D. José Cordeiro apelou esta quinta-feira de manhã, na missa crismal que se celebra na catedral, os sacerdotes a “sujar as mãos, servindo”.
“As nossas mãos foram ungidas com o azeite perfumado, o bálsamo da unção espiritual, para a missão da alegria no serviço do Evangelho da Esperança. Contudo, a unção não significa que sejam intocáveis, são mesmo o contrário, é para as ‘sujar’, servindo. Temos mesmo de as sujar para servir. Àqueles que não querem sujar as mãos na realidade do mundo e da Igreja, avisava Charles Péguy «acabam rapidamente por ficar sem mãos». Por isso, demos as mãos e «mãos à obra»! A mão está ligada ao braço e ao corpo todo. Que as obras boas da misericórdia praticadas por nós signifiquem um novo dinamismo pastoral, porque as mãos ungidas são para o serviço e não para o poder.
Aprendi que a concha ou vieira, característica do peregrino de Santiago de Compostela, simboliza a mão, sinal do amor cristão e do serviço de fraternidade. As mãos do peregrino servem os outros peregrinos nas obras de misericórdia e na caridade, curando as feridas, tomando a iniciativa e criando a proximidade. As mãos do peregrino são páscoa cristã da indiferença à compaixão.
As mãos do sacerdote santificam e oferecem a Deus e aos irmãos o perfume da unção espiritual. O grande teólogo, o Padre Romano Guardini escreveu: «bela e grande é a linguagem da mão! Dela diz a Igreja que no-la deu Deus para “nela trazermos a alma”». Na unção das mãos, o bispo diz aos Presbíteros: «O Senhor Jesus Cristo, a Quem o Pai ungiu pelo Espírito Santo e seu poder, te guarde para santificares o povo cristão e ofereceres a Deus o sacrifício».
Seguir Jesus Cristo é, para toda a Igreja, consequência da vocação à santidade de vida nascida do Baptismo. O serviço da pastoral da bondade, da santidade e da comunhão com o Bispo, com os outros Presbiteros no Presbitério diocesano, com os Diáconos, com os Fiéis Leigos, com as Pessoas consagradas é um imperativo que nasce na celebração da Ordenação, é, pois, essencial, enquanto radica no próprio sacramento. A amizade fraterna e comunhão sincera na corresponsabilidade é mais importante que trabalhar sozinho”, disse o bispo diocesano, que deixou um pedido. “Precisamos de agir em união e na paz, como pedimos ao Senhor Jesus Cristo, todos os dias na Eucaristia: «Não olheis aos nossos pecados, mas à fé da vossa Igreja e dai-lhe a união e a paz, segundo a Vossa Vontade»”, frisou D. José Cordeiro, na sua homilia.
Nesta celebração estão presentes quase todos os sacerdotes da diocese, que renovam os seus votos, num ano em que o próprio bispo assinala 25 anos da ordenação como sacerdote, juntamente com o diretor do Mensageiro, Pe. José Carlos Martins. Procede-se, também, à bênção dos óleos sagrados que, durante o ano, serão utilizados nos crismas e demais cerimónias.
D. José Cordeiro ofereceu, ainda, a cada Presbítero e a cada Diácono uma edição de bolso do Pontifical Romano da ordenação do Bispo, dos Presbíteros e dos Diáconos, para que “voltem aos ritos e às orações que os geraram, pela imposição das mãos, para o mistério e o ministério e se deixem renovar no dom de sermos peregrinos com mãos santas e misericordiosas”. “A todos e a cada um, especialmente aos Presbíteros: sede santos, sede misericordiosos, como o Pai é santo e misericordioso!”, concluiu.
Também na Santa Sé, o Papa Francisco pediu aos sacerdotes que sejam motores de "encontro" e de "perdão", num ato de contrição que seja capaz de "envergonhar com dignidade".
"A nossa resposta ao perdão superabundante do Senhor deveria consistir em manter-nos sempre naquela saudável tensão entre uma vergonha dignificante e uma dignidade que sabe envergonhar-se: atitude de quem procura, por si mesmo, humilhar-se e abaixar-se, mas é capaz de aceitar que o Senhor o eleve para benefício da missão, sem se comprazer", afirmou esta manhã durante a Missa Crismal a que preside na Basílica do Vaticano.
in:mdb.pt
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