Na aldeia de Picote no concelho de Miranda do Douro decorre o 1º Encontro Internacional de Investigadores da língua Mirandesa.
Reconhecida em 1999 como a segunda língua oficial de Portugal, o mirandês tem vindo a ganhar uma importância assinalável no país e além-fronteiras.
O jornalista Afonso de Sousa foi conhecer os objetivos deste encontro
Foi nesse ano que o então deputado Júlio Meirinhos levou ao parlamento o projeto que viria a ser lei e que confere ao mirandês o estatuto de segunda língua oficial portuguesa. O próprio é um dos oradores do encontro. "Aquilo que o sábio Leite de Vasconcelos, em 1891 já clamava uma lei. Só foi possível nessa altura e coincidiu com um falante em mirandês, primeiro cidadão a falar mirandês na assembleia da república e um trabalho de nove meses que gerou uma lei parida por unanimidade. É essa história que nós vamos contar, as peripécias, os bastidores para se aperceberem das grandes dificuldades, do grande património que é a lei e o instrumento importante para o futuro".
Júlio Meirinhos acrescenta que hoje há cada vez mais pessoas que têm "proa" em falar e escrever o mirandês. "No planalto (mirandês) e no mundo, porque se continua a falar no mundo inteiro, na emigração, há à volta de 15 a 20 mil. Hoje há um "proa", um gosto em falar mirandês e eu falo, em Lisboa, e escrevo nos e-mails e nas mensagens".
Outro dos oradores será António Bárbolo, investigador da língua e vice-presidente da Associação "FRAUGA", que organiza o encontro. Acrescenta que ele vai servir para refletir sobre todo o interesse internacional, principalmente ao nível da escrita, que o mirandês está a ter.
Em Picote estão investigadores franceses, alemães, espanhóis, e "um polaco que fez a tese de doutoramento sobre o mirandês, o que é uma coisa curiosíssima. É justamente este espaço de partilha que nós queremos ter aqui. Penso que os investigadores e o público tem essa curiosidade em perceber como é que o mirandês é visto lá fora porque, muitas vezes, esse olhar distante é muito mais interessante e muito mais saudável do que o olhar daqueles que estamos "dentro", nesta caso, da língua e da cultura".
Esta terça e quarta-feira são dias de reflexão sobre o mirandês que cada vez mais se está a tornar uma lhéngua de proa para quem a escreve e para quem a fala e onde especialistas nacionais e estrangeiros vão olhar a história do mirandês falado e escrito e perceber o presente e futuro da lhéngua.
Afonso de Sousa
TSF
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