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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 19 de outubro de 2021

BRIGANTINAS QUE ENFRENTEM CANCRO DA MAMA TÊM UMA CASA FEITA DE ESPERANÇA NO “MOVIMENTO VENCER E VIVER”

 Em Portugal são detectados, todos os anos, cerca de sete mil novos casos de cancro da mama
Os números são da própria Liga Portuguesa Contra o Cancro, que aponta que, entre os que existem, este é o mais comum entre as mulheres. Agredindo um órgão cheio de simbolismo, na maternidade e na feminilidade, o cancro da mama rouba a vida, por ano, a cerca de 1800 mulheres. Perante a doença, depois do confronto com a realidade, vale tudo, menos desistir. As batalhas são duras, mas há uma guerra para ganhar.
Que o diga Luísa Rio. Teve cancro mas não deixou que o cancro a tivesse a ela. A brigantina esbarrou de frente com a doença há nove anos. Corria 2012, tinha 43 anos, quando ouviu o diagnóstico que a deixou “sem chão”. “A única coisa que passa pela cabeça é que vamos morrer, que acaba tudo ali. É uma palavra muito forte: cancro”, contou. Tendo sido sujeita a tratamentos “muito agressivos”, depois de ter atravessado um deserto para “chegar ao oásis”, Luísa Rio ainda é seguida, não vá o diabo voltar a tecê-las. E é isso mesmo que é preciso fazer, prevenir, estar de olhos abertos. 
Em pleno Outubro, mês internacional dedicado à prevenção do cancro da mama, a sobrevivente diz não poder deixar conselho mais útil e simples: rastreio. “As mulheres devem fazer a prevenção, a palpação, tudo o que puderem para que, caso um dia a doença surja, ser detectada no começo”, vincou. A lutar contra o cancro, a vontade de viver foi determinante para Luísa Rio. Ainda assim, muitas vezes, há lutas que não podemos travar só com as nossas forças. Além da família, o ombro que “nunca faltou”, encontrou, em 2013, em Bragança, um movimento recém-criado que lhe deu a motivação que podia estar a faltar. Vencer e Viver, assim se chama o grupo de brigantinas, que agora Luísa também integra, que já ultrapassaram o “monstro” e que, entre muitas outras ajudas, dá a palavra amiga de quem sabe o que é o cancro.
Isilda Canedo é uma das “guerreiras” que não se deixou morrer às mãos do cancro da mama e é também uma das responsáveis por esta resposta existir em Bragança. Tem 64 anos e enfrentou o diagnóstico que lhe puseram à frente, sem tempo para o engolir, em 2010. À época, na casa dos 50, a brigantina ainda tinha uma “longa carreira profissional pela frente” e, por isso, e porquê “a vida é muito mais”, não se deixou intimidar. Ainda que o medo fosse “muito”, pediu a Deus para lhe dar “forças” para enfrentar o que o destino lhe tinha reservado. Tendo sido mastectomizada em 2011, ainda é seguida, mas não é só porque os médicos entendem que sim. Aceita-o e cumpre-o religiosamente porque “a prevenção é determinante”. O cancro deixou as duas mulheres arrasadas, mas não é a viver para os desgostos que o caminho se trilha. Mais vale perder tempo no que nos preenche. E nesse caso não se perde, só se ganha. E foi assim que, neste tão singelo pretexto, Isilda ajudou a criar o movimento. Nascido em 2013, já que se notava que era preciso apoiar as brigantinas que iam travando a batalha, o movimento tem agora cinco mulheres a ajudar outras 214.
A estas cinco juntam-se outras cerca de vinte mulheres que, por causa do trabalho, não podem participar de forma tão activa, mas não dizem que não ao que for preciso fazer. O gabinete de apoio situa- -se no mercado municipal. É uma casa aberta à esperança. Segundo Isilda Canedo, a ajuda é tanta quanto se pode prestar. “Tentamos dar apoio psicológico a quem nos procura. Damos o nosso testemunho, contamos o que passámos, mostramos que é possível vencer isto. Além disso, também temos próteses capilares e mamárias, assim como a informação necessária sobre a doença”, contou. 
Refira- -se que as voluntárias, assim como as mulheres que procuram o grupo, também têm aulas de ginástica adaptada, com dois professores, de forma a potenciar a recuperação. As aulas estiveram paradas, por causa da pandemia, mas retomarão, duas vezes por semana, brevemente. Cláudia Vaz é psicóloga na liga, em Bragança, há quatro anos. Dá consultas de psico- -oncologia e também colabora com o movimento. 
As campanhas, sobretudo de prevenção e sensibilização, nas quais participa, “têm sido muito bem aceites”. “Temos que estimular a população para comportamentos saudáveis”, vincou, assinalando que o apoio social também “tem vindo a crescer”. O apoio no transporte e medicação tem vindo também a ser procurado, em crescendo, já que a doença, e aqui vale qualquer tipo de cancro, abala o doente, acima de tudo, mas também comporta encargos financeiros que nem sempre se conseguem suportar.

Mil pães solidários para ajudar os que enfrentam a luta
No sábado, na Praça da Sé, vendeu-se pão solidário. Um pão em troca de um euro. Foi assim que se apelou à solidariedade dos que ali passaram. A ideia partiu da Padaria Pão de Gimonde, que quis assinalar o Dia Mundial deste alimento. “Juntar o assinalar da data a uma causa solidária foi o binómio perfeito”, contou uma das proprietárias da padaria, Elisabete Ferreira, francamente “satisfeita” com a adesão. À padaria juntou-se o politécnico de Bragança, sendo estes já parceiros em projectos na área agro-alimentar. As ajudas não ficaram por aqui. 
Os alunos do curso profissional de saúde da Escola Secundária Emídio Garcia também se aliaram à causa e ajudaram na confecção dos mil pães, aprendendo um pouco sobre a arte. Anabela Anjos, voluntária há cinco anos na liga, em Bragança, esteve na coordenação da iniciativa. Também esta se disse “agradada” com os brigantinos que vieram comprar o pão solidário. “ É uma causa sensível a todos. Esperemos que este dinheiro seja bem empregue na prevenção, investigação e auxilio aos que mais precisam”, rematou. 
Em pleno Outubro Rosa, à iniciativa juntou-se o Movimento Vencer e Viver. As mulheres estiveram na praça, toda a manhã, para que mais gente as conheça e, caso precise, as procure.

Jornalista: 
Carina Alves

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