Segundo o Nordeste desfraldaram-se estatísticas a sufragarem as garantias das autoridades, todos conhecemos a historieta do copo de água meio cheio e meio vazio, mutatis mutandis dos dois frangos deglutidos por um rapaz cheio de apetite na companhia de outro rapazão. A estatística informa a percentagem per capita ser a de um frango por cabeça.
Não vou tecer considerações acerca do conceito de segurança e os seus diversos patamares, não possuo os conhecimentos do Engenheiro Ângelo Correia o qual recentemente defendeu brilhantemente a sua tese de doutoramento sobre o tema, muito menos de Severiano Teixeira ilustre professor da matéria, da sociedade civil saliento os dois, da militar, felizmente, nos três ramos das Forças Armadas existem distintos e notáveis oficiais sumidades na matéria, os bragançanos distinguem-se pelo menos desde o tempo de General João de Deus Pinheiro. O «meu João» dizia orgulhoso o sogro, o tarimbeiro Capitão Ferreira.
Não teço teorias no que tange à doutrina em causa, limito-me a comentar as palavras lidas no Nordeste, especialmente as infelizes e deploráveis (na minha opinião) proferidas pelo Sr. Amândio Correia, comandante da PSP do burgo brigantino. O Senhor brune os assaltos como não sendo um problema de segurança, realmente as instituições não estão ameaçadas, não existem nichos territoriais onde nem de dia as pessoas se atrevem a percorrer ou bairros onde a polícia não entra. No geral é segura, no particular existem pontos focais a causarem apreensão a cidadãos de todos os quilates. Mas o Comandante da polícia atreve-se a dizer: ”Se eu fosse assaltado, se eu fosse vítima de roubo, se eu tivesse um estabelecimento e chegasse lá e visse a porta arrombada ficava chateado, como é evidente, compreendo a situação das pessoas que são vítimas de crime mas isso, em termos pessoais, em termos de segurança não constitui um problema.”
Estas afirmações são lapidares, por um lado são a prova provada da existência de razões de temor e tremor por parte dos indefesos, por outro a noção sobranceira de segurança geral, quando a PSP é organismo de segurança pública. Indefiro a vontade de trazer a terreiro luz acerca da etimologia da palavra pública; rejeito o desejo de estabelecer a sua ligação com o povo, atenho-me a defender o conceito de a PSP ter como primacial função proteger e auxiliar as populações no geral e cada indivíduo em particular.
O sacudir as mágoas dos afectados no balde dos chateados porque os números dizem ter diminuído a criminalidade apenas indicia o sabido em termos gerais, grande número de assaltados ou objecto de danos nas suas propriedades móveis e imóveis não se queixam, porque fazer a queixa é uma maçada, e…não vale a pena. Testemunhos do atrás afirmado não faltam.
O engordar a convicção do «não valer a pena» aumenta o receio a levar ao afoitamento da defesa própria, do salve-se quem puder, do desânimo da vítima ao sentir no âmago a inutilidade da queixa. Por assim ser, de vez em quando, fala-se na lei de Lynch, alguns fazem justiça (?) pelas próprias mãos. Há dias um homem de setenta anos objecto de assalto à sua casa e agressão à mulher ferrou um tiro de caçadeira no larápio. Matou-o. Muitos aplaudiram a desenvoltura do mancebo septuagenário.
O Senhor Amândio Correia está seguro, logo não se chateia, assim continue quando passar ao estado de reserva e reforma. Os outros vão-se chateando e pagando impostos. O crescendo da idade avançada leva a os contribuintes terem como especiais preocupações a segurança e assistência sanitária. É elementar!
PS. A passividade, o relaxamento e burocracia contribuíram para a tragédia de Bruxelas.
Armando Fernandes
in:jornalnordeste.com
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