ministério da Agricultura e da Direção Geral de Alimentação e Veterinária.
"O Ministério da Agricultura deu-nos uma grande ajuda na elaboração do projeto, para que o mesmo respeitasse as normas obrigatórias para o setor em vigor na União europeia", frisou.
O CVMRA pretende ser uma estrutura multifuncional, promotora do desenvolvimento sustentável, com base na inovação, no conhecimento e nas novas exigências de mercado, promovendo o reconhecimento de produtos endógenos, com a qualidade e identidade própria.
Este centro de genética animal visa, numa primeira fase, a valorização e melhoramento genético das raças autóctones de todo o país, com instalação de centro de recolhas de sémen provenientes de machos que pequenos ruminantes e um banco de germoplasma animal para diversas raças animais provenientes de todo o país.
O projeto contará com o apoio científico e técnico de investigadores do Instituto Politécnico de Bragança, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária.
Para além dos investigadores destas três instituições, juntam-se ao projeto associações de criadores de várias raças autóctones espalhadas pelo país.
"Outro objetivo é apostar forte no desenvolvendo económico do concelho e o setor pecuário é um dos mais emblemáticos de todo este território", frisou.
Ao criar o CVMRA, o município de Miranda do Douro reconhece as raças autóctones como símbolos identitários territoriais e contempla a necessidade de associar a produção/criação destas raças com o turismo em espaço rural, dada a qualidade dos seus subprodutos.
A nova estrutura ajudará a complementar o Posto Zootécnico de Malhadas (PZM), que foi criado em 1913 e está instalada numa área com cerca de 50 hectares, dotado de estábulos, uma unidade logística constituída por dois edifícios, posto de recolha e análise de sémen, áreas de pastagem, entre outros equipamentos.
O PZM esteve sob a tutela do Ministério da Agricultura até 1993, tendo passado depois para a gestão de duas associações de produtores pecuários da região, e agora está sob a tutela da autarquia.
O concurso público para o início da construção do CVMR será lançado a breve prazo, estimando-se que as obras arranquem dentro de meio ano. O prazo para a execução do projeto é de um ano e meio.
Agência Lusa
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