Por: Humberto Pinho da Silva
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
Neste domingo de céu enevoado, mas sem chuva, dirigi-me para a minha mesa de voto.
Árdua tarefa de escolher político, que não conheço, desconhecendo, também, sua conduta como cidadão. Apenas sei o que diz e o que quer que eu saiba, para poder alcançar o cargo que deseja. Fui levado mais pelo instinto, experiência devido à minha idade no prepósito de cumprir o dever patriótico.
Ao atravessar o portão da escola, onde se encontravam as mesas de voto, surgiu-me parente, que logo entabulou conversa:
Disse-me: que há mais de dez anos que não vota!...
Perante a minha estupefação, explicou-se: teve necessidade de renovar o BI. O novo é Perpétuo. Ficou contente. Era para toda a vida...
Entretanto teve que mudar de localidade. Avisou as Finanças, o Banco, e foi à Junta da nova freguesia, para lhes dar conhecimento da mudança. Disseram-lhe ser impossível sem Cartão de Cidadão.
Não tirou. Comprou casa, vendeu casa, realizou transações comerciais, e o BI serviu-lhe para tudo. Ao pedirem-lhe documento para provar a residência, sempre lhe bastou o recibo da água ou da eletricidade...
Desta vez abriram exceção: podia votar com o seu BI, graças à Internet.
Agora pergunto: quais são as dificuldades das Juntas a transferirem a residência, sem Cartão de Cidadão?
Como o meu parente, quantos idosos doentes,não estão impedidos de votar?
Parece-me uma incongruência.
Árdua tarefa de escolher político, que não conheço, desconhecendo, também, sua conduta como cidadão. Apenas sei o que diz e o que quer que eu saiba, para poder alcançar o cargo que deseja. Fui levado mais pelo instinto, experiência devido à minha idade no prepósito de cumprir o dever patriótico.
Ao atravessar o portão da escola, onde se encontravam as mesas de voto, surgiu-me parente, que logo entabulou conversa:
Disse-me: que há mais de dez anos que não vota!...
Perante a minha estupefação, explicou-se: teve necessidade de renovar o BI. O novo é Perpétuo. Ficou contente. Era para toda a vida...
Entretanto teve que mudar de localidade. Avisou as Finanças, o Banco, e foi à Junta da nova freguesia, para lhes dar conhecimento da mudança. Disseram-lhe ser impossível sem Cartão de Cidadão.
Não tirou. Comprou casa, vendeu casa, realizou transações comerciais, e o BI serviu-lhe para tudo. Ao pedirem-lhe documento para provar a residência, sempre lhe bastou o recibo da água ou da eletricidade...
Desta vez abriram exceção: podia votar com o seu BI, graças à Internet.
Agora pergunto: quais são as dificuldades das Juntas a transferirem a residência, sem Cartão de Cidadão?
Como o meu parente, quantos idosos doentes,não estão impedidos de votar?
Parece-me uma incongruência.
Humberto Pinho da Silva nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG” e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".
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