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Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço.
A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)
(Henrique Martins)
COLABORADORES LITERÁRIOS
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.
quinta-feira, 10 de março de 2016
Páscoa - Chocalhadas, Queima do Judas e muito folar
De norte a sul do país percorremos os trilhos da Páscoa. Tradições ainda vivas que, em certos casos, para além da dimensão religiosa, apresentam uma vertente pagã. Há chocalhada, queimas do judas, procissões floridas, Via Sacra, retirando o Cristo do altar apenas com lenços. Uma Páscoa que também se faz à mesa, com o sarapatel, o borrego, o folar.
Constância e Sardoal - Páscoa com bênção de barcos e tapetes de flores
No Sardoal, distrito de Santarém, na véspera da Páscoa, os campos enchem-se de gente que procuram flores da época, como giestas e lilases, para cumprirem uma tradição da terra: fazer tapetes de flores nas capelas e Igrejas.
O costume junta a população porque depois do passeio pelos campos, reúnem-se para a debulha, ou seja, desmanchar as flores separando as pétalas do seu pé. Na quinta-feira Santa, pela manhã, as Igrejas já têm os seus tapetes de flores concluídos.
À noite as luzes apagam-se para dar lugar a uma procissão iluminada apenas por velas, archotes e candeias. Faz-se assim a Procissão do Senhor da Misericórdia ou Procissão dos Fogaréus.
No concelho vizinho de Constância, há ruas floridas e bênção de embarcações. Em Constância encontram-se dois rios, o Zêzere e o Tejo. No Tejo navegavam barcos de grande porte que ligavam Lisboa às zonas mais interiores do país. Pela Páscoa, ancoravam as suas embarcações em Constância, na zona de confluência dos dois rios, e aguardavam a bênção de Nossa Senhora da Boa Viagem.
A tradição ainda hoje se cumpre. Pelas 15h30 de segunda-feira de Páscoa, na Igreja Matriz tem lugar uma missa solene, seguida da Procissão da Nossa Senhora da Boa Viagem. O cortejo religioso parte da Igreja, localizada no topo da vila, até à confluência dos rios Tejo e Zêzere onde se encontram as embarcações de concelhos vizinhos, decoradas com bandeirinhas coloridas e flores, a aguardar pela bênção.
Páscoa em Idanha-a-Nova - Celebrações do povo quase «excluem» o padre
A Páscoa em Idanha-a-Nova vive-se de um modo diferente nas 17 freguesias. As tradições religiosas passam por retirar Cristo da cruz envolto em panos, sem ser tocado por mãos humanas. No sábado de Aleluia, a população percorre as ruas com apitos e o padre lança saquinhos com amêndoas. Estas são celebrações pascais do concelho de Idanha-a-Nova empreendidas sobretudo pela população, com pouca intervenção do pároco.
No Livro «Mistérios da Semana Santa em Idanha», o historiador António Catana descreve muitas das tradições deste concelho beirão. O autor descreve que em Monsanto, os ramos bentos são levados para casa e colocados numa jarra com flores secas. Acredita-se que os ramos bentos afoguentam as trovoadas. O ramo é guardado mesmo depois de secar e queimado após trazer um novo ramo bento no Domingo de Ramos do ano seguinte.
Nas localidades de Segura e Alcafozes, o lajedo da Igreja da Misericórdia é coberto com alecrim. Este é colhido na véspera. O acto de ir ao alecrim vem permitindo que estreitem laços de vizinhança, de sociabilidade e de fraternal convívio, durante o itinerário, enquanto o cortam e ao comerem, no final, uma bucha (merenda), que cada um levou de casa», lê-se no mesmo livro, editado pela Progestur - Associação para a promoção, gestão e desenvolvimento do turismo cultural português.
Na Sexta-feira Santa, em várias localidades realiza-se a Via-Sacra. Neste dia é novamente em Monsanto que uma tradição chama a atenção pela sua singularidade: A imagem de Cristo é retirada da cruz sem o toque de mãos humanas. Desce envolto em lençóis.
À semelhança do que acontece em Castelo de Vide, também nesta região no Sábado de Aleluia, quando o padre diz «Aleluia» na missa, a população manifesta-se com apitos. Antigamente eram chocalhos.
