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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 29 de março de 2016

CHATEADOS E INSEGUROS

Este jornal noticiou o temor das pessoas ante o crescendo de assaltos na cidade de Bragança. Cumpriu o seu dever. Na sequência reuniu o Conselho Municipal de Segurança, o qual concluiu (como se esperava) ser Bragança “segura”, as aspas significam o no seu todo a velha urbe não estar ameaçada por gangs, quadrilhas de carteiristas, desalmados faquistas, estripadores nos dias de nevoeiro, além de fantasmas à meia-noite porque a iluminação eléctrica os ter dissipado.
No entanto, no miolo e periferia da cidade as pessoas idosas e mais débeis, os proprietários de lojas sofrem no espírito, na carne e na propriedade os efeitos do talento dos amigos do alheio. Os jornais não inventam, os relatos dos prejudicados escoram-se nos prejuízos recebidos.
Segundo o Nordeste desfraldaram-se estatísticas a sufragarem as garantias das autoridades, todos conhecemos a historieta do copo de água meio cheio e meio vazio, mutatis mutandis dos dois frangos deglutidos por um rapaz cheio de apetite na companhia de outro rapazão. A estatística informa a percentagem per capita ser a de um frango por cabeça.
Não vou tecer considerações acerca do conceito de segurança e os seus diversos patamares, não possuo os conhecimentos do Engenheiro Ângelo Correia o qual recentemente defendeu brilhantemente a sua tese de doutoramento sobre o tema, muito menos de Severiano Teixeira ilustre professor da matéria, da sociedade civil saliento os dois, da militar, felizmente, nos três ramos das Forças Armadas existem distintos e notáveis oficiais sumidades na matéria, os bragançanos distinguem-se pelo menos desde o tempo de General João de Deus Pinheiro. O «meu João» dizia orgulhoso o sogro, o tarimbeiro Capitão Ferreira.
Não teço teorias no que tange à doutrina em causa, limito-me a comentar as palavras lidas no Nordeste, especialmente as infelizes e deploráveis (na minha opinião) proferidas pelo Sr. Amândio Correia, comandante da PSP do burgo brigantino. O Senhor brune os assaltos como não sendo um problema de segurança, realmente as instituições não estão ameaçadas, não existem nichos territoriais onde nem de dia as pessoas se atrevem a percorrer ou bairros onde a polícia não entra. No geral é segura, no particular existem pontos focais a causarem apreensão a cidadãos de todos os quilates. Mas o Comandante da polícia atreve-se a dizer: ”Se eu fosse assaltado, se eu fosse vítima de roubo, se eu tivesse um estabelecimento e chegasse lá e visse a porta arrombada ficava chateado, como é evidente, compreendo a situação das pessoas que são vítimas de crime mas isso, em termos pessoais, em termos de segurança não constitui um problema.”
Estas afirmações são lapidares, por um lado são a prova provada da existência de razões de temor e tremor por parte dos indefesos, por outro a noção sobranceira de segurança geral, quando a PSP é organismo de segurança pública. Indefiro a vontade de trazer a terreiro luz acerca da etimologia da palavra pública; rejeito o desejo de estabelecer a sua ligação com o povo, atenho-me a defender o conceito de a PSP ter como primacial função proteger e auxiliar as populações no geral e cada indivíduo em particular.
O sacudir as mágoas dos afectados no balde dos chateados porque os números dizem ter diminuído a criminalidade apenas indicia o sabido em termos gerais, grande número de assaltados ou objecto de danos nas suas propriedades móveis e imóveis não se queixam, porque fazer a queixa é uma maçada, e…não vale a pena. Testemunhos do atrás afirmado não faltam.
O engordar a convicção do «não valer a pena» aumenta o receio a levar ao afoitamento da defesa própria, do salve-se quem puder, do desânimo da vítima ao sentir no âmago a inutilidade da queixa. Por assim ser, de vez em quando, fala-se na lei de Lynch, alguns fazem justiça (?) pelas próprias mãos. Há dias um homem de setenta anos objecto de assalto à sua casa e agressão à mulher ferrou um tiro de caçadeira no larápio. Matou-o. Muitos aplaudiram a desenvoltura do mancebo septuagenário.
O Senhor Amândio Correia está seguro, logo não se chateia, assim continue quando passar ao estado de reserva e reforma. Os outros vão-se chateando e pagando impostos. O crescendo da idade avançada leva a os contribuintes terem como especiais preocupações a segurança e assistência sanitária. É elementar!

PS. A passividade, o relaxamento e burocracia contribuíram para a tragédia de Bruxelas.

Armando Fernandes
in:jornalnordeste.com

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