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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Homilia do bispo de Bragança-Miranda na solenidade de Santa Maria Mãe de Deus

Foto: AP
Caros Presbíteros, Párocos da Cidade
Caríssimos Jovens
Irmãos e Irmãs

Na oitava da solenidade do Natal que celebramos com nobre simplicidade nesta igreja catedral, a Liturgia de hoje apresenta-nos o Deus menino «nascido de uma mulher, nascido sob a lei (2ª leitura), a quem foi dado o nome de Jesus, oito dias depois do nascimento (evangelho), como realização plena da bênção de Deus à humanidade (1ª leitura). Bênção= dizer bem. Deus diz bem de nós – nós somos chamados a dizer bem de Deus.
A Igreja dedica o primeiro dia do ano civil a Maria, celebrando o seu privilégio único e o seu título essencial de Mãe de Deus (Theotókos). O tempo do Natal constitui uma prolongada memória da maternidade divina. Por tal, a solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, se celebra hoje, 1 de janeiro, dia da oitava do Natal. A liturgia canta-o com admiração: «oh admirável mistério! Comércio admirável que o amor descobriu».
Hoje contemplamos a possibilidade do impossível: Maria, Virgem e Mãe. A protagonista do texto do evangelho é Maria (com José e Jesus). Aparecem também os pastores que contam o que lhes aconteceu e o que os anjos lhes anunciaram, e veem o sinal: “o menino deitado na manjedoura”. Maria, da sua parte, “fixava todas estas palavras e pensava nelas no íntimo do seu coração”. A atitude de Maria é de prudente sabedoria e o convite a ver bem com o coração.
Quando a Igreja fala da maternidade de Maria não proclama só um mistério, mas evidencia também uma relação de família: “os pastores encontraram Maria e José e o menino”. O silêncio é o segredo de Maria. Do silêncio-escuta passa ao acolhimento-disponibilidade. Esta é a memória do coração. Maria é modelo da escuta da Palavra e presença orante na Igreja nascente e na Igreja de todos os tempos.      
O próprio nome dado – Jesus, que significa “o Senhor salva” – indica a vontade da salvação de Deus. «A Sua vinda testemunha o que não sabíamos ainda: a nossa frágil humanidade é narração da autobiografia de Deus» (Tolentino Mendonça). Jesus é o grande sorriso de Deus às pessoas de todos os tempos. Cada um de nós é chamado pelo nome próprio desde o nosso Batismo.
Hoje trocamos os melhores votos de paz, porque este dia foi também escolhido há 45 anos como o dia mundial da paz. A paz é o grande desejo do coração de cada um. Jesus Cristo é a nossa verdadeira paz. «Educar os jovens para justiça e a paz» – tema do dia. Porque estamos convencidos «de que eles podem, com o seu entusiasmo e idealismo, oferecer uma nova esperança ao mundo» e convida-nos «prestar atenção ao mundo juvenil, saber escutá-lo e valorizá-lo para a construção dum futuro de justiça e de paz não é só uma oportunidade mas um dever primário de toda a sociedade».
A Igreja acredita que a educação é uma aventura fascinante e confia muito nos jovens. «Queridos jovens, vós sois um dom precioso para a sociedade. Diante das dificuldades, não vos deixeis invadir pelo desânimo nem vos abandoneis a falsas soluções, que frequentemente se apresentam como o caminho mais fácil para superar os problemas. Não tenhais medo de vos empenhar, de enfrentar a fadiga e o sacrifício, de optar por caminhos que requerem fidelidade e constância, humildade e dedicação».
Uma saudação amiga aos jovens, em especial aos seminaristas que buscam, na alegria e na esperança dos vários caminhos, a Cristo, Caminho, Verdade e Vida. Tal como o grão de amendoeira, vós jovens estais a amadurecer a vossa vida, por isso, não tenhais medo dos desafios destes tempos. Quero ser colaborador da vossa alegria. A primeira experiência que juntos fizemos de escuta da Esperança na lectio divina aqui na cripta da Catedral leva-nos a uma sempre maior paz do coração para poderdes sempre dizer Senhor, eis-me aqui, podeis enviar-me.
A fé traz consigo o risco da confiança. Não somos cristãos porque decidimos por uma ética ou alguma ideia, mas por causa de um encontro com a Pessoa de Jesus Cristo que dá um novo horizonte à vida.
Cristo, a nossa Paz, nos renove na confiança realista do Evangelho!