A estas tradições juntam-se os sabores da mesa. Na mesa do jantar não faltará o peixe frito, acompanhado do esparregado de ervas azedas: folhas largas de urtiga, de fava, de saramagos, de selgas, de labaças, de borragem, de leitugas, de nabos e de diabelhas.
Alentejo: Em Castelo de Vide chocalhos celebram alegria
Das procissões à gastronomia, as gentes de Castelo de Vide envolvem-se nas celebrações da Páscoa de forma intensa. A bênção dos borregos, as procissões, a chocalhada são algumas das peculiaridades desta Páscoa norte alentejana.
As festividades da Sexta-Feira Santa são marcadas pelo toque da sereia da Câmara Municipal de Castelo de Vide, às 16h30, assinalando a hora da morte de Cristo. O toque convida ao recolhimento até à procissão do enterro. Terminada esta religiosidade, «a vila enche-se de festa», escreve Susana Machado, no âmbito da dissertação de mestrado em Turismo pela Universidade de Évora.
O sábado de Aleluia começa agitado frente à Matriz. Os pastores aguardam que os rebanhos sejam benzidos para depois os venderem, anunciando tradições gastronómicas, com origens no judaísmo. A Aleluia é comemorada à noite, pelas 23h00, num ritual pagão que coloca na rua novos e velhos a festejar a alegria com chocalhos, guizos e sinos. «Hoje em dia não são apenas os mais novos que estão apetrechados com chocalhos, mas gente de todas as idades e de toda a parte do país e até mesmo do estrangeiro. Após o aparecimento da Aleluia, todos seguem com os seus chocalhos, a Banda União Artística pelas ruas de Castelo de Vide», explica Susana Machado.
A Ressurreição de Cristo, no Domingo, é marcada pela Festa das Flores, que resulta de um protocolo, com mais de 400 anos, entre a Câmara Municipal e a Paróquia. Neste dia mestres de ofícios, entidades e associações locais, incluindo a Câmara partem da Matriz numa procissão, onde o mais jovem dos vereadores quem transporta o estandarte do Município.
Páscoa gastronómica
Nesta altura o borrego já foi morto e preparado de acordo com receitas que nasceram das mãos das senhoras mais idosas da família. Pratos como sarapatel e ensopado servem-se no Domingo, seguindo-se os bolos da festa: queijadas e folares. Estes assumem formas de lagartos decorados com amêndoas brancas e com um ovo cozido na boca. «Faz parte da tradição nesta altura festiva os padrinhos oferecerem aos afilhados as «amêndoas», ou seja, oferecem um folar», refere a investigadora. Quanto ao borrego, tudo é aproveitado. A pele é vendida a negociantes de curtumes, enquanto o sangue serve para fazer o sarapatel, um prato confeccionado com as vísceras do animal e sangue cozido. Susana Machado refere que estas tradições podem ter origens judaicas, segundo descrições de costumes semelhantes no Livro do Exôdo (12, 1-13).
Algarve: São Brás de Alportel com procissão sem Santos
Na vila algarvia de São Brás de Alportel, o Domingo de Páscoa assinala-se com a Festa das Tochas Floridas. A procissão, sem santos, leva à rua flores, às varandas colchas e nas mãos dos homens tochas. Uma feira de doçaria tradicional decorre todo o dia para adoçar a boca dos que nestes dias por ali assistem às tradições de um Portugal profundo.
«Ressuscitou como disse! Aleluia! Aleluia! Aleluia». Com este grito de alegria saem às ruas de São Brás de Alportel centenas de pessoas que empunham tochas floridas para comemorar a Ressurreição de Cristo, no domingo de Páscoa. O percurso da procissão está pintado com flores, que decoram as ruas numa extensão de um quilómetro. No total são usadas três toneladas de flores como alecrim, rosmaninho, alfazema e flores campestres. As colchas brancas e vermelhas estendem-se nas varandas para ver a procissão passar.
As normas litúrgicas dizem que esta procissão «será feita logo de manhã antes da Missa ao romper da aurora», para recordar as três Marias que foram ao sepulcro ao nascer do sol e encontraram o túmulo vazio.
