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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Podence teme a massificação mas promete manter a tradição

Decorreram no sábado em Podence, Casa do Careto, as Jornadas Culturais “Porque se fazem as Festas?”, sob o tema “Festividades do Entrudo”, organizadas pela Progestur e Fundação Inatel, com a parceira da Universidade Lusófona, Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros, Centro de Música Sons da Terra e Associação de Caretos de Podence.
As jornadas iniciaram-se com um painel composto por Patrícia Cordeiro, Roberto Afonso e Rui Madureira, moderado por Hélder Ferreira, no qual foram abordados aspetos da temática dos caretos e do entrudo chocalheiro a caminho do reconhecimento da UNESCO.

Patrícia Cordeiro, deu-nos uma visão do trabalho elaborado que permitiu a candidatura e de como as tradições dos caretos se mantiveram intactas e genuínas apesar da modernidade dos dias que correm e de como elas sobreviveram à emigração dos anos 60 e 70, do século passado, que deixaram os caretos apenas com três membros, e de como eles renasceram até aos dias de hoje em que são o orgulho de uma aldeia e um povo que regressa à aldeia das terras de emigração, para vestir o fato dos caretos e se transformar na magia do carnaval. Durante o ano a aldeia tem cerca de 180 habitantes, no carnaval, chega a ter 400 habitantes, 80 deles vestem o fato de careto para receber os milhares de pessoas que ali acorrem.

Roberto Afonso, também ele “máscaro”, centrou a sua reflexão nas festas do concelho de Vinhais, Entrudo de Lagarelhos, Vila Boa de Ousilhão, Edrosa, Dia da Morte e dos Diabos de Vinhais (Quarta-feira de Cinzas) e no evento que ele próprio ajudou a lançar com “Mil Diabos à Solta!” em Vinhais. Como a tradição se mantém e evoluiu também ela numa época de globalização. Como se pode transformar estas festas em marcas que ajudem a combater a desertificação e valorizar das mais diversas formas as nossas aldeias.

Rui Madureira, falou-nos do “ócio e do negócio”, em como o ócio pode dar cada vez mais algum negócio por forma a ele próprio ajudar a manter as tradições, pois sem pessoas não há máscaras por falta de gente para as usar, mas também, para manter a tradição de abrir as portas para receber os grupos que ainda resistem, nomeadamente em Vila Boa de Ousilhão, terra onde a tradição ainda é das mais bonitas e genuínas de todos os caretos que ali recebem o nome de “máscaros”. Dia 25 e 26 de dezembro, a aldeia vive a tradição, os 7 bairros quase despovoados acolhem em suas casas o rei e seus vassalos, acompanhados pelos caretos e tamborileiros, recolhendo donativos para a festa, a maior parte das vezes fumeiro do bô.

Hélder Ferreira, tem uma opinião otimista e garante que o reconhecimento pela UNESCO, dos Caretos de Podence, "tem que ser uma mais valia para desenvolver o território, havendo pessoas, há entrudo, há rituais, há caretos e a tradição mantem-se".

" No segundo painel da tarde, Carlos Magno e José Fialho, foram sobretudo desafiadores e não se esperava outra coisa, moderados por Francisco Marcelino, presidente da Fundação Inatel. Carlos Magno, é um orador nato, não teme a massificação do reconhecimento da UNESCO, depois do “careto” Marcelo, já tudo é possível, porque já está assimilada pela população e ao mesmo tempo porque é organizada através da sua Associação que põe limites e orienta no sentido da manter a genuinidade e as tradições a cada ano.

Carlos Magno, falou dos tempos de criança e juventude em Trás-os-Montes e do apelo que sente, do orgulho que tem em se afirmar transmontano e em como se sente influenciado por estas figuras mágicas, terminando a dizer “que o faço aqui?  é vir à minha terra”.

José Fialho, falamos do homem, das festas e do culto ao longo da história, somos seres que adoramos as festas, “adoramos qualquer coisa, os nossos deuses, os nossos diabos”.

José Marcelino não teme a globalização, disse que “quando as culturas são fortes, resistem. No caso dos caretos de Podence, tem uma vivência cultural muito vivida, está enraizada nas pessoas, portanto está pujante”.



Foto: António Pereira
in:diariodetrasosmontes.com
intervenção de Carlos Magno gravada em video com o telemóvel

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