A seca, o aumento da electricidade, dos fertilizantes e dos combustíveis e a falta de cereais, devido à guerra na Ucrânia, são agora o “calcanhar de Aquiles” dos produtores de carne da região
Em menos de três meses, os custos de produção duplicaram. Se o preço dos cereais, que disparou nas últimas semanas, poderia incentivar ao cultivo deste produto pelos agricultores, os elevados custos do combustível e dos adubos impedem que isso aconteça.
Actualmente, mesmo com o seu elevado custo, é preferível comprar do que semear cereais. “Se se mantiver o preço dos combustíveis, o preço das sementes e o preço dos adubos, os agricultores vão ter fazer contas, mesmo não havendo cereais no mercado, se vale a pena cultivar”, referiu o presidente da Organização de Produtores Pecuários de Vinhais. Carlos Silva frisou que, neste momento, ainda é preferível comprar, do que cultivar. Perante este cenário aguentar as produções começa a ser um problema.
Segundo o responsável, o valor da carne pago ao produtor aumentou no último mês mas, ainda assim, “o pequeno aumento que houve não compensa o elevado custo que há para produzir”. “Era necessário, neste momento, aumentar quase um euro o quilo de carcaça”, frisou. E para além de a venda da carne estar longe de rentabilizar os gastos, também começa a haver cada vez menos consumo. “Caminhamos para uma grande diminuição do poder de compra dos consumidores, por causa da inflação, e quando se tiver que cortar começa-se nos bens mais caros”, referiu Carlos Silva. A solução é mesmo reduzir o efectivo ou até deixar a pecuária.
Para o presidente da instituição, “começa a ser insustentável estar a produzir” e começa a ser preocupante os próximos meses, visto que será difícil a “instalação de novas explorações” e porque os produtores mais idosos poderão “abandonar actividade mais cedo do que esperavam”.
A Organização de Produtores Pecuários de Vinhais apoia cerca de 450 agricultores activos, o que se traduz em 2200 bovinos, cerca 18 mil pequenos ruminantes e 400 suínos.
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