Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
A Capa de Honras Mirandesa, provavelmente, a versão profana da eclesiástica Capa de Asperges, tendo começado por ser uma peça de vestuário para proteção da chuva e do frio, é, atualmente, usada, quase exclusivamente, em ocasiões especiais, festividades e datas comemorativas, como elemento identificativo de pertença às Terras de Miranda.
O mirandês enverga, hoje, a rica e vistosa indumentária dos seus antepassados, com muita proa e orgulho.
Porém, apesar da exuberância e elaborada complexidade da forma do capuz e, igualmente, dos seus enfeites, apontem para um traje de cerimónia, a base da capa, propriamente dita, é constituída por um semicírculo de tecido de lã cardada, denunciando o propósito utilitário. A existência de uma racha posterior confirma o uso comum pois este corte destinava-se a adequá-la ao corpo dos equídeos, principal meio de deslocação de então. Curiosamente, é razoável pensar que a técnica do picotado, das refinadas e primorosas aplicações que a caracterizam, tenham tido origem no pesponto à volta do rasgo traseiro, com o objetivo de impedir que progredisse para além da sua utilidade.
Hoje, a sua confeção e uso integra sempre as quatro peças fundamentais: a base, a sobrecapa, o capuz e a honra, não sendo difícil admitir que, originalmente, fosse usada regularmente, a base, à qual se acrescentavam as restantes, de acordo com as posses e a posição social do seu possuidor e a ocasião. É pouco provável que o uso integral fosse comum e corrente, sobretudo, nas atividades rurais.
Atualmente usa-se, em ocasiões festivas, religiosas ou profanas, em Terras de Miranda. Este domínio, vulgar, mas erroneamente, associado ao concelho de Miranda do Douro e algumas freguesias próximas dos concelhos vizinhos, é entendido, pelos especialistas, com uma abrangência maior, mais pragmática e mais conformada com a realidade histórica: Terra de Miranda é o território português, entre Sabor e Douro; desde Rio de Onor até à Foz do Sabor.
Recentemente vi, não me lembro onde, uma fotografia de uma festividade mirandesa onde o uso da capa era generalizado, não só pelos naturais daquele concelho, mas igualmente por muitos dos convidados. Entre eles o Presidente de Câmara da minha terra, Torre de Moncorvo. Gostei de ver. Ficava-lhe bem. Não pelo aspeto estético, pois não me pronuncio sobre as opções indumentárias do atual detentor do cargo, mas pela adesão natural a este traço identitário, cuja fronteira identitária não pode pecar pelo exagero de excluir uma borda natural da margem direita do Sabor, facilmente identificável pelos costumes e linguajar, como dizia, frequentemente, o Amadeu Ferreira.
O uso da capa, na edilidade moncorvense, e noutras vizinhas, fica bem mas, vesti-la, não pode ser apenas para ficar bem na fotografia. O seu uso implica assumir, na totalidade, as responsabilidades que a indumentária carrega e coloca nos ombros de quem a enverga.
O mirandês enverga, hoje, a rica e vistosa indumentária dos seus antepassados, com muita proa e orgulho.
Porém, apesar da exuberância e elaborada complexidade da forma do capuz e, igualmente, dos seus enfeites, apontem para um traje de cerimónia, a base da capa, propriamente dita, é constituída por um semicírculo de tecido de lã cardada, denunciando o propósito utilitário. A existência de uma racha posterior confirma o uso comum pois este corte destinava-se a adequá-la ao corpo dos equídeos, principal meio de deslocação de então. Curiosamente, é razoável pensar que a técnica do picotado, das refinadas e primorosas aplicações que a caracterizam, tenham tido origem no pesponto à volta do rasgo traseiro, com o objetivo de impedir que progredisse para além da sua utilidade.
Hoje, a sua confeção e uso integra sempre as quatro peças fundamentais: a base, a sobrecapa, o capuz e a honra, não sendo difícil admitir que, originalmente, fosse usada regularmente, a base, à qual se acrescentavam as restantes, de acordo com as posses e a posição social do seu possuidor e a ocasião. É pouco provável que o uso integral fosse comum e corrente, sobretudo, nas atividades rurais.
Atualmente usa-se, em ocasiões festivas, religiosas ou profanas, em Terras de Miranda. Este domínio, vulgar, mas erroneamente, associado ao concelho de Miranda do Douro e algumas freguesias próximas dos concelhos vizinhos, é entendido, pelos especialistas, com uma abrangência maior, mais pragmática e mais conformada com a realidade histórica: Terra de Miranda é o território português, entre Sabor e Douro; desde Rio de Onor até à Foz do Sabor.
Recentemente vi, não me lembro onde, uma fotografia de uma festividade mirandesa onde o uso da capa era generalizado, não só pelos naturais daquele concelho, mas igualmente por muitos dos convidados. Entre eles o Presidente de Câmara da minha terra, Torre de Moncorvo. Gostei de ver. Ficava-lhe bem. Não pelo aspeto estético, pois não me pronuncio sobre as opções indumentárias do atual detentor do cargo, mas pela adesão natural a este traço identitário, cuja fronteira identitária não pode pecar pelo exagero de excluir uma borda natural da margem direita do Sabor, facilmente identificável pelos costumes e linguajar, como dizia, frequentemente, o Amadeu Ferreira.
O uso da capa, na edilidade moncorvense, e noutras vizinhas, fica bem mas, vesti-la, não pode ser apenas para ficar bem na fotografia. O seu uso implica assumir, na totalidade, as responsabilidades que a indumentária carrega e coloca nos ombros de quem a enverga.
José Mário Leite, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia), A Morte de Germano Trancoso (Romance) e Canto d'Encantos (Contos), tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.
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