Número total de visualizações do Blogue

Pesquisar neste blogue

Aderir a este Blogue

Sobre o Blogue

SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 8 de março de 2020

OS VELHOS NÃO MERECEM VELHICE TRANQUILA?

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")


Admirava-se meu conhecido, que costumava almoçar na Casa da Beira, que poucos aceitam passar os últimos dias, na casa dos filhos.
Para ele, que era solteiro, o lugar dos idosos, era, a seu pensar, em companhia dos seus.
Tenho amigo - digo: tinha, porque já faleceu, o Anselmo Tavares, homem bom e trabalhador, que costumava dizer a propósito dos filhos: “ A casa dos pais é a dos filhos; mas a casa dos filhos nem sempre é a dos pais! …”
Recordo, agora – como recordo”, – a expressão desalentada de velho parente que regressando da missa, em minha companhia, ao aproximar-se de casa, desabafou em voz apertada e velada:
- “ Gostava que entrasses… mas a casa não é minha…Não sei se minha filha ia gostar…”
E a confidência do amigo Alberto, que me disse à puridade: -” Não te telefono mais, porque receio que meu filho repare…”
Nesse tempo, as ligações telefónicas eram pagas ao minuto.
Entre amigos e conhecidos, poucos são os que gostavam de passar a velhice na casa dos filhos. ”Uma coisa é a visita; outra é a convivência diária” dizem.
É natural que assim seja: todos querem ser livres: sair e entrar, sem dar satisfação.
Se o idoso recebe boa aposentação, e os filhos não carecem dela, em regra, internam-no num Lar, argumentando: que lá está melhor, e melhor cuidado…
Caso a aposentação seja pequena recolhe-se em albergue, sem as mínimas condições humanitárias; ou vegeta, solitário, na solidão de andar ou quarto sombrio e triste, ou passa a morador de rua.
A velhice dos pais e avós, é, quantas vezes, estorvo para filhos e netos.
Eu sei que cabe, principalmente, ao Estado, a obrigação de acolher o idoso abandonado, em lares com dignidade, mas, por razões monetárias ou desinteresse, não o faz, na maior parte das vezes.
Todavia se azafama a transformar quartéis vazios, para alugar a estudantes, a preços módicos; mas, porque não constrói ou adapta casa desocupadas, para a população envelhecida?
A Igreja parece seguir o mesmo caminho, cem conventos vazios e seminários…alugando a estudantes universitários, para obter rendimento, com pouca despesa e trabalho.
Ser idoso, em Portugal, onde os jovens, em grande número, partem em busca de melhores condições, tornou-se uma calamidade, que poucos se preocupam. Dizem que há Casas de Repouso, que outrora se dedicavam à Classe Média, que começaram a imitar certos hotéis algarvios: preferindo receber estrangeiros: porque, além da estadia, gastam em outros bens.
Olvida-se que uma das prioridades da Nação, deveria ser: proporcionar aos cidadãos – que nasceram, trabalharam e viveram sempre no seu País, – fim de vida feliz, sendo eles: pobres, da Classe Média ou ricos.

Humberto Pinho da Silva nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

Sem comentários:

Enviar um comentário