No Largo de São Sebastião, logo pela manhã, a feira de produtos tradicionais do sotavento algarvio coloca ao alcance de turistas e habitantes folares, amêndoas tenras de São Brás, doces à base de frutos secos, como figo, amêndoa e alfarroba.
Trás-os-Montes - Aldeias e vilas revivem tradições da Páscoa
A Páscoa em Montalegre é marcada pela queima do Judas. A vila transmontana de Montalegre enche-se de toscos bonecos que são imolados num auto-de-fé popular. A «Queima do Judas» apresenta-se com uma sátira à abstinência quaresmal e serve para castigar o apóstolo que serviu de «bode expiatório dos malefícios da obrigatória frugalidade da Quaresma», explica a autarquia local, em comunicado de imprensa.
O Judas pode ser destruído pelo fogo, pela espada, pelo apedrejamento, pelo afogamento e pelo enterramento. Até as tradicionais bombinhas de Carnaval são permitidas.
A participação está aberta a pessoas agrupadas por bairros, Instituições e Associações do concelho de Montalegre.
Alexandre Parafita, etnógrafo e professor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), explica que «os autos da paixão, as endoenças e as vias-sacras traduzem cenários de luto, de reflexão dolorida, expressos dos tons roxos e negros das celebrações».
Em contrapartida, a «queima do Judas e o enterro do bacalhau representam impulsos eufóricos de catarse e libertação perante os constrangimentos quaresmais».
Alexandre Parafita salienta que a tradição dos «sete passos» mantém-se em Freixo de Espada à Cinta como «caso único no país».
Mais comuns em Trás-os-Montes são, segundo o investigador, os autos da paixão, enquanto representações de teatro popular, que narram os últimos dias de Cristo, desde a traição até à morte e deposição na cruz, e envolvem dezenas de figurantes que representam, por exemplo, Cristo, Judas, Caifaz, Pilatos, Fariseu ou o Diabo.
Algumas aldeias, acrescentou, ainda conservam as 14 cruzes, ou cruzeiros, que representam as 14 estações que a via-sacra cumpre simbolizando o calvário de Cristo a caminho da crucificação.
No concelho de Vinhais, «a vida dos camponeses muda radicalmente a partir de Quinta-Feira Santa».
Segundo Alexandre Parafita, na aldeia de Espinhoso, ao meio-dia toca o sino e as pessoas param por completo de trabalhar mal ouvem soar a primeira badalada e, com excepção dos mínimos afazeres domésticos, ninguém trabalha na aldeia até sábado à mesma hora.
Em Vinhais está também «muito viva» a tradição das endoenças, um ritual que narra «a procura desesperada de Cristo por Nossa Senhora».
Já em Constantim, Vila Real, subsiste a tradição do «enterro do bacalhau», ritual que consiste em escoltar um «bacalhau enorme feito de cartão por militares, o qual, por sua vez, é julgado perante carrascos, juízes e advogados».
O castigo a incidir sobre o bacalhau simboliza a libertação dos constrangimentos da Quaresma, que não permitia o consumo de carne.
Por fim, no Domingo de Páscoa realiza-se o compasso, que se traduz num cortejo presidido pelo pároco que visita as casas dos fiéis dando a cruz a beijar e aspergindo com água benta os compartimentos.
Alexandre Parafita referiu ainda que a tradição gastronómica transmontana neste período incide sobre a confecção dos folares que, após o prolongado jejum da quaresma, aparecem recheados das melhores carnes.
Nos Açores, o Espírito Santo
Os primórdios das festividades do Espírito Santo remontam ao século XIV ou XV, supondo-se uma origem ligada a Isabel de Aragão (conhecida como Rainha Santa Isabel), na vila de Alenquer. A celebração terá sido, depois, levada para os Açores, com os primeiros povoadores e, embora tenham perdido fulgor no continente, mantêm um cunho de grande devoção naquele arquipélago atlântico. O culto do Divino Espírito Santo (com uma vertente pagã e festiva) é um traço que une os vários municípios açorianos.