No limiar do Ano 2012 e há 3 meses da ordenação e início do ministério episcopal na nossa amada Diocese de Bragança-Miranda, estou consciente que ser bispo significa servir. Vivemos um tempo e um mundo que encaro com esperança no futuro. Disponho-me, como servo, a uma escuta da Palavra sacramental entrançada com a vida quotidiana. Continuo a pedir a Deus um coração que escuta para ser um servidor da Esperança nesta Igreja que peregrina em Bragança-Miranda e que se quer repensar e reorganizar ao longo deste ano. O Senhor ilumine e acompanhe a preparação do plano pastoral diocesano para 5 anos até 2017 – o ano do centenário das aparições em Fátima.
O Ano da Fé proclamado pelo Papa Bento XVI a iniciar a 11 de outubro, dia em que se comemoram os 50 anos da abertura do grande acontecimento do Concílio Vaticano II, a reorganização da pastoral nas suas estruturas diocesanas e paroquias, a formação inicial e permanente do Clero, o Instituto Diocesano do Clero, a Casa sacerdotal, a formação permanente dos Leigos, a recriação do Instituto Diocesanos de Estudos Pastorais – são alguns dos grandes desafios destes tempos novos.
Jesus Cristo tem de ser o centro e estar no centro «Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre» (Hb 13,8). Temos sempre de fixar os olhos em Jesus (cf. Lc 4,20). Este Ano é a oportunidade de confessar a fé no Senhor Ressuscitado na nossa catedral e nas igrejas da Diocese, nas nossas casas e no meio das nossas famílias, para que cada um sinta fortemente a exigência de conhecer melhor e de transmitir às gerações futuras a fé de sempre. O Santo Padre apela a que: «tanto as comunidades religiosas como as comunidades paroquiais e todas as realidades eclesiais, antigas e novas, encontrarão forma de fazer publicamente profissão do Credo».
Bragança tem montes de Esperança e muitas possibilidades e oportunidades!
De todo o coração quero saudar todos os meus irmãos e amigos Presbíteros. Em Cristo Cabeça, Pastor, Esposo e Servo da Igreja, o presbitério é lugar de comunhão e crescimento, o qual tem «origem sacramental e se reflete e se prolonga no âmbito do exercício do ministério presbiteral do mistério ao ministério». A feliz realização da nossa Assembleia do Clero renovou em nós o dinamismo da formação permanente e da conversão pastoral.
Aos Diáconos encorajo no serviço da caridade, da Palavra e da Liturgia. Até junho de 2012 esperamos a apresentação dos candidatos ao Diaconado permanente e faremos a respetiva seleção.
Aos Religiosos e às Religiosas e aos membros dos Institutos seculares, expresso a minha estima e gratidão pelo dom do testemunho do primado absoluto de Deus na Igreja e no mundo. Maria, a Mulher da Esperança ajude a confirmar os desafios que assembleia dos Religiosos aceitou para a Nova Evangelização na nossa Diocese.
A todos os cristãos leigos, às famílias, às paróquias, aos Movimentos e às novas comunidades eclesiais, às Vigararias, aos Secretariados, às Comissões diocesanas, às Instituições de solidariedade social, às Misericórdias, às Confrarias e às Irmandades continuo a garantir a minha disponibilidade e oração, contando com a vossa colaboração e corresponsabilidade na construção da civilização do amor e de comunidades eclesiais amadurecidas.
Com as Autoridades autárquicas, civis, académicas, forças de segurança e órgãos de comunicação social espero continuar uma colaboração recíproca em ordem ao bem comum no nosso Distrito e Diocese.
Saúdo ainda todas as pessoas de boa vontade que buscam a verdade na sua vida. Desejo, sinceramente que se promova o desenvolvimento na verdade e na caridade e que na nossa terra «os montes tragam a paz ao povo, e as colinas, a justiça» (Sl 72).
S. Bento, o padroeiro da Diocese, continua a desafiar na sua Regra: «não prefiram absolutamente nada a Cristo». Convido-vos, por isso, a ousar a coragem da Esperança, para podermos mostrar hoje os mistérios de Cristo, porque a beleza e a alegria do Evangelho têm um enorme fascínio.
A nossa realidade pastoral exige a coragem, a confiança e a paciência para ir ao encontro dos homens e das mulheres do nosso tempo, testemunhando que também hoje é possível, belo, bom e justo viver a existência humana à luz do Evangelho.
Quero ser Bispo para vós e continuar a ser cristão convosco numa só Igreja, que tem como sinal visível da comunhão esta igreja Catedral, qual casa de Deus na cidade dos homens e das mulheres de hoje.

Igreja catedral de Bragança, 1 de janeiro 2012
D. José Cordeiro

in:Agência Ecclesia

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