A matéria-prima (trigo, milho ou centeio) utilizada tem a ver “com o clima e com o tipo de cereal que se dá melhor em cada zona no país”, diz José Manuel Estriga Marques, formador na área de panificação do Centro de Formação Profissional do Sector Alimentar (CFPSA). Em Portugal conhecem-se, seguramente, mais de 100 variedades diferentes. Dentro do pão de milho, pão de trigo, pão de centeio, pão de mistura ou pão integral, é possível obter vários tipos de pão conforme o processo de fabrico e o tipo de fermentação.
Já a diferença entre os formatos se deve aos fornos comunitários. “Cada pessoa ou cada família fazia a sua massa que depois era cozida no forno comunitário. Como a mesma fornada tinha massas de várias famílias, para se distinguirem os pães uns dos outros começaram a fazer marcas nos pães”, explica o formador. “Daí terem as diversas tenduras que se foram aperfeiçoando e variando ao longo dos tempos”.
Quando surgiram as máquinas e as grandes concentrações das padarias, a produção aumentou e obrigou a que o processo de fabrico fosse reduzido. “Sabendo nós que o sabor final do pão depende da cultura, do tipo de cozedura e principalmente do processo de fabrico (com e sem fermentação), foi adicionado o chamado melhorante”, explica José Manuel Marques. Ou seja, um aditivo alimentar composto principalmente por ácido ascórbico, que permite dar o sabor final agradável reduzindo o tempo de cozedura. Só fica a faltar o aroma deixado pelo pão cozido em fornos a lenha. Sabores de antigamente que alguns locais teimam em preservar.
Antigamente este pão era feito nos fornos comunitários e era consumido durante cerca de duas semanas. Havia um forneiro que aquecia o forno, tratava da lenha, deitava o pão e cuidava dele durante a cozedura. O forneiro ficava com um pão como pagamento pelo seu trabalho ("poia" era o nome deste pagamento). Por dia coziam várias pessoas e cada uma marcava a sua vez junto do forneiro.
Em Castro Laboreiro, os fornos comunitários eram utilizados pelos habitantes da localidade com o objectivo de cozer (na maioria dos casos) a massa da broa que tinham acabado de fazer. Eles tinham a preocupação de fazer grandes quantidades de broa para evitar tirar a vez aos restantes habitantes. O material utilizado na sua construção era a pedra, mas ao longo dos anos o seu estado de conservação foi-se degradando. Nos dias de hoje, poucos são os fornos utilizados com esta finalidade.
Os fornos são aquecidos a lenha para cozerem broa de milho, assarem carnes etc.
Estes fornos são feitos com abóbada de pedra dura e rija, como eram feitos para todos eram grandes, pois coziam de cada vez 5 a 6 alqueires de milho, de trigo ou centeio e faziam bolos - pães leves. Como tinham espaço juntavam-se 3 a 4 chefes de casa que se combinavam para cozer aquilo que queriam.
Em certas zonas, na segunda-feira, a primeira que ia ao forno juntava uns ramos e punha uma pedra em cima, ao qual davam o nome de ninho e dizia às vizinhas que era ela que mandava até que três colegas se juntavam, combinavam então a hora de porem a massa a fermentar ou levedar. Neste intervalo, punham a lenha a arder, quando viam que o forno estava quente iam buscar a maceira de massa, limpavam as brasas do forno. Depois cada uma baqueava a sua massa e colocavam o pão dentro do forno, no qual era antes posto um sinal, uma era uma poça, outra um belisco, outra uma cruz e outra ficava lisa sem sinal, assim ao tirar o pão cozido do forno sabiam pelo sinal qual era o seu pão.
Fonte:Câmara Municipal de Mirandela
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