quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Francisco de Morais da Silva Campilho

Em 1720, Francisco de Morais da Silva Campilho, sargento-mor, morador em Vinhais, requereu uma pública-forma do vínculo de morgadio de que era representante, fundado a 2 de Janeiro de 1672 por João de Morais de Valcacer, licenciado, abade de Negreda, a favor de suas sobrinhas (eram dois os morgadios que fundava) Francisca de Morais, ajustada para casar com Estêvão de Mariz Sarmento, e Isabel de Morais, também ajustada para casar com Cristóvão da Silva Sarmento, ambas filhas legítimas de Maria de Valcacer, irmã do abade fundador. Os casamentos realizaram-se. Os bens vinculados estavam situados, entre outros lugares, nos seguintes: Pelames, Coutada, Corujeira, Canameira e Lobagueiras.
Por outro documento, que vem junto a este, vê-se que em 1677 era já falecido o abade fundador, e nessa altura Estêvão de Mariz Sarmento era cavaleiro professo na ordem de Cristo, capitão-mor e governador de Vinhais.
D.Maria Eugénia de Morais Castro Sarmento, com autorização de seu marido Pedro José Sebastião de Morais Sarmento, de Vinhais, requereu em 1720 pública-forma do mesmo morgadio fundado pelo aludido abade, do qual era ao tempo senhora.
Em 6 de Novembro de 1744 fez testamento Lourenço da Silva Sarmento, abade encomendado de Vinhais e comissário do Santo Ofício, deixando herdeiro universal dos bens seu sobrinho Lourenço da Silva Sarmento, administrador do morgado que ele e seus irmãos fundaram. O abade fundador era irmão de D. Rita, freira no convento de Vinhais, de André de Morais Sarmento e de José Sarmento e tio de João de Morais Sarmento de Miranda, de João de Macedo de Madureira, arcediago de Mirandela, e de D. Isabel, noviça no convento de Vinhais.
D.Maria Eugénia da Conceição, com autoridade de seu marido Pedro José Sebastião de Morais Sarmento, requereu em 1800 pública-forma do vínculo de morgadio fundado a 26 de Maio de 1730 por D. Rosa de Morais Sarmento, João Baptista de Morais Sarmento, vigário da igreja do Pinheiro Novo, André de Morais Sarmento, abade de Candedo, padre Pedro de Morais Sarmento e padre Lourenço da Silva Sarmento (este ausente em Lisboa, mas representado por procuração), todos irmãos, nos bens do casal do Bairro do Eiró, que herdaram de seus pais. Estes bens eram agregados ao morgado administrado por Francisco de Morais da Silva, sargento-mor da comarca de Moncorvo, irmão dos instituidores na capela de Nossa Senhora da Conceição.
A 4 de Fevereiro de 1706 João da Rocha Figueiredo, de Vinhais, fundou um vínculo de morgadio com capela dedicada a Santo António (não se percebe bem se é a este santo), edificado na capela de S. Lourenço. Na falta de descendentes seus, chama para sucessores os filhos de seu irmão Pedro de Morais Sarmento; na falta destes, os de sua irmã D. Joana de Morais Sarmento, casada com Jácome de Morais Sarmento, e na destes, os de sua irmã D. Perpétua. O instituidor era filho de Francisco da Silva Barreto e de D. Perpétua da Rocha Figueiredo.
Parte dos bens destes morgadios ainda hoje pertencem à família Campilho, de que tratámos no tomo VI, pág. 617, destas Memórias, e a outra parte à família Ferreira Sarmento, das Aguieiras.
Não alcançamos a relação que há entre esta família e o facto que vamos relatar, digno de ficar arquivado nestas páginas. Em Outubro de 1759, quando mais acesas andavam as iras do marquês de Pombal contra os regicidas, foi preso em Perpinhão José António de Morais Sarmento, de trinta e sete anos de idade, residente em Lisboa, filho ilegítimo do padre António de Morais Sarmento e de Rosa de Gouveia, mulher de Manuel d’Armida (da Ermida?), naturais de Vinhais, na província de Trás-os-Montes, por confessar que era ele o regicida José Policarpo, tão avidamente procurado pelas iras pombalinas. Afinal, do auto de identificação a que procederam dois emissários do governo português, veio a saber-se: que o nosso conterrâneo não era o réu procurado; que ia a Roma visitar seu tio, o padre Francisco da Silva de Morais Sarmento, empregado na igreja de S. João de Latrão, e que fora por borracheira, sem saber o que dizia, que confessou ser ele o tal José Policarpo.
Que grande patusco! a caçoar com o senhor de Pombal!...

Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança

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