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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

Ditos, provérbios e cantigas sobre a comida e o comer

 
Sobre a comida e o comer

Antes da sopa,
Molha-se a boca.

Sopa acabada,
Boca molhada.

Quem a meio da sopa não bebe,
Não sabe o que perde.

                                (Beira Alta)

No meio dela,
Molha-se a goela.

Sopa acabada,
Goela molhada.

                                 (Coimbra)

Barriga cheia,
Pé dormente,
Vou-me deitar
Que estou doente!

                                 (Minho)

Ditos e expressões diversas sobre a comida e o comer

Quando se ingeriu um alimento de que se gostou, é costume dizer, como quem quer mais: «Soube a pouco!»

Gostando-se pouco de uma comida também se diz: «Soube que nem ginjas» (Lisboa) com alusão à ginjinha (ginja de infusão em aguardente)? Na Beira Baixa a expressão é: «Soube que nem figos», «…que nem nozes».

A salada deve ser temperada de azeite por um desgovernado, de vinagre por um governo e mexida por um doido (Beira, Estremadura).

A quem diz que vai comer é costume responder: «Que lhe preste!» O dito, muito português, vai sendo substituído por: «Que lhe faça bom proveito!», «Bom proveito!» Os espanhóis dizem também: «Buen provecho!» Os Alemães dizem à latina «Prosit!» No Peral ouvi assim: «Bom proveito à barriga e ao peito!»

Quando A deu qualquer comida a B e lhe cai ao chão, diz este de brincadeira. «Choraste-m’o?». Ou então diz A a sério: «Olha que não foi chorado» (Mesão Frio).

Quem comeu bem a uma refeição exclama: «Estou como um padre», «Estou como um abade».

Quem está à mesa não se faz velho.

O que não mata, farta. O que não mata engorda.

Quem se deita sem ceia toda a noite rabeia. (Porto).

Mas também se diz: Das grandes ceias estão as sepulturas cheias (Passim).

E, por outro lado: Quem ceia e logo se vai deitar, má noite há-de passar (passim). É caso para lembrar o dito latino: «Post coenam centum passus.»

Quando fica um resto de comida na mesa usa dizer-se: «Cerimónia de Alfaiate.» Em Portalegre: «Honra de Alegrete»; em Góis (distrito de Coimbra): «Honra d’Alvares.»

De uma coisa que vem muito a propósito diz-se que «caiu como sopa no mel.»

E mais algumas…

Quem tem má boca passa mal.

Quem não trabuca, não manduca.

Nem sempre galinha, nem sempre sardinha.

Quem tarde vier, comerá do que trouxer (Minho).

Quem come perdiz, a barba lho diz (Bragança).

O que faz bem a fígado, faz mal ao baço.

Duas quadras populares

Onze horas e meio-dia,
Eu aqui sem almoçar!
Qual será o coração
Que não se há-de agastar?

                                      (Vila de Rei)

Ao almoço me dão leite,
Ao jantar leite me dão,
À merenda pão com leite,
À ceia leite com pão.

                                     (Concelho de Sabugal)

Fonte: Etnografia Portuguesa – vol.VI, J. Leite de Vasconcelos

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