As festividades demonstram, hoje, o espírito solidário dos açorianos, juntando todos em redor da mesa. Os «bodos» (ofertas em géneros), a pobres, velhos e doentes, tiveram uma grande importância ao longo dos séculos, mas ultimamente, a tradição tem-se formalizado, tendo este tipo de doação caído em desuso.
Os Festejos: Coroações e Impérios
As Coroações resultam essencialmente de promessas individuais e envolvem os Mordomos, pessoas sorteadas aleatoriamente, a quem compete a coordenação da recolha de fundos («visitas») para a festa coordenando, também, a sua realização. São considerados a autoridade suprema da festa. A cerimónia da Coroação envolve ainda os emblemas do Espírito Santo: duas Coroas, três estandartes e um espadim. É no domingo que é realizada a Coroação, que envolve duas crianças, escolhidas tipicamente entre os filhos do Mordomo. Faz-se então um cortejo, integrando-se o Mordomo no fim do mesmo, ao som de uma «folia», que pode ser composta por quatro tocadores/cantadores ou por uma banda filarmónica.
Os Impérios são estruturados em torno de um conjunto de distribuições denominadas «bolos». Têm lugar aos domingos, segunda-feira de Pentecostes e domingo da Trindade. Realizam-se a partir da Capela do espírito Santo, ou Império (onde as Coroas ficam expostas). É ainda feito um arraial, com bandas filarmónicas, arrematações, comida e bebida.
A importante componente alimentar
As Coroações têm também uma componente alimentar importante. É (também) para a preparação de vários alimentos caros e demorados de confeccionar que o Mordomo recebe as «visitas». Existe o «jantar das Coroações», realizado ao almoço, que é uma grande refeição em que se servem «Sopas do Espírito Santo» (carne de bovino e caldo com fatias de pão), carne assada, pão de massa sovada, arroz doce e vinho. Antigamente, durante as Coroações, faziam-se doações às 20 ou 30 casas mais pobres de cada freguesia. No dias de hoje, essas doações estão limitadas à distribuição porta a porta das «Sopas do Espírito Santo», em casas de pessoas doentes ou mais carenciadas.
Folar
Páscoa em português é, à mesa falando, sinónimo de folar. De Norte a Sul do país, sob o mesmo nome, o folar ganha diversas formas e conta diferentes histórias.
Doce, com formas de animais ou redondo, o folar é «pão doce» nas terras do norte e «empenadinhas» na Covilhã. A tradição gastronómica mantém-se de Norte a Sul do país com ligeiras diferenças.
A Norte come-se o folar doce e o folar gordo. Contudo, em algumas localidades como Vila do Conde e na Maia, este símbolo pascal ganha o nome de pão-doce ou mesmo broinhas. Erva-doce, ovos, leite, farinha, manteiga, açúcar e sal são alguns dos ingredientes que dão vida ao folar minhoto. Ainda no Minho, este produto gastronómico é denominado de borrachos, que são fritos que levam ovos, açúcar, pão ralado e canela.
Na região centro a receita apresenta mudanças. Por estas terras, o folar é um bolo de massa seca, doce, ligada com farinha de trigo, ovos, leite, azeite, banha ou pingue, açúcar e fermento, e condimentado com canela e erva-doce. É depois encimado, conforme o seu tamanho, por um ou vários ovos cozidos inteiros e em certos lugares tingidos.No Alto Alentejo os animais são as formas mais utilizadas. Aqui o folar pode ser um borrego, um lagarto, um pintainho e um pombo.
Lenda do Folar
O folar terá nascido de um desgosto de amor. Numa aldeia portuguesa, uma jovem chamada Mariana sonhava com o casamento. Rezava incessantemente a Santa Catarina para que lhe arranjasse pretendente cedo. A Santa respondeu às suas preces e enviou-lhe um fidalgo rico e um lavrador pobre.
Mariana não soube qual escolher e voltou a pedir à Santa que a orientasse para o melhor pretendente. Um dia bate à porta da casa da jovem, Amaro, o lavrador, a pedir uma resposta até ao Domingo de Ramos (o domingo imediatamente antes da Páscoa). O fidalgo resolveu pedir uma decisão, nesse mesmo dia.
