DECO abre serviço em Mirandela

As famílias sobreendividadas dos cinco municípios da terra quente já vão poder obter toda a informação relativa a forma como podem renegociar os seus empréstimos sem terem necessidade de se deslocar ao Porto. É o resultado de um protocolo estabelecido entre a Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana e a DECO (Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor).  De acordo com os dados do Gabinete de Apoio ao Sobre endividado da DECO, cada família sobreendividada tem, em média, 5,4 créditos. A principal causa das dificuldades é o desemprego, seguida de doença e da deterioração das condições laborais. Com este protocolo, na prática, a DECO compromete-se a agendar periodicamente o atendimento às famílias que procuram junto das autarquias de Mirandela, Macedo de Cavaleiros, Vila Flor, Carrazeda de Ansiães e Alfandega da Fé, ajuda para conseguirem pagar os seus empréstimos.
Para além disso, a DECO vai dar formação aos técnicos destas cinco autarquias para ficarem aptos a prestarem todo o tipo de esclarecimentos sobre esta nova problemática da sociedade portuguesa.“Os técnicos autárquicos é que estão cá todos os dias em contacto directo com as populações. Nós viremos cá pontualmente e faremos atendimento em datas a definir pelas autarquias e à partida será aqui em Mirandela” explica o presidente da delegação Norte da DECO, Pinto Lopes, acrescentado que “a formação dos técnicos é fundamental para poderem encaminhar, informar e se sentirem que não têm possibilidade de resolver os problemas na altura, dizerem quando é que a DECO se desloca aqui e agendar o caso concreto dos sobreendividados”.Para Berta Nunes, vogal da AMTQT, este protocolo com a DECO é de extrema importância face ao elevado número de famílias que tem procurado as autarquias com problemas de sobreendividamento.
Agora o atendimento pode ser feito na região sem necessidade de haver grandes deslocações.“Antes deste protocolo já tínhamos tido algum trabalho com a DECO. Concretamente no meu município algumas pessoas já procuravam a câmara com dificuldades financeiras e por estarem sobreendividadas e não conseguirem pagar todos os encargos das dívidas que tinham acumulado” refere a presidente de câmara. “Numa primeira fase fomos ver que resposta a DECO estava a dar porque sabíamos que estava a trabalhar eta área. Começámos a trabalhar casos concretos em articulação com a DECO e depois chegámos a conclusão que era um bocado complicado as pessoas deslocarem-se ao Porto para um atendimento mais directo com a entidade que serve de mediadora com as instituições de crédito” acrescenta Berta Nunes. Por isso “entendemos que fazia todo o sentido encontrarmos um local mais próximo” salienta.
A autarca de Alfandega da Fé entende que este é o primeiro passo na colaboração com a DECO e deixa algumas sugestões para próximos acordos, nomeadamente na problemática da falta de cobertura de rede das operadoras de telemóveis e na falta de uma rede de transportes adequada.“Nós temos um problema muito grave de falta de cobertura em relação a todas a redes de telemóveis e isto é uma situação que prejudica muito as pessoas que vivem no interior.
Nas aldeias muitas vezes têm de se deslocar ao ponto mais alto para ter rede” afirma. “Outro problema tem a ver com a acessibilidade interna pois muitas vezes as carreiras tradicionais de transportes públicos já nem sequer vão à aldeia”.Este protocolo é válido para os próximos três anos, e vai custar cinco mil euros, por ano, aos cinco municípios que integram a AMTQT.O presidente da delegação Norte da DECO sublinha a importância deste protocolo até porque significa a chegada ao interior da associação portuguesa para a defesa do consumidor trinta anos após a sua criação.
“Trinta anos para chegar a Mirandela parece um bocadinho de mais. Nós já estamos a trabalhar com algumas autarquias na área do Grande Porto mas achamos que era altura de expandirmos e cobrirmos toda a região que nos compete” conclui o presidente da delegação Norte da DECO, Pinto Lopes.
Escrito por CIR
in:brigantia