Número total de visualizações do Blogue

Pesquisar neste blogue

Aderir a este Blogue

Sobre o Blogue

SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 19 de maio de 2022

𝐎 𝐋𝐈𝐍𝐇𝐎

 A nossa querida Mestre Emília deixou-nos as suas memórias e testemunhos dos modos de vida de antigamente. Com ela aprendemos o ciclo do linho.

“𝐸𝑟𝑎 𝑝𝑟𝑒𝑐𝑖𝑠𝑜 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑜𝑟 𝑚𝑢𝑖𝑡𝑜 𝑏𝑒𝑚 𝑎 𝑡𝑒𝑟𝑟𝑎, 𝑡𝑖𝑟𝑎𝑟 𝑡𝑜𝑑𝑎𝑠 𝑎𝑠 𝑝𝑒𝑑𝑟𝑎𝑠 𝑝𝑜𝑟𝑞𝑢𝑒 𝑎𝑠 𝑠𝑒𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑑𝑜 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑜 𝑒𝑟𝑎𝑚 𝑚𝑢𝑖𝑡𝑜 𝑝𝑒𝑞𝑢𝑒𝑛𝑎𝑠. 𝑆𝑒 𝑎 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎𝑐̧𝑎 𝑓𝑖𝑐𝑎𝑠𝑠𝑒 𝑚𝑢𝑖𝑡𝑜 𝑗𝑢𝑛𝑡𝑎, 𝑓𝑖𝑐𝑎𝑣𝑎 𝑚𝑎𝑖𝑠 𝑓𝑖𝑛𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑎𝑣𝑎-𝑠𝑒 𝑚𝑒𝑙ℎ𝑜𝑟, 𝑠𝑒 𝑓𝑖𝑐𝑎𝑠𝑠𝑒 𝑟𝑎𝑟𝑎 𝑎 𝑠𝑒𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑠𝑎𝑖́𝑎 𝑚𝑎𝑖𝑠 𝑔𝑟𝑜𝑠𝑠𝑎.” Mestre Emília Pires, 2016

O ciclo do linho passa pelas seguintes fases:

1 – O terreno era preparado e semeado o linho em Março e/ou Abril. Depois nos meses seguintes era regado e mondado. Em Julho estava pronto para ser arrancado inteiro com as mãos e colhido.

2 - O linho era ripado. Sacudia-se o linho para separar os caules das sementes. As melhores sementes eram guardadas para semear no ano seguinte.

3 - Com o linho faziam-se molhos para curtimento. Os molhos eram colocados no rio Baceiro e deixados de molho uma semana ou quinze dias para curar. Seguravam-se os molhos com pedras grandes para não fugirem com as correntes do rio.

4 - Os molhos eram retirados do rio e colocados a secar ao sol. O linho estendia-se nas pedras, nos amieiros. Passados dois ou três dias ia-se buscar.

5 - Os homens da aldeia juntavam-se e maçavam o linho. O linho ia para os maçadoiros, que são grandes pedras onde o linho era maçado. Colocava-se o linho nas pedras e depois era batido com um pau de madeira para ficar mole/macio, quebrando a parte lenhosa.

6 - Depois de maçado, as mulheres juntavam-se para espadar o linho. O linho era espadado em cima de um cortiço. Esta fase consistia em limpar e purificar o linho. Eram retiradas as partes grosseiras, lenhosas e partidas do linho. Limpas as arestas. O linho tinha de estar bem seco para se tirar o tasco grosso.

“𝑆𝑒 𝑜𝑠 𝑟𝑎𝑝𝑎𝑧𝑒𝑠 𝑠𝑜𝑢𝑏𝑒𝑠𝑠𝑒𝑚, 𝑎𝑝𝑎𝑟𝑒𝑐𝑖𝑎𝑚 𝑒 𝑓𝑎𝑧𝑖𝑎𝑚 𝑓𝑜𝑔𝑜 𝑎𝑜𝑠 𝑡𝑎𝑠𝑐𝑜𝑠. 𝑁𝑜́𝑠 𝑖́𝑎𝑚𝑜𝑠 𝑎𝑝𝑎𝑔𝑎𝑟 𝑐𝑜𝑚 𝑢𝑚 𝑝𝑎𝑢 𝑒 𝑎𝑡𝑖𝑐̧𝑎́𝑣𝑎𝑚𝑜𝑠 𝑎𝑖𝑛𝑑𝑎 𝑚𝑎𝑖𝑠 𝑜 𝑓𝑜𝑔𝑜.” Mestre Emília Pires, 2016

7- O linho era passado pelo sedeiro. Uma “escova” com dentes de aço, que separava o linho da estopa. A estopa caía ao chão e o linho ficava no sedeiro. O linho é uma fibra fina. A estopa é mais escura, grossa e de menor qualidade. Com o linho faziam-se coisas mais delicadas e finas, a estopa servia para confecionar coisas mais grosseiras como panos, lençóis, colchões. A estopinha é a estopa mais fina.

8 - O linho era fiado nas rocas e fusos pelas mulheres, transformando-se em fios. Deste processo resultavam as maçarocas. As maçarocas cresciam no fuso à medida que as mulheres fiavam.

9 - As maçarocas eram transformadas em meadas através do sarilho. Do processo de passagem do linho do fuso (as maçarocas) para o sarilho, faziam-se as meadas. As meadas iam a cozer com cinza e sabão para corar/branquear. Eram batidas, lavadas e depois penduradas para secar.

10 - Depois de clareado e seco, dobava-se o linho numa dobadoira para fazer os novelos. O linho estava pronto para ser trabalhado.

11 - Levavam-se então os novelos a uma tecedeira. No tear faziam lençóis, toalhas de mesa, colchas, entre outros.

Sem comentários:

Enviar um comentário