Depois do acidente que causou a morte a 12 passageiros portugueses com um camião em Allier, França, na passada quinta-feira, sucedem-se as dúvidas em relação às condições em que é feito este tipo de transporte.
Dezenas de empresas de transportes internacionais atravessam diariamente o nordeste transmontano com destino a vários países europeus, principalmente França e Suíça, efectuando também a viagem a partir desses países para Portugal.
Os operadores destas carreiras denunciam algumas das ilegalidades com que se deparam no dia-a-dia, pedem mais fiscalização mas, ao mesmo tempo, temem que “pague o justo pelo pecador”.
Cândido Areias tem uma empresa de transportes internacionais há 30 anos, com sede em Chaves. Passa frequentemente na estrada onde ocorreu o acidente, uma vez que transporta passageiros um pouco por toda a França.
Quando soube da notícia do acidente que vitimou os emigrantes portugueses, estava a apenas 150 quilómetros do local. Afirma que percorrer esta estrada não é fácil e que não é ao acaso que é conhecida como “a estrada da morte”.
Além das questões relacionadas com a classificação de minibus e carrinhas e a respectiva segurança dos passageiros, há outras situações relacionadas com as condições deste tipo de transporte que preocupam Cândido Areias. “Mas há outras questões relacionadas com as condições deste tipo de transporte que preocupam Cândido Areias. “Anda aí muita gente ilegal, talvez 95 por cento. Há gente que está a trabalhar sem seguros de passageiro, têm apenas seguro da viatura. As pessoas que viajam nem sabem e preferem pagar menos, mas deviam saber em que condições estão a viajar”, afirmou.
Apesar de pedir mais fiscalização, o empresário teme que o controlo apertado possa prejudicar empresas legalizadas.”Vai pagar o justo pelo pecador. Vai haver muito controlo, a partir de agora. Há gente que está a trabalhar legalmente mas que vai ser penalizada”, considera.
Já Bruno Martins, gerente de uma agência de viagens e turismo em Vinhais que também vende bilhetes para empresas que efectuam este tipo de transporte, considera que “as normas em relação a essas viagens, muitas vezes não estão a ser cumpridas”. Aparentemente, a carrinha envolvido no acidente não estaria habilitada para transportar os 13 passageiros mas apenas seis.
Já o condutor, um jovem de 19 anos, pode conduzir uma carrinha de seis lugares. Mas quando ultrapassa os nove lugares é obrigatório ter mais de 21 anos e uma formação específica além da carta de condução.Com mais de nove passageiros, é também obrigatório ter um tacógrafo e dois condutores.
O incumprimento da legislação aplicável ao transporte dos passageiros de autocarros e miniautocarros de longo curso está a preocupar alguns empresários do sector, que pedem mais fiscalização.
Escrito por Brigantia
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