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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 14 de julho de 2020

ESTAMOS TODOS FARTOS DISTO

O percurso histórico da humanidade conheceu episódios dramáticos, tremendos, quando o instinto de sobrevivência cegou a racionalidade, não deixando espaço à ponderação nem à compreensão misericordiosa do outro, reduzido a uma ameaça potencial que era preciso aniquilar para sobreviver.
A guerra é o principal cenário dessa violência extrema, que tem encontrado argumentos de justificação nos campos da honra, da dignidade e da defesa do solo pátrio. Mas o sangue também corre além dos conflitos políticos, económicos ou ideológicos que nos fomos habituando a considerar normais, inerentes à nossa condição animal, temperada por essa centelha a que chamamos consciência, sem grandes resultados práticos, apesar de notáveis conquistas filosóficas, morais e políticas que algumas elites lograram atingir, sempre sob a ameaça de retorno iminente à barbárie. 
É verdade que temos conseguido garantir, durante períodos relativamente longos, alguma tranquilidade que parece afastar-nos da dureza da selva, onde arreganhar os dentes continua a ser o instrumento básico de relação. No entanto, multiplicam-se situações em que a crueza natural explode em violência desmedida, semeando a morte, numa espiral que nos pode lançar na brutalidade do inferno.
As ameaças à nossa sobrevivência, pressentidas ou aparentemente conhecidas, desligam-nos dos modelos de relação que temos por aceitáveis. Facilmente nos deixamos enredar na angústia e no medo quando não conseguimos explicar o que acontece à nossa volta. Assim se geraram massacres um pouco por todo o mundo, quando situações epidémicas semelhantes à que agora se vive alastraram, instalando o cansaço e o desespero.
Já estamos fartos de meses a viver uma vida que parece deixar de ter sentido. Seria bom que alguns percebessem que estamos todos fartos. Poucos haverá que celebrem o recolhimento forçado, a ausência dos contactos e dos afectos que nos caracterizam. Mas não vale a pena dar livre curso ao individualismo porque, se dos nossos comportamentos resultar, para os demais, a sensação de ameaça podemos correr riscos muito sérios.
Na região está a crescer um rumor, a precisar de ser estancado, que relaciona novos surtos da epidemia com os estudantes africanos, as festas que vão fazendo e o não cumprimento das regras de confinamento. Sabe-se que não é bom fazer generalizações e que as condições dos seus quotidianos não são comparáveis às dos jovens que aqui nasceram e por cá se mantêm nas suas casas de família, mas seria aconselhável que o IPB, os responsáveis municipais, as autoridades policiais e de saúde e os líderes associativos da comunidade dedicassem esforços para garantir que as contaminações são travadas, para que se possa sair desta tragédia com memória da dureza das dificuldades partilhadas, da entreajuda e do respeito por todos e cada um de nós.
Não devemos iludir a realidade de que a festa num bar em Bragança não foi única. A GNR também travou outra festarola neste mesmo fim de semana, fora da cidade, onde estariam dezenas de pessoas e o surto em Miranda nada tem a ver com estudantes africanos. Estamos todos fartos mas precisamos de agir com consciência.

Teófilo Vaz

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