Chegado o Domingo de Ramos, uma vizinha foi muito aflita avisar Mariana que o fidalgo e o lavrador se tinham encontrado a caminho da sua casa e que, naquele momento, travavam uma luta de morte. Mariana correu até ao lugar onde os dois se defrontavam e foi então que, depois de pedir ajuda a Santa Catarina, Mariana soltou o nome de Amaro, o lavrador pobre.
As gentes da terra disseram a Mariana que o fidalgo pretendia aparecer no dia do casamento para matar Amaro. Nas vésperas do Domingo de Páscoa, Mariana andava atormentada com esta possibilidade e resolveu recorrer às preces, colocando um ramo de flores junto de Santa Catarina.
Quando voltou para casa o ramo de flores estava em cima da mesa, junto a um bolo com ovos inteiros. Surpreendida, Mariana correu para casa de Amaro. Cruzaram-se no caminho e, também ele, tinha recebido o mesmo bolo rodeado de flores. Pensando ser uma acção do fidalgo, digiram-se a sua casa. Contudo o cenário repetiu-se. Lá estava o bolo e as flores.
Inicialmente chamado de «folore», o bolo veio, com o tempo, a ficar conhecido como folar e tornou-se numa tradição que celebra a amizade e a reconciliação. Durante as festividades cristãs da Páscoa, o afilhado costuma levar, no Domingo de Ramos, um ramo de violetas à madrinha de baptismo e esta, no Domingo de Páscoa, oferece-lhe em retribuição um folar.
Matosinhos - As limpezas fazem parte da espera da Páscoa no Norte
Diz-se entre a comunidade mais idosa em Matosinhos que «Na Semana de Ramos, lava os teus panos. Na Semana da Paixão, lavarás ou não». É um ditado que explana o ritual da limpeza geral das casas por altura da Páscoa. Desde os vidros, persianas, chaminés cortinas e tapetes. Tudo é bem limpo durante a semana santa para receber o Compasso no Domingo de Páscoa. À porta de casa coloca-se flores ou ervas, como sinal positivo para receber a visita pascal.
Aquando da chegada do crucifixo, está a mesa posta com o típico pão-de-ló, bola de carne, folar (com um ovo no interior) vinho do Porto, licor, fruta entre outras iguarias para dar de comer a quem acompanha a cruz de Cristo. Na mesa pode estar, também, um copo de água para ser benzido pelo padre e o envelope do dinheiro destinado à paróquia. Enquanto o compasso petisca as iguarias pascais a cruz é depositada numa almofada bordada para o efeito, hábito registado em apenas algumas casas.
Tourém faz a Serração da Velha
Um costume muito popular na zona de Trás-os-Montes, a Serração da Velha, por alturas da Quaresma (período de quarenta dias que antecede a Páscoa), é tradição que, ao que indica, vem dos antigos rituais de Primavera.
A morte da velha simboliza o final do Inverno (velho) e o surgimento da Primavera (novo). Tourém, Concelho de Montalegre, é uma das poucas povoações que mantém esta tradição.
Há duas variações deste ritual. Uma é a do grupo de rapazes que leva chocalhos de vacas e que faz uma grande algazarra à frente da casa das mulheres mais velhas da localidade, até que lhes seja dado uma velha de palha. Depois enfiam-na em paus e vão queimá-la fora da aldeia.
Outra variação, como a do grupo de foliões que serram uma tábua, fingindo ser uma velha que, aos berros, pede para não lhe infligirem o sacrifício. O povo acompanha a encenação com gritos de «Serra a velha, serra a velha!».
Coimbra enterra o Bacalhau
O Enterro do Bacalhau simboliza o fim da abstinência da carne, tradição ainda cumprida no Alentejo, no distrito de Coimbra, em Sever do Vouga e Figueira da Foz.
Esta comemoração pascal é pagã no sentido em que não é uma tradição com fundo bíblico. O «bacalhau», depois de ser julgado e condenado, é levado por um trajecto predefinido até ao sítio do enterro. Após a cerimónia fúnebre é lido o testamento, onde são proferidas piadas e comentários jocosos sobre os habitantes da localidade.
Café Portugal; foto - Hélder Ferreira
in:cafeportugal.net
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