Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
E não sabiam mesmo! E isso não quer dizer, de forma nenhuma, que os médicos são ignorantes nem tão pouco que não estejam a seguir as normas das melhores práticas recomendadas. Apesar dos enormes progressos na investigação clínica e na medicina, a atividade médica continua (e continuará, provavelmente) em algumas situações mais complexas num estádio experimental. Só a experiência poderá dizer, em concreto, qual das terapias alternativas é a mais indicada para cada caso. E, na maioria dos casos, esta experimentação, terá de ser feita no próprio doente.
Abriu-se, recentemente, um raio de esperança que facilite estas situações complexas e dolorosas: a possibilidade de aplicar, os tratamentos alternativos, todos ao mesmo tempo, em tecidos humanos do próprio doente, em laboratório, em linhas distintas usando as células atingidas pela enfermidade. É porém um processo complexo, caro e, sobretudo, exigente ao nível da infra-estrutura (a recolha e manipulação das amostras tem de ser feita em salas de elevado grau de esterilização) do equipamento e do conhecimento técnico dos operadores que vão auxiliar os médicos. E este último escasseia. Porque é tão especializado que, cada vez mais, só se adquire ao nível do doutoramento.
Quem nunca ouviu noticiar que, em determinada unidade clínica, do SNS existia um equipamento pronto mas sem estar a ser operado? Deve colocar-se a pergunta: alguém, no seu perfeito juízo decidiria um investimento elevado em algo que seria de grande utilidade para o deixar encaixotado ou já instalado, sem o usar? Se não é utilizado, provavelmente a razão deve prender-se com a dificuldade em ter quem o opere adequadamente.
Daí a importância da formação pós-graduada em Ciências Médicas. Que, depois de aprovado o respectivo diploma na Assembleia da República, pode ser feita no nosso IPB.
Não é fácil entender que quem devendo apoiar ativamente este objectivo, em nome das populações que representa (para isso foi eleito), não o faça. Sobretudo quem, quando na oposição e sendo apenas aspirante ao lugar que agora ocupa, organizava manifestações de protesto perante o titular de então, que pouco nada podia fazer, agora que o seu apoio pode ser útil, ignora e desvaloriza os benefícios para a população, que então reclamava como importantes e urgentes. Infelizmente há quem o siga, na indiferença e no afastamento do que pode ser um dos maiores e mais importantes projetos da região.
Felizmente há, entre os seus pares, quem pense exactamente ao contrário.
José Mário Leite, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia) e A Morte de Germano Trancoso (Romance), Canto d'Encantos (Contos) tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.
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