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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 5 de abril de 2019

Investigação ibérica quer fazer do lixo matéria-prima

O lixo produzido em casa na preparação de legumes e outra matéria orgânica pode vir a servir para despoluir águas ruças, como as de lagares e indústria têxtil, ou ser aproveitado para blocos usados na construção, segundo um projeto ibérico.
Há quase dois anos que a comunidade científica e empresas estão a desenvolver investigação, com resultados já comprovados em laboratório, no âmbito do projeto transfronteiriço VALORCOMP, com um orçamento superior a um milhão de euros, financiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), através do programa INTERREG V-A Espanha-Portugal (POCTEP).

O projeto resultou de um desafio lançado pela Resíduos do Nordeste, a empresa responsável pelo tratamento do lixo no distrito de Bragança, à comunidade científica e tecnológica.

Tem como parceiros do lado português o Instituto Politécnico de Bragança e, em Espanha, a Fundação Cidaut, a empresa especialista em inovação na área da energia Nertatec e a Universidade de Valladolid.

O Politécnico de Bragança é o coordenador do projeto, que ocupa laboratórios de química e engenharia civil procurando transformar o que foi lixo em matéria-prima e em novas soluções energéticas e ambientais.

O ponto de partida para a investigação foi, como mostrou à Lusa o investigador Helder Gomes, o trabalho já feito no Parque Ambiental da Resíduos do Nordeste, onde há já alguns anos são produzidos biogás através dos resíduos orgânicos, aqueles que não servem para reciclar, e um composto usado na agricultura como fertilizante.

A partir deste composto, os investigadores criaram um novo produto adsorvente, capaz de funcionar como um filtro e reter materiais poluentes como os que se encontram nas águas ruças (efluentes) de um lagar ou os corantes usados na indústria têxtil.

Os resultados, referiu Helder Gomes, estão comprovados à escala laboratorial, mas será necessário no futuro, depois de concluído este projeto, avançar para uma nova fase com um projeto-piloto em contexto de uma unidade industrial.

O trabalho envolve vários processos científicos que implicaram o reforço da equipa de investigadores com cinco novos elementos, entre eles o jovem investigador Mohsen Karimi, que viajou do Irão para a cidade portuguesa de Bragança para participar no projeto.

No laboratório de engenharia civil, Lurdes Cruz e Débora Ferreira trabalham com uma equipa que testa a incorporação do composto da Resíduos do Nordeste em blocos para construção. Somam já vários exemplares, mas continuam a fazer teste e ensaios às proporções dos diferentes materiais usados na composição e à resistência ao fogo ou à carga.

O comportamento do composto com argila ou terra está a deixar os investigadores otimistas pela vantagem de se tratar de uma associação de materiais locais com bons resultados no isolamento térmico e acústico das construções.

Outra vertente de investigação em curso é a transformação dos lixiviados produzidos pelo lixo, nomeadamente no aterro sanitário, num fertilizante.

"A má notícia", como constatou um dos investigadores, Paulo Brito, é que este processo deverá levar mais tempo, pois os lixiviados apresentam grandes concentrações de metais e é necessário avaliar materiais adsorventes capazes de filtrar estes metais.

No lado espanhol, segundo Helder Gomes, o foco da investigação concentra-se mais na capacidade energética do composto orgânico e nos processos necessários para explorar ao máximo este potencial com menos poluentes para a atmosfera, estando já testadas "pellets" para produção de energia.

O projeto termina em setembro e os resultados finais serão apresentados a gestores e decisores políticos.

O diretor da Resíduos do Nordeste, Paulo Praça, já manifestou disponibilidade para apoiar ações futuras com vista ao desenvolvimento dos resultados alcançados.

"Este projeto é importante não só para a Resíduos do Nordeste, que está a ser aqui parceira e a dar o seu objeto de estudo. É importante porque do lado espanhol esse desafio também se coloca, uma vez que nós estamos no espaço europeu e as diretivas comunitárias é que nos regulam, são comuns, e coloca-se também aos colegas do lado português que tal como nós têm estes problemas em mãos", considerou.

A valorização dos resíduos, explicou, "procura ir ao encontro desta ideia do conceito de economia circular, que é desviar ao máximo aquilo que são os resíduos de aterro".

"Nós temos hoje de encarar os resíduos como um recurso e então o objetivo é ver: será que o que é hoje um resíduo amanhã pode ser uma matéria-prima?", ilustrou.

Das 53 mil toneladas de resíduos produzidas no Nordeste Transmontano, dez mil foram desviadas do aterro e valorizadas, em 2018, quer através da reciclagem, quer no tratamento mecânico e biológico com a produção de biogás e do composto.

Em 2018, foram produzidas 1.500 toneladas de composto vendidas para serem usadas como fertilizante em culturas da região, nomeadamente pomares e olival.

HFI // ROC
Lusa/fim

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