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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

O magnífico Castelo de Algoso – Ou uma história reescrita, com Bragançãos pelo meio (Parte II)

Por: Rui Rendeiro Sousa
(Colaborador do "Memórias...e outras coisas...")


 Dizem alguns testemunhos escritos que o imponente Castelo de Algoso foi construído por um «Mendo Bofinho» ou «Bufinho», o qual também surge, erradamente, designado como «Rufino», uma corrupção do alternativo «Bufino» ou «Bofino». Personagem que nasceu no último quartel do século XI e que, diz a «cartilha», era de uma «família de segunda linha» do reino que, reino ainda não sendo, muito menos abarcava as «Terras de Bragança». A ignorância, e o «para quem é bacalhau basta», induz-nos em imensos equívocos… E há tantos…

Esse tal de «Mendo Bofinho», possuía esse estranho «apelido», por representar o mesmo uma alcunha, um diminutivo de «bufo», uma ave da família das corujas e dos mochos. Em termos efectivos, porém, não era de uma «família de segunda linha», era de uma das cinco mais relevantes famílias daquilo a que a «cartilha» designa por «início da nacionalidade». Por isso a sua tia se casou com um membro de outra das tais cinco famílias, um Braganção! “Q’ós Bragançãus’e num se casabum c’ua qulquera”! E era mais, muito mais!…

Foi, conjuntamente com o irmão, figura de relevo na Corte Condal de D. Henrique e de D. Teresa. Aliás, o irmão até foi o primeiro Alferes-mor do Conde, ou seja, o «comandante supremo do exército». Irmão esse que também deixaria marca por aqui, porque associado surge ao mais antigo documento, no distrito, a mencionar, especificamente, uma paróquia, cumpriram-se, “ásti anu’e”, 915 anos! E é uma paróquia do meu concelho «sem história»… 

Regressemos, porém, ao «Bofinho». O tal que dizem, erradamente, ser o construtor do magnífico Castelo de Algoso. O qual, para lá de ter sido próximo do Conde D. Henrique e de D. Teresa, também o foi da irmã desta última, D. Urraca, que era a efectiva «dona» destas terras. Que, com estas «manias da nacionalidade», ninguém nos “dize” que assim foi e que nunca pertencemos ao tal de «Condado Portucalense». Por isso, também, quem por aqui mandava eram os Bragançãos, que nada tiveram a ver com o dito «Condado», para tal mandatados por Afonso VI de Leão, pai da dita D. Urraca. Esta, por “bias’e” do Conde D. Raimundo, foi mãe de Afonso VII de Leão, “muntu amigu dus Bragançaus’e, q’erum primus’e du tale de Bufinhu’e”, o qual também foi muito próximo do dito Afonso VII.

Por estas bandas, éramos muito mais próximos do lado Leonês… Por isso, o tal de primeiro «Mendo Bofinho», que por «Terras Bragançanas» deixou prole, foi Mordomo-mor de Afonso VII e, veja-se o espanto, foi o primeiro… Alcaide-mor de Madrid! “C’um catantchu’e, as stórias que num nus contum’e”! A verdade é que este «Mendo Bofinho» casaria duas vezes. Do segundo casamento, teve um filho, de nome Pedro, que, por sua vez, teria um outro. Que seguiria a regra dos nomes medievais que por aqui trouxe na «Parte I»: Mendo, como o avô, e Pires («Petri»), porque era filho de Pedro. O qual acabaria por adquirir a mesma alcunha do avô, «Bofinho», ou seja, Mendo Pires «Bofinho». “Stãu a bere as cunfusões que s’armum?”… E este último, sim, seria o construtor do Castelo de Algoso!

Facto que parece ter acontecido já D. Sancho I co-reinando com o pai. Ora, para a historiografia tradicional, que despreza os Bragançãos, que efectivamente aqui mandavam, se D. Sancho I já reinava, o Castelo de Algoso foi mandado construir por… D. Sancho I! “Ma num é assim’e”! Porque o dito castelo era propriedade, não do rei, mas de… D. Mendo Bofinho! O tal que não era de nenhuma «família de segunda linha»… E, “prontus’e”, lá terei de “bire cá cum a treceira parte, p’ra iz’tu num se ztendere muntu’e”… Apenas para entenderem, no final, que há uma ligação entre o magnífico Castelo de Algoso e... o lindíssimo Palácio dos Marqueses de Fronteira, em Lisboa… “Bô”?...

(Foto: Daniel Jorge)


Rui Rendeiro Sousa
– Doutorado «em amor à terra», com mestrado «em essência», pós-graduações «em tcharro falar», e licenciatura «em genuinidade». É professor de «inusitada paixão» ao bragançano distrito, em particular, a Macedo de Cavaleiros, terra que o viu nascer e crescer. 
Investigador das nossas terras, das suas história, linguística, etnografia, etnologia, genética, e de tudo mais o que houver, há mais de três décadas. 
Colabora, há bastantes anos, com jornais e revistas, bem como com canais televisivos, nos quais já participou em diversos programas, sendo autor de alguns, sempre tendo como mote a região bragançana. 
É autor de mais de quatro dezenas de livros sobre a história das freguesias do concelho de Macedo de Cavaleiros. 
E mais “alguas cousas que num são pr’áqui tchamadas”.

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