Em seguida, aparecia um rancho de raparigas e rapazes cantando ao som de música, muito enfeitados. Os rapazes traziam nas mãos saquinhos com farinha para enfarinhar o rosto das raparigas.
À tarde, pelas 4 horas, tocavam os sinos anunciando que iam ler as Deixas do Entrudo.
As Deixas são uns versos que um rapaz vestido de Carnaval lê para toda a gente ouvir, dedicadas às raparigas. Sobe a uma varanda, e em baixo está toda a gente ouvindo. Vou escrever algumas delas:
Deixo à Maria Antónia
Por ter o olhar fagueiro
As ceroulas do Entrudo
Para oferecer ao testamenteiro.
Deixo à Belmirinha
Por andar devagarinho,
O Entrudo já a viu
A namorar num cantinho.
Deixo mais à mana
Por se chamar Branca Flor
Os sapatos do Entrudo
Para oferecer ao amor.
Deixo à Constância,
Por ter bom coração
O chapéu do Entrudo
P’ra ir à feira no verão.
Ao anoitecer, vão enterrar o Entrudo. É um boneco de palha dentro de um caixão.
Levam luzes, água para benzerem o Entrudo. Um rapaz faz de padre, cantando os
responsos. Vai toda a garotada atrás, gritando com força, despedindo-se do Entrudo,
até para o ano.
RECOLHA (1985) de Judite Morais Moreno, Sambade – Alfândega da Fé.
FICHA TÉCNICA:
Título: CANCIONEIRO TRANSMONTANO 2005
Autor do projecto: CHRYS CHRYSTELLO
Fotografia e design: LUÍS CANOTILHO
Pintura: HELENA CANOTILHO (capa e início dos capítulos)
Edição: SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE BRAGANÇA
Recolha de textos 2005: EDUARDO ALVES E SANDRA ROCHA
Recolha de textos 1985: BELARMINO AUGUSTO AFONSO
Na edição de 1985: ilustrações de José Amaro
Edição de 1985: DELEGAÇÃO DA JUNTA CENTRAL DAS CASAS DO POVO DE
BRAGANÇA, ELEUTÉRIO ALVES e NARCISO GOMES
Transcrição musical 1985: ALBERTO ANÍBAL FERREIRA
Iimpressão e acabamento: ROCHA ARTES GRÁFICAS, V. N. GAIA
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